13 de agosto, 2020
O MUNDO EM FÁTIMAA paz e a liberdade religiosaA recente transformação da Basílica de Santa Sofia, em Istambul, Turquia, numa Mesquita, oferece a este espaço da Voz da Fátima motivo para lançar o olhar para o passado, para aprendermos com a história. A Basílica de Santa Sofia – não uma santa com esse nome, mas o próprio Deus: Hagia Sophia, em grego, significa Sagrada Sabedoria – foi edificada pelos cristãos do Oriente no séc. VI, como sede do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla, capital do Império Bizantino. No séc. XIII, os católicos da Quarta Cruzada massacraram os cristãos ortodoxos desta cidade, que haviam anos antes massacrado muitos dos católicos nela residentes; por quase seis décadas, Santa Sofia foi uma catedral católica, na capital do efémero Império Latino. Nova invasão pelo de Bizâncio devolve o edifício a sede do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla. Em 1453, o Império Otomano, muçulmano, derruba o Bizantino e torna o edifício numa Mesquita. Foi-o até 1935, quando o regime secularista de Ataturk, numa decisão contra a religião, fez de Santa Sofia um museu, em cujas paredes se lia a história destes encontros e desencontros religiosos de raiz política que atravessaram os séculos. Em julho de 2020, a Basílica de Santa Sofia volta a ser uma Mesquita, que esconde todos os elementos estéticos cristãos originários do seu interior, quando os muçulmanos aí se reúnem para rezar. A guerra e a perseguição religiosa são a constante de uma história sem credos inocentes. Sensibilizados pela centralidade da paz e da liberdade religiosa na Mensagem de Fátima, temos que conhecer a história... e comprometermo-nos, pelo menos, rezando.
(In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1175, 13 de agosto 2020) Pe. José Nuno Silva, Capelão do Santuário de Fátima |