13 de março, 2020
O mundo em FátimaA paz e a liberdade religiosaPodemos facilmente cair na tentação de pensar que a questão da paz e da liberdade religiosa é uma realidade só presente em países longínquos e caraterizados por experiências de conflitualidade social violenta e fundamentalismo religioso. Contudo, no nosso próprio continente europeu estes fenómenos se verificam, como no mês passado aqui se deu nota, a propósito de episódios acontecidos em França, país onde, a par com a Alemanha, o fenómeno mais se evidencia. Num relatório recentemente publicado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que sofre, cujos dados foram corroborados por outras agências internacionais, é revelado que ao longo do ano 2019 houve na Europa cerca de 3000 ataques a igrejas, escolas e símbolos cristãos. Cresceu também o número de atentados contra alvos judeus e islâmicos. Os diferentes relatórios são concordantes ainda na afirmação do crescimento dos limites e agressões à liberdade de consciência, de expressão e associação, bem como de educação. No mês seguinte à aprovação da eutanásia no nosso país, é oportuno refletir sobre esta realidade. Durante o debate que precedeu a votação da lei na Assembleia da República, quantos tentaram passar a ideia de que os cristãos e as religiões em geral já não têm direito à sua posição e a expressá-la, como se isso constituísse um atentado à liberdade de consciência e à tolerância neste tempo laico. A responsabilidade, para os que acreditam, é participar em todos os debates da cidadania, conscientes das implicações da laicidade e respeitando o pluralismo de opiniões. Mas não podem ser obrigados ao silêncio apenas porque são religiosos.
Pe. José Nuno Silva, Capelão do Santuário de Fátima (In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1170, 13 de março 2020) |
