13 de agosto, 2020

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“O Santuário é um dom que Deus nos concede”, diz bispo auxiliar do Porto

 

A oração e a conversão são etapas de um caminho que nos conduz a Deus e nos ensina que nunca estamos sós, diz em entrevista à Voz da Fátima D. Vitorino Soares, 66 anos, natural do Porto, bispo auxiliar há um ano. Como presbítero da diocese do Porto, D. Vitorino Soares trabalhou no Seminário do Bom Pastor, entre 1984 e 1987, e no Seminário Maior, entre 1989 e 1994.

Capelão militar de 1987 a 1989, dedicou 10 anos do seu trabalho pastoral aos jovens, tendo sido diretor do Secretariado Diocesano da Juventude entre 1989 1999.

 

É a primeira peregrinação que o Senhor fez a Fátima como bispo. Disse-o por duas vezes. Qual é a sua primeira memória de Fátima?

A minha história vem da família. Vim pela primeira vez com 6 ou 7 anos. Demorávamos quase um dia para aqui chegar; a primeira memória é a da família. A imagem que tenho de Fátima foi entrar num mundo que era o mundo de Deus. Este não era um mundo humano. Era como entrar num espaço de culto não fechado, mas onde Deus imperava.

 

Isso deixou marcas na vocação?

A vocação é assinalada por pequenas marcas que vão constituindo um puzzle que se vai juntando e construindo e que acaba por se tornar numa realidade que continua a ser ainda um sonho que se vai alimentando e que chega a um dado momento e se transforma em realidade. Fátima é, por isso, uma pequena marca deste encontro com o transcendente e com Deus e sempre mediada pela família, particularmente a minha mãe.

 

Nas suas homilias evocou a pandemia, várias vezes, e referiu também a importância de podermos celebrar presencialmente. Se, por um lado, isso foi sentido por muitas pessoas, quando tudo fazia antever um regresso em pleno, surge o medo e, de facto, continuamos a ter igrejas vazias. O pedido de Nossa Senhora por mais oração faz ainda mais sentido?

Sim faz, claro. É curioso porque esta pandemia veio pôr a nu o que há muito vínhamos intuindo: uma perda do sentido de comunidade que nos exige, agora, novas formas de pastoral. É um desafio para uma renovação pastoral que parta da escuta do espírito de Deus, mas, talvez, uma descoberta mais partilhada que terá de ser feita pelos cristãos na sua diversidade. Quem sabe possamos despertar para uma Igreja mais sinodal.

 

Como é que no meio de tantas tribulações, na tal Igreja sinodal, podemos explicar onde está Deus e levá-lO aos mais próximos?

Essa é a dificuldade desde sempre. O que não podemos é correr o risco de as dificuldades nos encerrarem em nós mesmos. Deus sofre quando cada um de nós sofre e, neste caso, da situação em que vivemos, Deus está envolvido. Nós não estamos abandonados na saúde e na doença; Deus continua connosco. Isto é a mensagem de Fátima. Diante do pecado e do mal há que ter esperança, porque o amor de Deus é mais forte do que tudo isso. É isto que temos de saber dizer. É isto a mensagem de Fátima.

Nós não sabemos como, mas para quem tem fé confiamos que tudo vai sair bem.

 

Na terceira aparição isso fica claro: o amor é mais forte que tudo...

E é a mensagem de sempre: Nossa Senhora disse-o a três crianças; nós, como pessoas de fé, acreditamos e o nosso mandato é partirmos para a estrada a anunciar isso mesmo.

 

É aí que reside a atualidade da mensagem de Fátima?

O bem vence sempre o mal, não por nosso mérito, mas porque Deus nos ama e está sempre connosco... Naturalmente que nós temos de colaborar. Será que estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para esse bem?

 

Os pastorinhos fizeram-no...

São sempre os mais pequenos, a quem não damos tanta importância, os primeiros a descobrirem isso. Os Pastorinhos conseguiram ver Nossa Senhora e a Deus... confiaram e com esperança ofereceram-se a Deus.

 

Diante de algo que é tão simples e tão belo porque é que nós temos tanta dificuldade em seguir os mandamentos de Deus?

Bem, eu não conheço o que vai dentro do coração de cada um. Mas, tenho a perceção de que o Homem se convenceu de que era dono de si e dos outros e ao querer colocar-se no lugar de Deus anula-O.  Sempre que o Homem se tenta colocar no lugar de Deus, o amor é difícil.

 

Esta crise pode ser uma alavanca para nos recentrar no essencial?

Sim, sem dúvida. Há aqui sinais de Deus. Acho que é um abanão, uma provocação no bom sentido. E acabamos por despertar; afinal, dependemos muito mais uns dos outros e somos muito mais iguais.

 

Qual é o papel de Fátima e do Santuário nessa missão?

O Santuário é um dom que Deus nos concede e, por isso, devem ser criadas as condições para que cada um consiga encontrar aqui o caminho que o conduza até Deus. Por isso, o papel de Fátima é a missão: ser o rosto de uma Igreja missionária aberta a todos e na qual todos sejam tocados e sintam o apelo à permanente conversão.

 

(In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1175, 13 de agosto 2020) 

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