24 de maio, 2021

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“Num mundo cada vez mais tribalizado, Fátima e outros santuários têm um papel fundamental”, diz Henrique Raposo

 

O investigador, cronista do jornal Expresso e da Rádio Renascença, é o convidado do Podcast #fatimanoseculoXXI, no qual fala da importância do catolicismo como “elemento construtor de pontes” entre nações e sobre o papel que Fátima pode desempenhar na afirmação e na defesa da Paz.

Os santuários podem ser lugares “imperfeitos” do ponto de vista da afirmação de uma fé esclarecida, que “muitas vezes precisa de ser purificada”, mas são “fundamentais” porque “constituem o único lugar para a expressão e vivência da religião e de certos assuntos relacionados com a fé”, afirma Henrique Raposo no Podcast #fatimanoseculoXXI que está disponível em www.fatima.pt/podcast a partir do dia 13 de março.

“Os santuários vão crescer em termos de visitantes, pois são os únicos espaços onde as pessoas podem expressar o que a sociedade não deixa”, refere o investigador e cronista do jornal Expresso e da Rádio Renascença ao exemplificar com um caso concreto, “porque é de exemplos concretos” que se faz a história do Cristianismo. Na mira do investigador estão as Jornadas Interdisciplinares de maio As crianças, a morte e o luto, que o Santuário vai promover no âmbito do centenário da morte de Santa Jacinta Marto.

“Hoje a sociedade ilegalizou a morte, isto é, banimos a narrativa sobre a morte e o luto; não sabemos explicar a morte às crianças, nem falamos sobre a morte de crianças” afirma, ao acrescentar: “a sociedade ilegalizou a morte, ela desapareceu do espaço público, os cemitérios novos chamam-se tanatórios, já não falamos da morte, nem na literatura. Hoje é tudo higienizado: morremos nos hospitais, vamos para a morgue, depois a agência funerária trata de tudo, já não permitimos o último adeus”.

“A relação física com a morte, que está ilegalizada da nossa vida, tem em lugares como Fátima, uma explosão emocional”, conclui ao lembrar a importância e a necessidade de a Igreja estar “cada vez mais no mundo”.

“O que mais me fascina em Fátima é aquilo que me define como católico, que quer dizer universal, e estar em Fátima é estar com o mundo”, avança esclarecendo que esta “torre de Babel” tem um denominador comum, isto é, “estamos unidos todos debaixo da mesma fé”.

“Isto é fortíssimo! Num mundo cada vez mais tribalizado, Fátima e outros santuários têm um papel cada vez mais fundamental. E não falo só do ponto de vista religioso, mas, sobretudo, do diálogo entre nações”.

“Na Europa as nações são cada vez mais nacionalistas, assistimos a que atirem tijolos umas às outras. E, nesse sentido, o catolicismo tem o dever de fazer pontes, de estimular as nações a construí-las”, afirma Henrique Raposo ao deixar um alerta: “das coisas perigosas que podem ocorrer é os católicos transformarem-se numa tribo entre tribos, em vez de serem construtores de pontes entre tribos”. Fátima pelo que representa, pelo acontecimento e pela sua mensagem, “é uma referência” porque “simboliza esse lado do catolicismo e apela à conversão do coração de cada homem”. E embora Henrique Raposo tema que “boa parte do mundo cristão entre numa espécie de tribalismo”, que “faça perder a própria essência de ser cristão”, espera que Fátima “possa dar o exemplo”.

“A parábola do bom samaritano retrata bem o que quero dizer: hoje temos o mulato, o migrante e eu fico preocupado quando vejo crentes a apoiarem projetos políticos nacionalistas, que sublinham uma supremacia branca, que francamente não sei o que é, mas sei qual foi o resultado que deu esse entendimento ao longo da História”.

“Ser católico não é acreditar em muros: não podemos deixar povos morrerem no Mediterrâneo. É imoral. Prefiro que se abram as portas e se resolvam os problemas que daí advém. Para sermos católicos não precisamos de apoiar soluções radicais nem ceder a chantagens. Ser católico é ser como o bom samaritano e não estar do lado de quem fecha a porta”.

Para Henrique Raposo, a pobreza e a espuma dos dias “afastam-nos da fé e da sua vivência”; são precisos lugares como Fátima “para que as pessoas possam ter acesso a uma experiência de fé”. Mesmo que ela “precise, por vezes, de ser purificada”.

O Podcast #fatimanoseculoXXI com Henrique Raposo está disponível aqui

 

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