13 de maio, 2020
O mundo em FátimaA paz e a liberdade religiosaNo Domingo de Páscoa, dando a Bênção à cidade e ao mundo, o Papa Francisco, ao recordar os conflitos em curso por todo o planeta, referiu-se a um povo que fala português e que tem sofrido na carne a evidência de que a guerra e a perseguição religiosa muito frequentemente andam ligadas. Disse o Papa: “Que o Senhor da vida se mostre próximo às populações da Ásia e da África que estão atravessando graves crises humanitárias, como na Região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.” De facto, nesta região da diocese de Pemba, extremistas que se reclamam islâmicos matam, destroem imagens e queimam Igrejas. No entanto, esta é uma realidade recente, até surpreendente. Conta o padre Horácio Simbin, moçambicano que veio na Quaresma para colaborar no serviço da pastoral da reconciliação do Santuário e ficou retido pela pandemia: “Convivemos bem desde sempre com os muçulmanos, não havia problemas. Há católicos, inclusive consagrados e sacerdotes, nascidos em famílias muçulmanas, sem que isso suscitasse conflitualidade”. É o primeiro país de língua portuguesa em que tal acontece comeste grau de violência. Dom Luiz Fernando Lisboa, o Bispo de Pemba, ao agradecer ao Papa a sua referência pascal, afirmou: “Temos sofrido há três anos, sem saber porque estamos sendo atacados. Há três anos tudo mudou em nossa vida. Choramos de dor e tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde”. Os que encontramos no coração da mensagem de Fátima o apelo à oração pela paz no mundo e a profecia sobre a perseguição à Igreja rezemos por Cabo Delgado, o seu bispo e as suas gentes, na dor e tristeza que os faz chorar, atacados sem saberem porquê.
Pe. José Nuno Silva, Capelão do Santuário de Fátima (In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1172, 13 de maio 2020) |