06 de outubro, 2010

No dia 12 de Outubro de 2010, em conferência de imprensa realizada na Casa de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima, foi apresentado ao público o livro "D. João Pereira Venâncio – Servir em tempos de mudança", edição do Santuário de Fátima.
Sob a coordenação do Padre Augusto Ascenso Pascoal, trata-se de uma colectânea que reúne as conferências proferidas nas celebrações do primeiro centenário do seu nascimento (2004): em 8 de Fevereiro, em Monte Redondo, sua terra natal; em 4 de Junho, no Santuário de Fátima; e na Sé de Leiria, a 12 de Dezembro (percurso biográfico, formador de padres, educador, mensageiro de Fátima e monge).
Junta-se um ensaio de síntese cronológica sobre D. João Pereira Venâncio e a sua época e o programa completo das celebrações deste ano de 2010.
A publicação encontra-se à venda na Livraria do Santuário de Fátima, por 7 euros.
Estão a decorrer, até Dezembro deste ano, as celebrações em memória do Senhor D. João Pereira Venâncio, que foi bispo residencial de Leiria, entre 1958 e 1972, por ocasião do 25º aniversário do seu falecimento (2 de Agosto de 1985), no contexto do ano sacerdotal, instituído pelo Papa Bento XVI (2009-2010).
 
D. João Venâncio - Mensageiro de Fátima através do Mundo
Um olhar sobre a personalidade e a acção de D. João Venâncio facilmente descobre que, entre as suas muitas facetas que se foram manifestando, desde o tempo de seminarista e de estudante de filosofia e de teologia, na Universidade Gregoriana (1917-1930), de sacerdote (1929-1954), de bispo auxiliar e residencial de Leiria (1954-1972), e até ao falecimento (1972-1985), a que mais ressalta, sem dúvida: é ter-se dedicado intensamente à difusão da mensagem de Nossa Senhora, de Fátima, na Cova da Iria, em Portugal e no mundo.
Precisamente quando terminava a primeira fase das visitas da “Virgem Peregrina” pelos cinco continentes (1947-1955), ele pegou no testemunho que lhe foi entregue, principalmente por Mons. Manuel Marques dos Santos, que já era conhecido nas décadas de 1930 e de 1940, como animador das grandes peregrinações no Santuário, e que fora escolhido para representar o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, nas viagens da veneranda Imagem (1948-1955).
No ano de 1954, ao ser nomeado bispo auxiliar de D. José, escolheu logo, como brasão episcopal, o simbolismo do lírio, entre duas asas, e a legenda “Ecce Mater tua”. Como outrora, Jesus confiou a Virgem Mãe ao discípulo João, assim este “toma agora também a Mãe de Deus à sua conta, difundindo nas almas a sua mensagem e fazendo-se arauto da devoção para com Ela”.
Na entrada solene na diocese, como bispo residencial, a 8 de Dezembro de 1958, dia da Imaculada Conceição, revelou à multidão dos fiéis, reunidos na Sé de Leiria: “A minha vida de modesto filho da Santa Igreja tem decorrido toda sobre o signo da Mãe Imaculada. No seu cinquentenário (1904), vi a luz do dia e nasci para a graça; no 75º aniversário (1929), recebi o sacerdócio; no centenário (1954), o episcopado. Não queria tomar sobre meus débeis ombros o peso da sua Diocese, fora do Seu dia! (…). Esta diocese, queridos diocesanos, não é minha, não é nossa! É de Nossa Senhora! Não veio Ela tomá-la para Si na hora da sua restauração?”.
Os momentos em que viveu mais intensamente a mensagem de Nossa Senhora foram muitos e significativos. Participou activamente no encerramento do Ano Santo para o estrangeiro, na Cova da Iria, a 13 de Outubro de 1951. No dia 1 de Março de 1957, entregou na Nunciatura de Lisboa, para ser levado para Roma, o célebre sobrescrito com a terceira parte do segredo de Nossa Senhora aos pastorinhos, que a Irmã Lúcia escrevera, a 3 de Janeiro de 1944. Como sucessor de D. José, entretanto falecido, acompanhou, de perto, as vicissitudes que esse manuscrito teve, ao longo dos anos. Recebeu em Fátima, em 13 de Maio de 1956, o Cardeal Roncalli, patriarca de Veneza, que, dois anos depois, viria a ser eleito Papa, com o nome de João XXIII. No dia primeiro de Janeiro de 1960, instituiu no Santuário de Fátima a Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento (Lausperene), para “desagravar Nosso Senhor e o Coração Imaculado de Maria, impetrar a paz, regresso ao lar paterno dos nossos irmãos separados, bom êxito do Concílio Ecuménico”. A 17 de Maio do mesmo ano, escreveu aos bispos do mundo inteiro, a convidá-los para uma “jornada mundial de oração e penitência pelo triunfo da causa de Deus”, no dia 13 de Outubro, com as mesmas intenções.
D. João participou nas quatro sessões do Concílio, de 1962 a 1965, com João XXIII e Paulo VI. Não se pode esquecer que foi no encerramento da 3ª sessão, a 21 de Novembro de 1964, que o Papa Paulo VI proclamou Nossa Senhora, Mãe da Igreja, lembrou a consagração de 1942 e resolveu enviar a rosa de ouro ao Santuário de Fátima, “tão caro não só ao povo da nobre Nação Portuguesa – sempre, porém hoje particularmente a nós caro - como também conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo católico”. No fim da quarta sessão, a 6 de Dezembro de 1965, mais uma vez se falou de Fátima, quando o Cardeal Cerejeira convidou os Padres conciliares a estarem presentes no Santuário, no cinquentenário das Aparições, daí a dois anos.
 Em 25 de Julho de 1966, D. João, em Carta Pastoral, anunciou a comemoração festiva do cinquentenário das Aparições de Fátima e da restauração da Diocese de Leiria (1917-1918/1967-1968). Voltou a convidar os bispos do mundo e trabalhou incansavelmente para que o próprio Papa estivesse também em Fátima, nesse cinquentenário, pelo que se dirigiu a Roma, algumas vezes. Da audiência, do dia 22 de Abril de 1967, veio com a certeza de que o Papa no Santuário, no próprio dia 13 de Maio. Quantas recordações daquele dia inolvidável! Ninguém adivinharia, naquele dia, que a visita de mais dois Papas se repetiria, no dia 13 de Maio de 1982, 1991 e 2000, na pessoa de João Paulo II, e de 2010, na de Bento XVI. Na primeira data, D. João, bispo emérito, ainda estava vivo e esteve presente. Certamente, já antevia a glorificação dos pequeninos pastores Francisco e Jacinta, para a qual tanto tinha trabalhado, durante muitos anos. Ainda se associou a outros momentos de glória para Fátima: a consagração do mundo e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, na Praça de S. Pedro, a 25 de Março de 1984, na presença da Imagem de Nossa Senhora, da Capelinha das Aparições, e a nova denominação da sua Diocese, como “Diocese de Leiria-Fátima”, no dia 13 de Maio desse ano.
 A 2 de Agosto de 1985, em Leiria, entregava a sua bela alma a Deus, ao fim de mais de 81 anos de vida, quase 56 anos de presbítero, 31 de bispo e 6 de religioso da “Ordem dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz”.
           P. Luciano Cristino
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