01 de dezembro, 2018
Nova exposição temporária mostra 100 anos de Capelinha das Aparições"Capela Múndi" foi inaugurada esta tarde e poderá ser visitada gratuitamente até 15 de outubro
Foi inaugurada, ao início da tarde de hoje, a nova exposição temporária do Santuário “Capela Múndi”, que comemora o centenário da construção da Capelinha das Aparições, e que a apresenta como um dos mais importantes ícones do Santuário de Fátima. Assente numa aturada pesquisa histórica, a exposição propõe ao visitante uma narrativa que se desenvolve em nove núcleos expositivos, que desvelam chaves de leitura sobre como uma pequena capela branca se tornou no centro das atenções de uma boa parte da humanidade. Através de um diálogo metafórico constante entre peças de arte contemporânea e antiga, de várias disciplinas artísticas, como pintura, escultura, ourivesaria e tapeçaria, a exposição “Capela-Múndi” apresenta a Capelinha das Aparições como resultado da insistência popular junto da hierarquia religiosa de então, em fazer cumprir o pedido da Virgem, deixado na sexta Aparição de 13 de outubro de 1917, do qual as crianças videntes se afirmavam depositárias: "façam aqui uma capela". A mostra oferece a possibilidade de uma visita ao interior da Capelinha, através de uma réplica construída à escala real, numa reconstituição intimista onde estão expostas as gavetas originais do pequeno móvel do altar. No exterior, a volumetria representativa da Capelinha das Aparições – que foi intencionalmente deixada branca para sublinhar a simbologia da sua cor – é circunscrita por uma barra cronológica de fotografias que mostra a evolução da paisagem da Capelinha até à atualidade. Entre as peças diretamente ligadas à Capelinha das Aparições estão também: uma carta, datada de 1919, onde um peregrino pede ao pároco de Fátima que se cumpra o pedido de Nossa Senhora para a construção da Capelinha; a carta onde o pároco de Fátima comunica ao bispo de Leiria o atentado à bomba que destruiu parcialmente a Capelinha, em 1922, assim como um fragmento da porta da Capelinha, recolhido após aquele episódio; terra, pedras e argamassas recolhidos do local onde está a peanha que suporta a Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que marca o lugar exato das Aparições; os pilares do antigo alpendre da Capelinha e uma réplica do azulejo do seu alçado oriental.
100 anos em 9 núcleos O início do percurso sublinha o lugar de Maria como Mãe da Igreja. Sob o título “Contínua presença”, este núcleo de entrada expõe uma pintura da Assunção da Virgem Maria, assim como a coroa de prata que constou do trono do retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. O segundo núcleo faz memória do pedido da Virgem para a construção da Capelinha, transportando-o para o sentido da edificação da mensagem deixada por Nossa Senhora aos Pastorinhos, na Cova da Iria. É aqui que se encontra a réplica da Capelinha à escala real. A concretização do pedido de Nossa Senhora num edifício de arquitetura arcaica e popular, e a forma como ele resistiu ao tempo é posto em relevo no terceiro núcleo, que, ao percorrer os vários projetos de remodelação e de reedificação do espaço, termina com uma imagem de Santo Agostinho – patrono da Diocese de Leiria-Fátima –, a segurar uma edificação, que pretende simbolizar a chancela eclesiástica da iniciativa popular de construção da Capelinha. Um conjunto de Terços artísticos feitos de prata, ouro, marfim e coral são apresentados numa vitrina, no quarto núcleo, momento da exposição onde também é reproduzida a primeira fotografia da Capelinha das Aparições, uma outra da primeira da primeira Missa ali celebrada, a 13 de outubro de 1921, e uma série de três imagens que mostram o estado em que a capela ficou, após o atentado de 1922. No quinto núcleo, que apresenta a Capelinha como “Lugar de oração: o louvor, a súplica, a entrega e a gratidão”, estão expostas placas votivas que os peregrinos foram oferecendo a Nossa Senhora ao longo do último século. É também neste momento expositivo que estão patentes as três rosas de ouro que os Papas ofereceram ao Santuário de Fátima. O templo edificado como imagem teológica de um templo maior, constituído por “pedras vivas” que formam a Igreja, é metaforicamente abordado no sexto núcleo, onde é apresentado o projeto do alpendre que protege a Capelinha desde 1982, inspirado nos pálios litúrgicos, e que, desde então, a apresenta como relíquia. A área expositiva extravasa o espaço do Convivium de Santo Agostinho, para apresentar um pequeno barco de pesca num dos espelhos de água da Galilé dos Apóstolos. As referências ao mar estão congregadas no VIII núcleo, que apresenta a metáfora da capela como farol sob o tema “Capela em alto mar: a barca de Maria”. Aqui, é apresentada uma instalação de arte contemporânea: uma bóia salva-vidas gigante em forma de coração, decorada com pétalas de flores; e são expostos ex-votos de pescadores e o terço oferecido a Nossa Senhora pelos pescadores de Caxinas, regatados de um naufrágio em 2011. Neste espaço, há também um diálogo com o espelho de água exterior, através da reprodução no vidro de diferentes perspetivas da forma arquitetónica da Capelinha, a última das quais, na forma da estrela das vestes da Imagem de Nossa Senhora, numa referência que aponta para o tema da exposição temporária do próximo ano pastoral. O sétimo núcleo, que apresenta a “Capela como lugar da nova evangelização”, confina-se a uma sala onde é projetada a transmissão em direto da Capelinha das Aparições, numa constatação de Fátima como espaço da nova evangelização pelos milhares de peregrinos que seguem Fátima diariamente através do digital. Nesta sala, está também o andor histórico que transportou a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, até ao ano passado, altura em que foi para restauração, num processo que se pode ver num vídeo que ali é reproduzido. Na conclusão, o último núcleo, sob o título “Capelinha = pequena Igreja”, centra-se no diminutivo que, desde cedo, é utilizado na designação da capela edificada na Cova da Iria a pedido de Nossa Senhora. Através de peças evocativas dos santos Pastorinhos, é apresentada a Mensagem de Fátima como uma luz “que uma boa parte da humanidade acredita ser transformadora do coração humano”. A exposição “Capela Múndi” estará patente ao público até 15 de outubro de 2019, diariamente entre as 9h00 e as 18h00. Apartir do dia 2 de janeiro de 2019, o Museu do Santuário de Fátima assegurará duas visitas guiadas diariamente, às 11h30 e às 15h30. Na primeira quarta-feira de cada mês, entre maio e outubro, serão realizadas visitas temáticas, com um orador convidado, a saber nos dias 1 de maio, 5 de junho, 3 de julho, 7 de agosto, 4 de setembro e 2 de outubro. Esta sétima exposição temporária, desenvolvida pelo Museu do Santuário, é comissariada por Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima e conta com a conceção arquitetónica de Joana Delgado e o design de Inês do Carmo. |