05 de fevereiro, 2009


Sendo Fátima um acontecimento da era contemporânea, observa-se inevitável que a técnica fotográfica tenha fixado as marcas físicas e, em boa medida, até psicológicas das crianças videntes e é essa a razão pela qual os retratos de pose efectuados durante o ano de 1917 marcaram, inexoravelmente, a maneira de representar os Pastorinhos, entre eles Francisco Marto.
Na verdade, as representações do beato de Nossa Senhora, ainda que possam fazer notar o pensamento artístico dos seus autores, vão beber informações, não só às descrições das crianças, como sobretudo àqueles especiais documentos fotográficos. Ainda assim, as representações que se encontram no Santuário de Fátima são diversas, expressando, efectivamente, a maneira de pensar de cada autor.
O primeiro lugar do Santuário a acolher representação do que viria a ser o Beato Francisco foi a basílica do Rosário, primeiramente nos vitrais da capela-mor, que o figuram de forma bem retratística, quase fotográfica, e, depois, através do pincel de João de Sousa Araújo. Este autor representou o Pastorinho na grande tela do retábulo principal e nalguns dos semitondos das capelas do transepto. Nos multicolores vitrais do mesmo autor, também datados de 1967, surge Francisco, na sucessão de cenas dedicadas às Aparições do Anjo e às da Virgem Maria. No lado das aparições angélicas, Francisco teve especial relevo ao ser figurado sozinho num dos vitrais, precisamente o que antecede o vitral que figura a Hóstia suspensa, «da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do Cálix», conforme a narração da vidente Lúcia. Curiosamente, Francisco aparece representado com proporções mais pequenas que a própria irmã, Jacinta. Já num quadro sobre o segredo de Fátima, de 2003, de Cristina Rubalcava, o vidente, desenhado no meio das pastorinhas, é o que tem estatura maior.
Ainda naquele importante lugar que é a basílica, o vidente Francisco goza de especial figuração, porquanto o lugar das suas relíquias foi artisticamente valorizado através da obra de José Rodrigues que, no ano da beatificação dos pastorinhos de Fátima, esculpiu Francisco em atitude lúdica, sobre os ramos de uma árvore e rodeado de pequenos passarinhos que, juntando-se ao bordão de pastor e ao pequeno cordeiro que segura no colo, se desenham como atributos da sua iconografia.
Também do ano 2000 data o grupo escultórico que Graça Costa Cabral executa para o recinto de oração do Santuário. Nele se vê o beato Francisco composto de formas arredondadas, tomando o lugar que, numa fotografia de Setembro de 1917 que serve de inspiração à autora, é ocupado por Lúcia.
Na Loca do Cabeço e no Poço do Arneiro existem figurações de Francisco; naquele primeiro lugar através da conhecida escultura de Maria Amélia Carvalheira da Silva, de 1958, e no poço da casa de Lúcia através do escopro de Irene Vilar que, em 1992, juntou as esculturas dos videntes à do Anjo que já havia criado em 1986. As duas esculturas de Francisco encontram-se de joelhos: na de Carvalheira da Silva, Francisco inclina a cabeça, descoberta, e coloca as mãos em oração; na escultura do poço o petiz tem como atributo uma flauta. Ainda na zona do monte dos Valinhos, na capela de Santo Estêvão, aparece o vidente, genuflectindo, de braços abertos, como as duas pastorinhas, no mosaico do tecto do corpo da capela, assinado por Péter Prokop e datado de 1993.
A última figuração de Francisco Marto no Santuário de Fátima constitui-se pelo conjunto de tesselas que, no grande painel do presbitério da igreja da Santíssima Trindade, figuram o grupo à direita do Cordeiro. Ali se vêem Francisco e Jacinta sob a protecção de Maria que, inclusive, coloca sobre o pastorinho a sua mão maternal. Trajando segundo o figurino das fotografias da época das Aparições, mais uma vez o atributo iconográfico escolhido pelo pintor foi o anho que na simbologia cristã se relaciona com a pureza, candura e humildade.
Marco Daniel Duarte
Departamento de Arte e Património | Museu do Santuário de Fátima
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