06 de janeiro, 2022
“O grande sinal de Fátima é o convite à transformação de vida”, afirma o jesuíta Eduardo AmaralJovem da Companhia de Jesus é o convidado do podcast #fatimanoseculoXXI de janeiro
Fátima é um convite permanente à santidade, feito de uma forma simples e comprometida, assegura o jovem jesuíta de 24 anos, Eduardo Amaral, o convidado do podcast #fatimanoseculoXXI, disponível em www.fatima.pt/podcast e nas plataformas Itunes e Spotify. “O grande sinal de Fátima é a transformação da vida e a santidade do Francisco e da Jacinta. Aquilo que Maria lhes pede é uma missão de atenção e dedicação ao mundo, um coração atento ao que está à nossa volta” refere o jovem da Companhia de Jesus ao salientar que esse pedido tem uma marca de “simplicidade” que nos deve “descansar”. “Esse pedido é feito a duas crianças e isso descansa-nos pois dá-nos a garantia da simplicidade”, isto é, olhando para o mundo e para os seus dramas- na altura a ditadura ou a emergência dos regimes ateus- “não precisamos de ser especialistas em ciência política, em direito internacional, basta-nos estar atentos com o coração” e, “ na nossa pequenez olhar para grandes causas e para os grandes sofrimentos e compadecermo-nos deles”. “Quando falamos das grandes ofensas com que o coração de Jesus é ofendido, e queremos repará-lo, estamos a pensar no mundo e a querer repará-lo também. É o mal que há no mundo, e de que às vezes somos culpados (a conversão dos pecadores é a nossa própria conversão), que estamos a falar. A radicalidade é sabermos essa nossa posição e mesmo assim querermos responder nela, é buscar essa reparação”, esclarece o jovem. “A radicalidade é comprometida: um sentido, de mansidão e pequenez contra a violência do mundo que vemos e experimentamos”, acrescenta, ainda, sublinhando que não devemos hiperbolizar o sentido das palavras ou pensar nelas aleatoriamente, de forma descontextualizada. Fátima, e o exemplo dos Pastorinhos, “ajuda-me, e ajuda-nos, a renovar a maneira como estamos atentos e rezamos. Quando olho para eles, e para tantas pessoas que fizeram esta experiência tão forte, se calhar amedronta-nos quando nos devia fazer descansar” sem nos “amolecer”. Eduardo Amaral vai mesmo mais longe e fala, em concreto, dos testemunhos de São Francisco e de Santa Jacinta. “Se- como eles- nos ligarmos ao coração de Jesus ligamo-nos ao mundo e também nos compadecemos dele”, enfatiza. “Conversão e sacrifício? As palavras possivelmente não fazem sentido e até parecem vazias, mas depois, vividas, fazem sentido”, esclarece concretizando: “veja o caso das alterações climáticas; aderir a esta luta exige sacrifício e conversão de vida; a conversão espiritual é também isto: olhar o mundo de forma diferente”. “É uma questão de darmos conteúdo às palavras: conversão e sacrifício fazem parte de nós. Podemos é estar habituados a olhar para eles como coisas elevadas e não como os Pastorinhos que eram simples e, por exemplo, faziam da partilha da sua própria merenda o sacrifício pelos mais pobres. É muito intuitivo...” “Os santos – prossegue- não são os que têm vidas fenomenais. E o sacrifício não é o que nos custa mas o que faz e dá sentido à minha vida, o que é pequeno e simples” refere. Neste podcast, que nesta série está de olhos postos na juventude dando-lhes a primazia da palavra numa leitura do acontecimento e da mensagem de Fátima, Eduardo Amaral fala também da paz, que “não é um bem-estar” mas um convite à ação e à desinstalação. “Nossa Senhora quando vai ter com a prima Isabel tem de fazer um grande caminho para a tranquilizar” refere; pensar ou fazer a paz é “ estar no lugar certo no mundo; estarmos enraizados, encontrarmos o nosso lugar e de vivermos de forma coerente com aquilo em que acreditamos”, adianta o jovem Jesuíta. “Os Pastorinhos fizeram-no e isso não lhes trouxe propriamente vantagens; a Maria não trouxe um mar de rosas, e a Jesus também não trouxe facilidades” reconheceu. “Quanto mais nos apercebermos que isto é uma exigência do Evangelho e da nossa fé, que precisamos imitarmos a vida de Jesus, que não procurava conflito pelo conflito, que muitas vezes fugiu ao conflito sem sentido e tentou desviar a atenção dos fariseus, mas que ao mesmo tempo não desvia a atenção do que faz sentido e é bom, mesmo que para isso tenha de curar ao sábado e ir contra a lei e os preceitos judeus, mais fácil se torna este compromisso”. “A proposta da Mensagem tem de se tornar concreta no mundo” esclarece lembrando que a paz, de que fala a mensagem, “não é um assunto mas uma dimensão da vida”. “Um dos grandes desejos expressos por Nossa Senhora em Fátima é a oração pela paz. Não se trata de divulgar, como se fosse uma publicidade , mas de em Fátima as pessoas poderem ser tocadas por essa paz e é isso que nos torna fiéis a esta missão de compaixão pelo mundo, que Nossa Senhora nos pede em Fátima”, afirma. “O convite a olhar o pecado do mundo, o que há de mal por fora, e aqui dentro, e o que nos leva a comprometermo-nos a reparar isso seja na oração seja na atenção ao outro, é isso que nos leva à construção da paz”, esclarece. Em Fátima somos convidados “a renovar atitudes de mansidão e humildade e ver que é isso que pode cortar com a violência que encontramos no mundo”, conclui. O podcast #fatimanoseculoXXI é uma iniciativa do Santuário de Fátima, que tem uma periodicidade mensal e que durante este ano pastoral ouvirá preferencialmente jovens, numa antecipação do que Fátima pode oferecer aos jovens que venham a participar na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa e que passem pela Cova da Iria.
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