13 de outubro, 2020
O mundo em FátimaA paz e a liberdade religiosa“A Santa Sé nada mais tinha – nem tem – em mente senão realizar as finalidades espirituais e pastorais próprias da Igreja, isto é, sustentar e promover o anúncio do Evangelho, alcançar e conservar a unidade plena e visível da Comunidade católica na China”. É com estas palavras que o Papa Francisco, em carta dirigida há dois anos aos católicos chineses e à Igreja universal, define as finalidades das negociações com as autoridades chinesas, encetadas já ao tempo do Papa João Paulo II e continuadas por Bento XVI, que conduziram à entrada em vigor em outubro de 2018 do Acordo Provisório que regulariza o processo de nomeação dos bispos naquele grande país, dando ao Papa, como garante visível da unidade da Igreja universal, a última palavra na nomeação de cada bispo. Neste outubro de 2020, o Acordo será prorrogado. Na carta citada, o Papa reconhece a perseguição que marca a história do catolicismo na China, e agradece aos católicos chineses o dom da sua “fidelidade, da constância na provação, da arraigada confiança na Providência de Deus, mesmo quando certos acontecimentos se revelaram particularmente adversos e difíceis”. E assume que o valor e significado deste sofrimento pertence “ao tesouro espiritual da Igreja na China e de todo o Povo de Deus peregrino na terra”. Por tudo isto, neste momento delicado da renovação do Acordo, sujeito a tentativas de instrumentalização política e propaganda por vários setores ideológicos e até Estados, esta coluna da Voz da Fátima convida todos a associarem-se, pela procura de conhecer a realidade e pela oração, a este passo decisivo do caminho da Igreja no Oriente.
Pe. José Nuno Silva, Capelão do Santuário de Fátima (In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1177, 13 de outubro 2020) |