13 de julho, 2024

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"O andor é pesado, mas vamos nas nuvens"

A cada Peregrinação Aniversária,  meia centena de peregrinos são chamados a levar aos ombros o andor de Nossa Senhora, uma experiência que marca quem a assume.

 

Minutos antes do início do Terço, na Capelinha das Aparições, já os sete grupos de peregrinos que vão levar ao ombro o andor com a imagem de Nossa Senhora estão reunidos junto à saída da Colunata do lado norte, onde recebem as primeiras instruções dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima.

As indicações dadas variam consoante a posição que cada grupo irá assumir no percurso, até porque o levantamento do andor, logo no início da procissão, ou a parte final, com a “difícil” subida da escadaria do presbitério do Recinto de Oração e o pouso, na peanha, implicam graus de exigência diferentes, explica Lourenço Correia de Oliveira, um dos Servitas que está a coordenar o grupo de peregrinos.

“As indicações que damos incidem mais sobre os grupos que fazem o levantamento e o pouso do andor, até porque estes momentos requerem mais destreza, para que a Imagem possa ir sempre direita. Por exemplo, na subida das escadas, damos a indicação para que os da frente e do meio retirem o andor dos ombros, por forma a nivelá-lo com os que vão atrás”, descreve o Servita, que define a calma e a coordenação como atitudes essenciais para todo o processo.

A troca do andor é também um “momento sensível”, pela possibilidade de um dos lados poder ficar desequilibrado, até porque esta troca é sempre feita em movimento, para que a procissão não pare, lembra Lourenço de Oliveira.

Durante todo o percurso, são também os Servitas a voz de comando. Um à frente e outro atrás, são quem dá as coordenadas que guiam quem leva o andor aos ombros, quando se sobe ou desce, respetivamente.

 

“O andor é pesado, mas parece que vamos nas nuvens”

2024-07-13andor1.jpgFalta meia hora para o início da procissão e os grupos são orientados para as respetivas posições. Seguem em fila, pelo corredor central, sendo posicionados na ordem inversa do sentido que a procissão vai percorrer.

“Lourenço, alinhas os peregrinos?”, pergunta o outro colega Servita, à medida que cada grupo vai assumindo a posição. “Sim”, reponde de imediato, já a dispor os elementos de cada grupo pela altura, numa opção que visa colmatar o desnível do Recinto de Oração.

No processo de seleção, feito nas primeiras horas da manhã de cada Peregrinação Aniversária, a altura dos ombros dos peregrinos é um dos fatores que é mais considerado na formação dos grupos de 8 elementos. Quando são escolhidos, o receio ou o medo que possa haver em assumir tamanha responsabilidade são rapidamente dissipados pela alegria de poder transportar o andor com a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, conta o Servita.

Abílio Pereira atesta a “felicidade e o significado intenso de levar Nossa Senhora de Fátima aos ombros”. Natural de Arco de Baúlhe, distrito de Braga, vem a pé nas peregrinações de maio e outubro e de carro sempre que um 12 ou 13 calha num fim de semana. Já levou o andor em duas dessas peregrinações, mas “o momento é sempre especial”.

“A primeira vez que peguei foi uma surpresa, mas depois, quando regressei, ofereci-me logo como voluntário”, diz, ao apontar para o lugar onde o grupo estava reunido, na saída da Colunata do lado norte, onde a reunião entre os que se voluntariam e os que são convidados acontece.

“É uma sensação única. O trajeto é pequeno e o andor pesado, mas a emoção é grande e parece que vamos nas nuvens”, descreve Abílio Pereira, que define cada peregrinação a Fátima como uma ida “ao colo da Mãe”.

“Sabe bem levar Nossa Senhora aos ombros, para o banquete da Eucaristia, em ação de graças pelas vezes que Ela me carrega, ao longo do ano”, confidencia, sem esconder o sorriso rasgado.

 

Um gesto de fé

2024-07-13andor2.jpgEntre os muitos homens que vão carregar o andor há um ombro feminino. Maria de Jesus veio de Sevilha em peregrinação ao Santuário de Fátima, com a possibilidade de assumir pela primeira vez esta função.

“Foi o instinto… Eu e uns familiares disponibilizámo-nos e aqui estamos todos, prontos para esta grande graça. Já me disseram que pesa muito, mas com fé tudo se consegue”, afirma, num misto de convicção e nervosismo.

“Espero conseguir carregá-La ao ombro, porque foi isso mesmo que também vim pedir: que Ela me ajude a suportar a cruz que carrego. Vim para não perder a fé. Este é, sem dúvida, um momento especial para agradecer a Nossa Senhora.”

No topo do Recinto de Oração, já perto do Altar, aguarda um grupo fardado dos Bombeiros de Viatodos, do concelho de Barcelos, que peregrinou à Cova da Iria já com a intenção de poder transportar o andor de Nossa Senhora.

“Lá já costumamos levar o andor, nas procissões, mas aqui é a primeira vez”, refere Lino Sampaio, que, nesta estreia, vai assumir um dos percursos mais exigentes: a subida das escadas até ao altar.

“É um momento especial que ganha mais importância porque vimos como bombeiros”, diz, com o nervoso miudinho de quem sabe que o momento é seguido por muitos olhos. “Contamos uns com os outros para este caminho, mas, no final, a fé e Nossa Senhora vão-nos ajudar”, remata, confiante.

 

Oito ombros e uma multidão

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O sino marca as 10h00 e o primeiro grupo de peregrinos contorna a Capelinha das Aparições já com o andor, mas ainda vazio. A imagem de Nossa Senhora está a ser retirada da redoma por dois Servitas, que a colocam no andor, para que seja venerada de perto pelos peregrinos, mas sempre com a atenção e o cuidado que exige este momento, lembra o Servita Lourenço de Oliveira, enumerando algumas das regras a considerar para garantir a segurança de quem transporta o andor e para salvaguardar a escultura centenária de Nossa Senhora.

“Os peregrinos nunca se devem aproximar do andor nem tentar tocar-lhe, sob o perigo dele se desequilibrar ou de alguém tropeçar”, alerta.

Paulatinamente, o andor, já com a Imagem, segue o percurso habitual, dando a volta pelo lado direito do Recinto de Oração, até ao topo do Santuário e, dali, pelo corredor central até ao Altar. Do lado de fora, há peregrinos que acompanham o ritmo da passada daqueles que transportam a Imagem de Nossa Senhora… Ao ombro, são apenas oito que A carregam, mas, no coração, é uma multidão que A sustenta.

 

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Um andor muito pesado

Nesta peregrinação de julho, o andor que transportou a imagem de Nossa Senhora foi embelezado com quase mil pés de flores e verdura, dispostos em 36 esponjas florais, embebidas em água, uma ornamentação que aumenta ainda mais o peso do andor, que, no final, poderá alcançar mais de 250 quilos.

No arranjo floral foram usados: cravos, dálias de jardim, rosas de Santa Teresinha e de outras qualidades, jarros, orquídeas e antúrios. Como verdura, foram usados fetos e espargos, contou ao Gabinete de Comunicação a sacristã Otília Vieira, uma das colaboradoras do Santuário responsáveis pela ornamentação do andor.

 

NOTA: Notícia atualizada às 18h40, no peso máximo do andor, onde, por lapso, era indicado os 400 quilos. 

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