03 de julho, 2022
"O Senhor não quer uma Igreja centrada em si mesma, ocupada em discussões estéreis e inúteis"Na homilia deste domingo, o cardeal D. António Marto exortou os peregrinos a dar testemunho da fé com alegria e em comunhão fraterna e a saírem da zona de conforto.
Na homilia da Missa deste XIV Domingo do tempo comum, o cardeal D. António Marto exortou os peregrinos presentes no Recinto de Oração do Santuário de Fátima a saírem da sua zona de conforto para anunciar o Evangelho com alegria e em comunhão fraterna, levando a paz ao mundo. A partir do Evangelho deste Domingo, que relata o envio dos discípulos em missão por Jesus, bispo emérito de Leiria-Fátima apresentou uma leitura hermenêutica do desafio que o Senhor fez e continua a fazer aos seus seguidores. "Estas palavras do Evangelho são dirigidas a nós, hoje. Todos nós somos chamados e enviados para testemunhar a nossa fé, na vida do dia-a-dia. Toda a Igreja é chamada a sair para levar a todos a alegria do Evangelho, com o perfume da misericórdia de Deus e o lume precioso da Sua paz", disse o presidente da celebração, apresentando indicações precisas deixadas por Jesus no Evangelho. "'Ide...' O Senhor quer uma Igreja em saída da sua zona de conforto. Uma Igreja que não está centrada em si mesma, fechada no seu recinto, ocupada muitas vezes por discussões estéreis e inúteis, como se a Missa há de ser em latim ou em português ou se a comunhão há de ser recebida na mão ou na boca, como se não houvesse problemas mais importantes... Uma Igreja em saída é capaz de ir além das suas fronteiras, ao encontro das periferias e dos lugares onde há mais sofrimento e pobreza material ou espiritual. Ir, ao estilo de Jesus, fazendo-se próximo", disse o sacerdote, sublinhando a importância da coragem para enfrentar os problemas e a necessidade de "sentir as ânsias e esperanças da humanidade". Do envio que Jesus faz dos discípulos dois a dois, o cardeal D. António Marto deduziu a comunhão fraterna como aspeto essencial da missão. Alertando para a distância gerada pelas redes sociais e a maledicência presente nas comunidades e nas famílias, o presidente da celebração apresentou a fraternidade como atitude ideal. "A fraternidade não se vende nem se compra, vem do coração, de Deus." Do convite que Jesus faz aos discípulos para não levarem bolsa, nem sandálias nem alforge, o sacerdote apresentou a importância da humildade, do desprendimento e da liberdade. "Cada um de nós se deve perguntar se Deus me convida para este entusiasmo da missão. Uma Igreja missionário é uma Igreja que promove o cuidado recíproco, a proximidade através da nossa palavra de conforto e consolação, da nossa presença e companhia, dos nossos gestos concretos de partilha, serviço e apoio, que se deixa animar pela paixão do anúncio do Evangelho." Da alegria com que os discípulos regressaram no anúncio da Boa Nova, o cardeal D. António Marto apresentou a alegria como aspeto fulcral para a vida cristã. "O anúncio do Evangelho deve ser feito com alegria e não com tristeza e amargura! Dai testemunho da alegria do Evangelho", exortou, concluindo a reflexão com o foco sobre a paz que o Evangelho deve levar a cada casa. "A missão que Jesus nos confia não é uma máquina nem o proselitismo de quem anda a recrutar adeptos para um clube religioso... É este testemunho convicto e alegre da nossa fé, que dá alegria e sentido à nossa vida. Tudo isto Nossa Senhora o trouxe a Fátima como missionária", concluiu. A participar na celebração esteve a Família Espiritana, que este fim-de-semana cumpre a sua peregrinação anual a Fátima, sob lema “Um nós cada vez maior”. Presentes também estiverem grupos organizados de peregrinos do território nacional: Gavião, Vila Nova de Famalicão; paróquia Alfena; um grupo de jovens da paróquia Gafanha da Nazaré; e grupos estrangeiros oriundos: de Espanha; França; Irlanda, Reino Unido; Polónia; Hungria; Roménia; Croácia; Coreia do Sul; Estados Unidos da América, Vietname e Gabão. |