13 de novembro, 2020
O mundo em FátimaA paz e a liberdade religiosa“Eu sou cristão”. Foram estas as palavras de Otmane Aissaoui, íman da Mesquita ar-Rahma (a Misericórdia), a maior Mesquita de Nice, ao saber do ataque que no dia 29 de outubro matou três católicos em oração na Basílica de Notre Dame de l’Assomption, naquela cidade do sul de França. No dia seguinte, explicou porque dissera tais palavras: “O que se passou na passada quinta-feira é inaceitável. Como crentes, nós pregamos a vida, não a morte. [...] nessa quinta-feira negra, senti-me verdadeiramente irmão de fé dos cristãos. Essas três pessoas foram mortas enquanto rezavam a Deus! Estou seguro de que as suas almas subiram para Deus. Era necessário naquele momento esquecer toas as diferenças de fé e de doutrina. Por isso disse essa palavra como crente e como íman, para oferecer aos cristãos este sentimento de fé. Como muçulmano, adorador do Deus único, já sou um adepto de Jesus”. Nadine, de 60 anos, Simone, de 40, e Vincent, sacristão desta igreja, de 52, foram assassinados por ódio à fé ao romper do dia, mais um dia em que numa igreja católica de França correu sangue de mártires, vítimas da violência do terrorismo dito islâmico. A verdade do Islão é a que se expressa nas palavras do Íman. O terrorismo é expressão de violência político-ideológica, mais do que religiosa, e confirma que a paz e a perseguição à Igreja, que se encontram no coração da mensagem de Fátima, são cada vez mais um desafio dramático à nossa porta. Nesse dia, André Marceau, bispo de Nice, enunciou o caminho cristão através destes acontecimentos cada vez mais frequentes: “Que o espírito de perdão de Cristo prevaleça face a estes atos bárbaros”.
Pe. José Nuno Silva, Capelão do Santuário de Fátima (In Voz da Fátima, Ano 099, N.º 1178, 13 de novembro 2020)
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