10 de dezembro, 2009

 
 
“O sacerdote é fundamental à vida de um país”. Estas palavras, de D. Lúcio Andrice, bispo de Xai Xai, frisam a importância e a urgência do trabalho sacerdotal num país como Moçambique, que “depois da independência se viu privado de muitos sacerdotes, por causa da perseguição do tipo comunista”.
Ultrapassados estes primeiros momentos, a urgência de novos sacerdotes continua, até porque muitos dos missionários portugueses, que eram a maioria ao serviço do povo moçambicano, regressaram a Portugal no período da perseguição.
D. Lúcio esteve em Fátima em inícios de Dezembro, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. Na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário, proferiu uma conferência sobre a importância da formação de seminaristas.
As suas palavras foram, num primeiro momento, uma reflexão sobre aquilo que representa o sacerdócio à luz do Evangelho e, num segundo momento, um apelo à solidariedade para com os jovens moçambicanos que querem seguir a vocação sacerdotal.
O também presidente da Conferência Episcopal de Moçambique recordou as “duras provas” dos que, após a independência, queriam ser sacerdotes e sublinha as actuais grandes dificuldades na formação de novos padres.
Há cinco anos à frente da Diocese de Xai Xai, D. Lúcio Andrace ordenou três sacerdotes.
A Diocese de Maputo tem 15 padres ao serviço e, outros tantos missionários. Destes, cinco têm mais de 80 anos.
“Se não fosse a ajuda, não teríamos como obviar às dificuldades financeiras, para poder manter os seminaristas, pagar propinas e os professores. Precisamos de 38 mil dólares para isso, por ano, e recebemos da Santa Sé 35 mil dólares anuais”.
O restante necessário chega a Moçambique através da ajuda generosa de instituições católicas como a Ajuda à Igreja que Sofre, agradeceu o prelado.
O problema da formação, considera D. Lúcio Andrice, lado a lado com o aumento da presença “arquitectónica” do mundo muçulmano no país, muito visível com a construção de mesquitas, e com grandes apoios estrangeiros à formação muçulmana dos jovens, faz antever que “o cristianismo corre o risco de desaparecer”, porque os cristãos têm dificuldade em formar-se.
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