16 de abril, 2015


VISITA DA IMAGEM PEREGRINA ÀS DIOCESES DE PORTUGAL
1. Na proximidade do centenário
No âmbito do programa de preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, as dioceses de Portugal acolherão a imagem da Virgem Peregrina, entre maio de 2015 e maio de 2016.
A Igreja em Portugal tem, assim, ocasião para rejubilar de alegria, ao aproximar-se esta celebração. Ao acolhê-la como vivência da fé, exprime a certeza de que Deus nunca abandona a humanidade, mesmo quando a esperança parece vacilar no meio dos dramas e incertezas do tempo presente, mas sempre a conduz para o encontro salvífico com seu Filho Jesus Cristo.
Ao reconhecer às aparições de Fátima o estatuto de revelações, embora particulares, a Igreja está em sintonia com a multidão de homens e mulheres que vivem a fé cristã animados pela força de uma mensagem plenamente conforme ao Evangelho de Jesus Cristo. Nela se encontram os elementos constitutivos do cristianismo: a fé em Deus Trindade Santíssima, a centralidade da Eucaristia celebrada e adorada, a condição da Igreja como Povo de Deus, a figura do Papa como promotor da unidade e da caridade entre os cristãos, a penitência e a oração como meios que conduzem à conversão a Deus e ao amor dos irmãos, a paz em todas as suas dimensões como efeito salvífico da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Por isso, desde muito cedo a própria hierarquia da Igreja acolheu a dimensão sobrenatural das aparições de Nossa Senhora em Fátima. As peregrinações dos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, bem como de inúmeros membros do episcopado, do clero e cristãos do mundo inteiro mostram como Fátima está no coração da Igreja. 
2. Fátima, coração espiritual de Portugal
Em Portugal, a força da fé cristã e o modo como ela se vive não seriam os mesmos sem este precioso auxílio divino. De facto, ao longo destes últimos cem anos, o catolicismo do nosso país, já antes radicalmente mariano, foi sendo também profundamente impregnado da espiritualidade de Fátima.
Hoje, a piedade popular de cariz mariano e inspirada pelos apelos de Fátima faz parte integrante da expressão de fé do Povo de Deus em todos os recantos do nosso país, das zonas rurais às urbanas, do mundo mais simples ao mais desenvolvido social e culturalmente. Tanto no culto mariano celebrado na liturgia da Igreja, como na piedade popular expressa nas peregrinações, festas, romarias e outras manifestações de devoção, é notória a especial predileção dos portugueses pela via mariana presente em Fátima.
“Fátima é o coração espiritual de Portugal”, como afirmou o Papa Bento XVI na sua peregrinação de 13 de maio de 2010. Para isso muito têm contribuído as iniciativas promovidas ou acolhidas pelo Santuário de Fátima: os inúmeros retiros espirituais, congressos teológicos e encontros de espiritualidade, as celebrações dos vários Sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação, os diversos exercícios da piedade popular, entre os quais se destacam as peregrinações, levam os pequenos grupos ou as grandes multidões ao encontro com Deus e com a Igreja.
Para isso contribui também a veneração da imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. A sua presença generalizada nas nossas igrejas e capelas é um dos sinais mais evidentes do acolhimento universal que o povo lhe concede como sua intercessora junto de Deus e como portadora da mensagem da paz para a Igreja e para o Mundo de hoje.
3. Um momento de missão evangelizadora
Esperamos, por isso, que esta visita da imagem da Virgem Peregrina de Fátima mobilize todas as comunidades cristãs para um acolhimento caloroso, marcado pela alegria de receber, na fé, o ícone da Mãe de Deus e Mãe dos Homens, contemplação do rosto terno e misericordioso de Deus, sempre objeto da devoção e do carinho dos fiéis. Na simplicidade e na grandeza de povo crente, entoaremos com Maria o cântico de louvor e gratidão a Deus pela grandeza das suas obras, proclamando com entusiasmo a profecia do Magnificat: “de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 48).
Aproveitamos este momento de graça para convidar o Povo de Deus a entrar em profundidade na celebração da sua fé, particularmente por meio da participação na Eucaristia, da celebração do Sacramento da Penitência e da Unção dos Doentes; para incentivar à oração de adoração diante do Santíssimo Sacramento, tão caraterística da espiritualidade de Fátima; e para relançar o hábito da oração mariana do Rosário nas famílias cristãs, acompanhada pelas meditações bíblicas e pelo silêncio contemplativo.
Convidamos as crianças a crescerem no amor a Jesus e a Nossa Senhora, seguindo o exemplo dos Três Pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco. Pedimos a todos que acolham a imagem da Virgem Peregrina com sobriedade e que a visita seja ocasião de solicitude e partilha com os pobres.
Enquanto fenómeno mobilizador das multidões, a mensagem e a espiritualidade marianas de Fátima predispõem, de facto, muitos corações para acolherem a ação evangelizadora da Igreja. Esperamos que este acontecimento de grande alcance eclesial deixe marcas muito positivas nas comunidades cristãs, ajude a renascer a alegria do encontro com o Evangelho de Jesus Cristo e o entusiasmo de viver em Igreja.
Aproveitemos esta peregrinação como incentivo para a concretização do grande objetivo da Igreja em Portugal: a evangelização. De acordo com a nossa Nota Pastoral “Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal” (11 de abril de 2013), os caminhos que se abrem à Igreja entre nós vêm à luz no contexto da caminhada para o centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima (cf. nº 5). Que Maria, a Estrela da Evangelização, nos ajude a encontrar os meios para a renovação pastoral delineados pela Conferência Episcopal Portuguesa e pelas nossas dioceses, em sintonia com os caminhos apontados pelo magistério do Papa Francisco, particularmente na Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho”.
A todos exortamos a acolherem a Virgem Peregrina de Fátima como a imagem da “Igreja em saída”, que vai ao encontro dos seus filhos e filhas em todas as periferias, para lhes levar o anúncio de Jesus Cristo como o único Salvador.
Fátima, 16 de abril de 2015
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