03 de dezembro, 2022

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“O fascínio de uma celebração no seu ambiente simbólico pode transformar o turista em peregrino”, considera o Reitor do Santuário de Fátima

Pe. Carlos Cabecinhas participou debate "50 Anos Cidade de Fátima, que Futuro?"

 

O reitor do Santuário de Fátima, o Pe. Carlos Cabecinhas participou esta noite no debate "50 Anos Cidade de Fátima, que Futuro?", no âmbito das celebrações dos 25 anos da Cidade de Fátima.

O sacerdote considera que o Santuário “tornou-se indubitavelmente um destino cultural, um destino turístico”.  

“O que distingue a peregrinação de outras formas de mobilidade, como o turismo, é a motivação religiosa”, explicou, lembrando que a questão se torna mais complexa quando se junta no mesmo sujeito a motivação religiosa e cultural. “O turismo religioso é um fenómeno pós-moderno, que emergiu nos anos oitenta e noventa do século XX, no contexto mais vasto do turismo cultural”, disse, alertando para o facto de que independentemente da valorização que se faça deste fenómeno, “a verdade é que manifesta a potencialidade religiosa do turismo e mostra a potencialidade turística dos lugares religiosos”.

O turista religioso e o peregrino têm em comum “o distanciamento da vida quotidiana, mas se, para o peregrino, o santuário é a meta e o centro da viagem, para o turista, o santuário é apenas um lugar a visitar entre outros”, e desse modo “turistas e peregrinos encontram-se aqui, em Fátima”.

Nos últimos anos, foi verificado na afluência ao Santuário de Fátima, “uma progressiva alteração dos momentos de presença dos peregrinos”.

Durante muitos anos, “a afluência de peregrinos a Fátima verificava-se nos dias 12 e 13 de maio a outubro, tendo como grandes picos os meses de maio, agosto e outubro”.

“Maio continua a ser a grande peregrinação, mas, no último decénio, até à pandemia, a peregrinação das crianças, no dia 10 de junho, tornou-se na segunda maior peregrinação do ano, superando outubro e agosto, uma vez que congrega habitualmente mais peregrinos que outubro ou agosto”, reiterou o Pe. Carlos Cabecinhas.

Durante muitos anos, o Santuário de Fátima vivia um tempo de seis meses de funcionamento pleno, e esta situação “alterou-se significativamente”.

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“A afluência dos peregrinos é claramente condicionada pelo facto de os dias 12 e 13 de maio a outubro ocorrerem ao fim de semana ou em dias laborais”, além disso, “os domingos tornaram-se dias de grande ou moderada afluência e não é raro um domingo de julho ou agosto ter um número de peregrinos muito superior às peregrinações de 12 e 13 de junho, de julho ou de setembro”.

Estas alterações levaram o Santuário de Fátima a rever progressivamente o seu programa e a adequá-lo. “Adotámos um programa base que se mantêm durante todo o ano, porque durante todo o ano temos peregrinos que nos procuram”, explicou.

A afluência a Fátima “vive também da presença de turistas, a este que é o maior centro de turismo religioso do país”.

“O turista religioso, na visita a um santuário, quer experimentar algo mais que uma viagem cultural, procura uma experiência religiosa pela via de beleza, pela arte e pelo repouso espiritual”, disse, e por isso o reitor do Santuário de Fátima considera que “a forma mais eficaz de evitar que o turista encare o santuário apenas como monumento é o seu envolvimento na performance ritual do lugar”. Mas isto só é possível “quando já há predisposição religiosa que permita àquele que entra como turista estar no santuário como peregrino”.

“Aqui ganha relevo a qualidade celebrativa do Santuário, pois o fascínio de uma celebração no seu ambiente simbólico, que é o santuário, pode suscitar no turista a passagem da atitude de espetador à de participante, pode transformar o turista em peregrino”, considera.

Isto acarreta “o cuidado também com a qualidade do espaço do Santuário, lugar de oração e de forte experiência espiritual, e da sua envolvente”.

“É nesta linha que deve ser visto o esforço de requalificação das próprias estruturas que o Santuário tem levado a cabo e que continuará a fazer, para criar as melhores condições de acolhimento daqueles que nos visitam”, assegurou o Pe. Carlos Cabecinhas, considerando que se impõe preservar o ambiente de cidade-santuário, sobretudo no centro da Cova da Iria.

“O silêncio, por exemplo, é experiência fundamental em Fátima, pois é cada vez maior o número de pessoas que procura Fátima, porque quer estar em silêncio e aqui o consegue experimentar de forma única”, reiterou o sacerdote.

A experiência da paz interior, “inseparável do silêncio, mas também do conjunto do ambiente urbano da Cova da iria, é outro dos testemunhos de quem nos visita e que deve ser potenciado”.

Assim, “temos consciência de que a divulgação de Fátima nunca é trabalho concluído e impõe-se dar-lhe continuidade, nomeadamente no estrangeiro”.

Promovido pela Junta de Freguesia de Fátima, o programa comemorativo do 25.º aniversário da elevação a cidade iniciou-se em junho do presente ano e prolonga-se até 2023, com 25 atividades a pensar no que se pretende do território daqui a 25 anos.

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