13 de março, 2010

 Jesus tem um amor especial pelas crianças, como lembrou João Paulo II, na sua Carta às Crianças (1994): “Como é importante a criança aos olhos de Jesus! Poder-se-ia mesmo observar que o Evangelho está profundamente repassado da verdade sobre a criança. Até seria possível lê-lo, no seu todo, como o ‘Evangelho da criança’”. Jesus apresenta-as como modelos para ser seu discípulo, abençoa-as, assegura-lhes o reino dos céus (cf Mt 19, 13 15), diz que Deus também se revela aos pequenos (cf Mt 11, 25) e proclama bem aventurado quem acolhe um dos pequeninos. É como se o acolhesse a Ele (Mt 18, 5; 25, 40).

A beata Jacinta Marto (1910-1920), a mais pequena das videntes de Fátima, é um exemplo admirável da criança evangélica, isto é, de uma pequena criatura em quem brilham de modo admirável os dons e as maravilhas de Deus. Já por natureza, como testemunha a prima Lúcia, “tinha um coração muito bem inclinado, e o bom Deus tinha-a dotado dum carácter doce e meigo, que a tornava, ao mesmo tempo, amável e atraente”. Gostava de brincar, de contemplar as estrelas, de colher e oferecer flores, de cantar e dançar, o que não perdeu após as Aparições. Tinha também os seus caprichos e amuos infantis, que foi superando com as graças do Céu.

Tendo sido agraciada com as aparições do Anjo e da Virgem Maria, deixou-se cativar pela beleza e bondade dos mensageiros do Céu e penetrar pelo encanto do amor e da graça que deles recebeu. Depois de ver pela primeira vez a “Senhora mais brilhante do que o sol”, com o coração a rebentar de alegria, não se conteve sem revelar à mãe o segredo que se comprometera a guardar juntamente com o irmão e a prima, e exclamou: “Ó mãe, vi hoje na Cova da Iria Nossa Senhora!”. A partir de então, a boa notícia não mais parou. Por esta fragilidade, difundiu-se em todo o mundo a oferta da misericórdia divina que a Mãe de Cristo veio comunicar aos homens, fazendo-lhes o apelo a não ofenderem mais a Deus, que já está muito ofendido.

A experiência das Aparições marca profundamente a pequena Jacinta, que, com apenas sete anos, sente o impulso forte a amar. E fá-lo com grande generosidade. Antes de mais, o amor a Deus e a Jesus. Reconhece a presença eucarística de Jesus e sente grande devoção pela imagem e símbolo do seu Coração. Confessa que Jesus é muito bonito, bem mais do que as estampas em que é representado. Mesmo assim, manifesta o seu afecto beijando uma estampa que a prima lhe deu.

Desejava muito receber Jesus na Eucaristia, o “Jesus escondido”, como lhe chamava. E dizia: “Gosto tanto d’Ele!”. Visitava-O na igreja paroquial e não se cansava de lhe dizer que O amava. Quando a prima regressava da igreja e lhe dizia que tinha comungado, pedia-lhe com grande ternura: “Chega-te aqui bem para junto de mim, que tens em teu coração a Jesus escondido”. Ela tinha uma real percepção da presença de Jesus no seu íntimo, embora não soubesse explicar o que experimentava. Dizia: “Não sei como é! Sinto a Nosso Senhor dentro em mim. Compreendo o que me diz e não O vejo nem oiço; mas é tão bom estar com Ele”.

Tinha dentro do peito um fogo ardente que a levava a amar Jesus e o seu Coração. Muitos dos sacrifícios que sofria oferecia-os por amor de Jesus e de Maria. Detinha-se longamente a pensar em Nosso Senhor e em Nossa Senhora e nos pecadores..., como forma de meditar e de lhes manifestar o seu afecto. Enquanto esteve no Orfanato, em Lisboa, podia fazer companhia a Jesus escondido e receber a comunhão.

Nada menos era o seu amor à Virgem Maria, especialmente sob a imagem do seu Coração Imaculado. Exclamava: “Eu gosto tanto do seu Coração! É tão bom!”. Pouco antes de ir para o hospital, recomenda à prima que difunda a sua devoção: “Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que o Coração de Jesus quer que, a Seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria; que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha entregou a Ela”. O seu amor e devoção manifestava-se quer no cumprimento das recomendações e apelos da Virgem quer na oração frequente do rosário. E ainda na repetição frequente das jaculatórias: “Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, converte os pecadores, livra as almas do inferno!”.
P. Jorge Guarda,
Vigário Geral da Diocese de Leiria-Fátima
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Rosário, na Capelinha das Aparições, e procissão das velas, no Recinto de Oração

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