04 de agosto, 2023

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O regresso do Papa Francisco a Fátima, seis anos depois

Neste regresso do Papa a Fátima, revisitamos a última presença do Santo Padre em Fátima, nas memórias de quem viveu o momento de perto.

Seis anos depois, o Papa Francisco volta a Cova da Iria. Este sábado, estará novamente no Santuário de Fátima, para recitar o Rosário na Capelinha das Aparições com jovens com deficiência e jovens reclusos. A um dia do regresso, revisitamos o dia em que o Santo Padre veio canonizar Francisco e Jacinta Marto, nas memórias de quem viveu o momento de perto.

 

O acólito ao microfone

Gonçalo Santos

Há três anos no Grupo de Acólitos do Santuário, Gonçalo Santos aguardava com muita expectativa a vinda do Papa a Fátima. Estava prestes a fazer 18 anos e, na véspera da chegada do Santo Padre, já lhe haviam reservado a função de acólito acolhedor de bispos. Uma alteração de última hora, já no momento dos ensaios, fez com que o contacto deste jovem se limitasse somente a um Bispo: o de Roma.

“Recebi a notícia no ensaio pela voz do responsável pela Liturgia do Vaticano. Fiquei muito feliz, até porque o som era já a minha área”, conta Gonçalo, que, seis anos volvidos, terminada a formação, trabalha agora como técnico de som no Gabinete de Comunicação do Santuário.

Na função de acólito ao microfone, Gonçalo esteve na primeira fila de um dos momentos mais significativos da história de Fátima: a canonização de Francisco e Jacinta Marto (vídeo abaixo).

“Esse foi, sem dúvida, o ponto alto. Lembro-me que estava muito nervoso. Era apenas um garoto a assumir um cargo de grande responsabilidade: a mensagem tinha de chegar às pessoas nas melhores condições e eu era o primeiro responsável.”

Nos ensaios, recebeu indicações específicas dos responsáveis do Vaticano: dos momentos em que se tinha de aproximar do Santo Padre; de, no final de cada leitura, se afastar para a lateral; e de, quando sentado, ter sempre as mãos unidas, junto ao peito, “tal como os Pastorinhos as tinham”.

Guardado na memória está também o momento em que o Papa Francisco o cumprimentou, nos preparativos para a Missa, ainda na sacristia da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

“O Santo Padre cumprimentou, em português, os cinco acólitos que ali estavam, sempre com um sorriso nos lábios. Foi um gesto que nos ajudou a descomprimir o nervosismo. Achei-o uma pessoa amigável e muito simples”, conta o jovem que, neste regresso do Papa Francisco a Fátima, estará na equipa de técnicos de som, na Capelinha das Aparições.

Em maio de 2017, Gonçalo Santos e Pedro Vieira estiveram junto do Papa Francisco, no altar do Recinto de Oração, como acólitos ao microfone e ao livro, respetivamente.

 

O acólito ao livro

Pedro Vieira

No altar, a 13 de maio de 2017, ao lado de Gonçalo Santos, esteve Pedro Vieira, também ele do Grupo de Acólitos do Santuário, mas a exercer a função de acólito ao livro. No final de 2016, já sabia que ia estar a acolitar o Santo Padre, mas não imaginou que fosse estar tão próximo dele.

“Senti grande alegria e privilégio, ainda mais num momento histórico como foi o da canonização de Francisco e Jacinta Marto”, afirma o jovem, ao avivar a preparação daquele momento especial, ainda na sacristia.

“Alguém nos avisou que aquele seria o momento para cumprimentarmos o Papa. Pensei em mil e uma coisas para lhe dizer, mas, quando tive o Papa à frente, bloqueei. Lembro-me, no entanto, que ele nos cumprimentou, sorriu e pediu para rezarmos por ele”, conta, ao caracterizar o Santo Padre como “uma pessoa alegre e muito simples”.

