12 de fevereiro, 2023

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Nova Oportunidade para a Paz

Pelo padre Carlos Cabecinhas*

“Ano novo, vida nova”, diz o provérbio. Porém, se a chegada de um novo ano nos enche de esperança e confiança, também sabemos que o novo ano herda problemas velhos, nomeadamente a dramática realidade da guerra. Na mensagem para o 56º Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2023), o Papa Francisco afirma que “quando já ousávamos esperar que estivesse superado o pior da noite da pandemia de Covid-19, eis que se abateu sobre a humanidade uma nova e terrível desgraça”: assistimos ao aparecimento do flagelo da guerra na Ucrânia.

Esta guerra, que regressou à Europa, para além das inúmeras vidas que vai ceifando e do rasto de destruição que vai deixando, provocou uma onda de refugiados como não víamos desde a Segunda Guerra Mundial. Além disso, como recorda o Papa, esta guerra vai atingindo “de forma generalizada e indiscriminada” a todos e não apenas aqueles que são diretamente implicados: pensemos naqueles que sofrem com as subidas do preço dos combustíveis e com a falta de alimentos, nomeadamente de cereais, e a crise económica que isso provoca.

Este não é, porém, o único foco de conflito aberto no mundo: lembremos a guerra civil na Síria, agora quase esquecida, mas que, desde 2011, já provocou mais de 500 mil mortos e mais de 6 milhões de deslocados internos e mais de 6 milhões de refugiados; a guerra civil no Iémen; o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão; as guerras que assolam tantos países africanos, muitas delas guerras esquecidas e vítimas ignoradas.

Cada novo ano é uma nova oportunidade para a paz. Por isso, compreendemos a importância da escolha feita pelo Papa S. Paulo VI do dia 1 de janeiro para o Dia Mundial da Paz: trata- -se de uma jornada que não nos deixa esquecer o drama das guerras e das suas vítimas, que noz faz rezar pela paz, dom e tarefa, que nos mobiliza para acolhimento e para o apoio aos refugiados.

Mas a jornada mundial da paz é também um apelo à paz a outro nível: “a cultura da paz não se constrói apenas entre os povos e entre as nações, começa no coração de cada um de nós” (discurso do Papa Francisco à Cúria Romana, a 22 de dezembro de 2022). Se nos sentimos impotentes diante do drama da guerra, este é um aspeto de depende de cada um de nós, levando-nos a “extirpar do próprio coração toda a raiz de ódio e ressentimento contra os irmãos e irmãs que vivem junto de nós”. De facto, há muitas formas de violência que são também um atentado à paz: as agressões físicas, a violência verbal e psicológica, os abusos de poder, a indiferença aos outros e aos seus problemas, a exploração de seres humanos, a falta de respeito pelos direitos dos outros e pela sua dignidade... Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, o Papa recorda- nos que “ninguém pode salvar-se sozinho”: juntos é que podemos contruir um mundo mais fraterno e pacífico.

A mensagem de Fátima é mensagem de paz e de esperança e está profunda e indelevelmente ligada ao tema da paz. É, por isso, um forte estímulo para nos tornamos efetivamente construtores de paz à nossa volta, de modo que este novo ano seja verdadeiramente sinónimo de vida nova.

Desejo a todos um bom ano de 2023, cheio das bênçãos de Deus

 

*Reitor do Santuário de Fátima

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