Já na Missa, logo após o Papa Francisco ter pronunciado as palavras que fizeram de Francisco e Jacinta Marto novos santos da Igreja, e enquanto os planos das televisões mostravam um Recinto de Oração repleto a saudar com palmas o momento, Pedro guardou uma “fotografia mental” do que viu ali de perto.

“Logo após a canonização, olhei para o Santo Padre e vi-o com um sorriso que transparecia felicidade.”

Depois, veio a partida do Papa, que Pedro assistiu da escadaria do Presbitério do Recinto de Oração, já num momento de descompressão, em que sentiu a celeridade daquele dia e a sensação de dever cumprido.

Em 2017, Pedro Vieira colaborava na Cova da Iria, como estudante, na reposição de velas e, desde fevereiro de 2018, trabalha numa das unidades comerciais do Santuário de Fátima. Pelo meio, há uma “experiência única” que o faz viver com um significado especial o lugar onde passa grande parte dos seus dias. Neste regresso do Papa a Fátima, sente um “orgulho especial”.

“Se vai regressar é porque se sentiu bem aqui e foi bem recebido!”

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Gonçalo Santos e Pedro Vieira (à esquerda), no final da celebração, despedem-se do Papa Francisco.

 

A menina que ofereceu um solidéu ao Papa

Carlota Silva

Os seis anos que distam de 2017 são, para a pequena Carlota, uma vida. Na altura, tinha apenas três anos e integrava um pequeno grupo de crianças que, na manhã de 13 de maio, esperava a chegada do Papa Francisco, junto à entrada lateral da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde o Sumo Pontífice iria cumprir um breve momento de oração, nos túmulos dos videntes. A chegada seria pontuada com uma oferta do Santuário ao Papa Francisco: um solidéu, guardado numa pequena caixa branca, que Carlota viu, segurou e só largou nas mãos do Santo Padre.

“Lembro-me que estava com outras crianças…. Peguei na caixa e não a larguei mais. Um dos seguranças do papa agarrou-me ao colo e levou-me ao Papa. Quando lhe dei o presente, ele abriu-o e pôs o solidéu dele na minha cabeça”, conta Carlota, que hoje conta 10 anos de idade.

O momento foi registado numa par de fotografias que atesta a descontração e alegria do Papa Francisco.

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Momento em que Carlota oferece o solidéu ao Papa Francisco e o Santo Padre, em resposta, coloca o seu na cabeça da menina.

 

A criança miraculada e a família

Lucas Maeda e João Batista, o pai, Lucila Yurie Batista, a mãe, e Eduarda, a irmã

A família de Lucas Maeda, a criança que a Igreja reconheceu ter recuperado miraculosamente por intercessão de Francisco e Jacinta Marto, viveu bem de perto as emoções da última presença de um Papa em Fátima. No dia 13 de maio, participaram no ofertório e tiveram a oportunidade de abraçar o Papa Francisco.

“Fiquei muito feliz, quase sem palavras. Relembro aquele momento com muita emoção e alegria no coração”, diz a mãe de Lucas, Lucila Yurie, numa vídeo mensagem partilhada, hoje, com a Sala de Imprensa do Santuário.

“Lembro-me com muita gratidão e luz aquele dia. Na época, o Lucas era uma criança e, hoje, é já um jovem. Ele não está aí para voltar a abraçar o Papa Francisco, mas aquele abraço em 2017 vai ficar eternizado na nossa vida e na vida de todas as pessoas que rezam pelo Francisco e pela Jacinta”, diz o pai de Lucas, João Batista, ao expressar a gratidão que sente pelo “presente inestimável dos Céus”, que foi o facto de a recuperação miraculosa do filho ter contribuído para aquele momento.

“Estar perto do Papa Francisco e poder abraçá-lo foi uma graça e um momento de gratidão e felicidade”, recorda Lucas Maeda, que sente pena por não ter entendido o que o Santo Padre lhe disse naquela circunstância.

Na despedida, a família agradece a todos quantos rezaram por eles e deixa os votos de uma boa Jornada Mundial da Juventude.

“Que Nossa Senhora de Fátima ilumine os dias de orações e união da nossa Igreja, nesta semana da Jornada Mundial da Juventude”, termina o patriarca, ao enviar um abraço para “toda a família católica reunida em Fátima”.

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Lucas Maeda abraça o Santo Padre, acompanhado da mãe, pai e irmã.

 

A criança que integrou a procissão inicial

Ana Lourenço

Ana Lourenço era uma criança de 10 anos quando participou de perto na Missa em que o Papa Francisco canonizou os santos Francisco e Jacinta Marto, a 13 de maio de 2017. Integrou a procissão de entrada com um grupo de crianças, junto às relíquias dos Pastorinhos.

“A última presença do Santo Padre no Santuário de Fátima foi envolvente. Apesar de, na altura, ser uma criança, o sentimento de ver Fátima cheia de peregrinos e de ver o Papa a celebrar e canonizar dois meninos tão importantes, neste mundo, é inigualável”, conta Ana Lourenço, ao falar da “energia contagiante” que sentiu na assembleia que, nesse dia, encheu o Recinto de Oração.

“Agradeço a Nossa Senhora por ter colocado esta oportunidade no meu caminho, porque, apesar de eu ser muito nova, fez-me perceber o quanto a fé significa para mim. Ver o Papa é algo que toca. Pode parecer que é só uma pessoa… Não. Não é só uma pessoa! É a pessoa que representa a nossa Igreja, que representa a nossa fé”, afirma a jovem de 16 anos.

“Recordo ainda que acabei por conhecer e brincar com o Lucas, o menino cujo milagre permitiu a canonização dos Pastorinhos. Até hoje, não sei por que razão Nossa Senhora o colocou no meu caminho, mas agradeço-Lhe por isso, porque me ensinou muito. Aqueles dias 12 e 13 ficarão para sempre na minha memória”

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O diácono que esteve a acolitar o Papa, no altar

Eduardo Caseiro

Seis anos passaram daquele dia 13 de maio de 2017. Eduardo Caseiro, que, então, era diácono, é atualmente sacerdote na diocese de Leiria-Fátima. Na altura, quando soube que iria estar a acolitar o Santo Padre na sua vinda a Fátima ainda não tinha sido ordenado diácono. O convite foi recebido com muita alegria, “pelo facto de poder acolitar o Santo Padre e estar presente numa ocasião tão importante para Fátima como o foi o Centenário das Aparições e a canonização dos Pastorinhos”.

“Na altura, já o admirava pelos quatro anos do seu pontificado. Neste momento, o que sinto mais surpreendente é sua capacidade de ser escutado por crentes e não crentes como uma figura marcante. Nestes primeiros dias da JMJ, isso tem sido evidente: o Papa já conquistou crentes e não crentes pelas palavras carismáticas nos deixou”, afirma o sacerdote, recordando o impacto que sentiu ao testemunhar, do altar onde estava com o Papa, a “multidão de fé que ali se juntou”.

Com semelhante fascínio viveu o momento em que o Papa o cumprimentou, antes e depois da celebração.

“Quando ele nos interpela, sentimo-nos fascinados e incapazes de comunicar. Aquele homem, simples e próximo, desarma de tal maneira que nos deixa sem saber o que dizer”, confessa o presbítero, ao atestar a abordagem próxima que teve, no final da celebração, com uns diáconos que iriam receber a ordenação sacerdotal.

“Na sacristia, alguém disse ao Papa que alguns dos meus colegas iam ser ordenados em breve, ao que ele perguntou, em tom de riso: ‘porquê, agora são desordenados’?”

Por estes dias o padre Eduardo Caseiro está a participar na JMJ, em Lisboa, e, a partir da capital, olha para este regresso do Santo Padre à Cova da Iria com especial carinho.

“O Papa que não conhecia Fátima quer, agora, vir a Fátima, porque vem a Portugal… Isso é impressionante!”

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Eduardo Caseiro (ao fundo) junto ao Santo Padre, no altar do Recinto de Oração.

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