28 de janeiro, 2022

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“Aprendamos a ser uma Igreja cuidadora de todos, especialmente dos mais pequenos e frágeis como ela  fez com os pastorinhos”, afirma D. José Ornelas Carvalho

Novo bispo de leiria-Fátima foi nomeado esta sexta-feira pelo Papa Francisco e na mensagem aos diocesanos das duas dioceses tem bem presente o Santuário e a Mensagem de Fátima

 

Numa “saudação amiga e fraterna às igrejas de Setúbal e Leiria-Fátima”, o bispo que sucederá ao cardeal D. António Marto à frente da diocese onde se inscreve territorialmente o Santuário de Fátima, pede uma igreja “em comunhão”, com “sentido de escuta” e disponível para a missão.

“É(...) com verdadeira emoção, alegria e esperança que saúdo toda a Igreja de Leiria-Fátima, a começar pelo Cardeal D. António Marto, ao qual me liga uma grata amizade fraterna, nascida à sombra do Evangelho e no serviço da Igreja. Assumo com gratidão e como desafio a herança de pastor que ele me deixa, no seguimento de outros dedicados bispos, de quem D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva é testemunha, felizmente presente na Diocese”, afirma o novo prelado, nomeado esta sexta-feira pelo Papa Francisco como bispo titular da diocese de Leiria-Fátima, sucedendo a D. António Marto que liderou a diocese durante 16 anos.

“A todos os irmãos e irmãs, com os seus presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos/as e com todas as pessoas que vivem, se comprometem e testemunham fé, em tantos modos, estendo um fraterno abraço, em nome do Senhor que me envia para o meio de vós como Bispo. Juntos procuraremos escutar o chamamento de Deus a toda a Igreja, convocada para um caminho sinodal de escuta, comunhão participada e missão. Terei também ocasião de vos saudar mais demoradamente e de aprender convosco a conhecer esta Diocese que, desde já, está bem gravada na minha mente e no meu coração”, afirma o novo prelado que entrará na diocese no dia 13 de março, dia em que, em Fátima, se invocam as aparições.

“Ao Pe. Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima e a quantos com ele servem este local especial de referência para a Igreja e o mundo, dirijo uma saudação amiga, com muita alegria e esperança. Quando comecei o meu ministério episcopal em Setúbal, percorri a Diocese com a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que aqui estava de visita. Ela foi a minha primeira guia na missão que Deus me confiava. Agora, peço-lhe que me acompanhe nesta nova missão em Leiria-Fátima”, sublinha o prelado.

“Que ela nos ensine a todos a sermos uma Igreja modelada na sua atitude de Mãe carinhosa, atenta à Palavra de Deus. Aprendamos a ser uma Igreja cuidadora de todos, especialmente dos mais pequenos e frágeis como ela fez com os pastorinhos, aos quais se revelou, consolou, fortaleceu e deu esperança, para vencerem inúmeras dificuldades, como a pandemia, a doença, a guerra e a própria morte” destaca na mensagem, no final da qual pede a proteção de Nossa Senhora.

“Que Maria, que acompanhou os discípulos de Jesus na oração, no acolhimento do Espírito Santo e na missão, acompanhe também hoje a nossa Diocese de Leiria-Fátima, na sua vida e na sua missão para renovar, pelo mesmo Espírito do Senhor, a Igreja e o mundo”.

 

"Fátima ressoa nos nossos ouvidos e no nosso coração, aqui em Portugal e no mundo, como local muito especial e uma referência de uma presença de Deus numa situação também dramática, como aquela que vivemos.(...) Maria, Mãe carinhosa dos mais pequenos é a imagem de Igreja que nós queremos ser, como anunciadores neste mundo."

 

Na mensagem deixa, ainda, uma palavra de gratidão para com os diocesanos de Setúbal, que continua a liderar até ao dia da entrada em Leiria, como Administrador Diocesano.

“Foi um dom precioso ter-vos conhecido, ter trabalhado convosco, ter partilhado os tempos conturbados da pandemia e os sonhos da nossa Igreja, bem como dos homens e mulheres da nossa linda península de Setúbal. Levarei sempre comigo a memória agradecida do vosso acolhimento, participação e apoio. Aqui, convosco, aprendi a ser Bispo, embora com muitas deficiências, erros e falhas, de que vos peço perdão e que procurarei melhorar. Não nego que a partida me causa tristeza, não por mim, mas pelos projetos que estavam a surgir ou esperando melhores condições para serem lançados. Ficam nas mãos de Deus e confiados ao vosso discernimento e do próximo Bispo”, afirma D. José Ornelas Carvalho.

“ Levo-vos bem no coração, com rostos, histórias, dramas e sonhos, pessoais, de Igreja e de missão. Será sempre um gosto acolher-vos em Leiria e em Fátima, onde pedirei que Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja, seja sempre vossa intercessora e vosso modelo na escuta de Deus e na realização do seu projeto na Igreja de Setúbal e na transformação do mundo. E peço-vos que oreis também por mim ao Senhor de toda a Igreja”, diz ainda.

D. José Ornelas Carvalho, filho de António Tomás Carvalho e Benvinda de Ornelas, nasceu a 5 de Janeiro de 1954, no Porto da Cruz, Ilha da Madeira.

Depois da escola elementar, foi aluno do Seminário Menor Diocesano do Funchal, entre 1964 e 1967. Desejando ser missionário, pediu para ingressar no Colégio Missionário da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) no Funchal (1967-1969), prosseguindo depois os estudos no Instituto Missionário, em Coimbra (1969-1971).

Após um ano de noviciado, fez a primeira profissão religiosa em Aveiro, a 29 de setembro de 1972. Após dois anos de estudos filosóficos, passou outros dois nas missões da Congregação em Moçambique (1974-1976), regressando, em seguida, a Lisboa, onde concluiu a Licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa (1979).

Especializou-se em Ciências Bíblicas, em Roma e Jerusalém, concluindo a Licenciatura Canónica no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Foi ordenado Presbítero na sua terra natal, Porto da Cruz, a 9 de agosto de 1981.

Regressado a Portugal, em 1983, foi docente assistente e secretário da Faculdade de Teologia de Lisboa, atividade que interrompeu para preparar o doutoramento em Roma e na Alemanha (1992-1996), tendo obtido o grau de doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa a 14 de julho de 1997. Na mesma universidade, retomou as atividades docentes até 2003.

Na sua Congregação, foi formador no Seminário de Alfragide, em paralelo com a atividade docente e assumiu outros cargos no âmbito da Província Portuguesa dos Dehonianos, da qual se tornou Superior Provincial a 1 de julho de 2000. No Capítulo Geral da Congregação, foi eleito Superior Geral dos Dehonianos a 27 de maio de 2003, cargo que ocupou até 6 de junho de 2015.

A 24 de agosto de 2015 foi nomeado, pelo Papa Francisco, Bispo da Diocese de Setúbal, sucedendo a D. Gilberto Canavarro. A 25 de outubro do mesmo ano foi ordenado Bispo na Sé de Setúbal, onde tomou posse.

Em junho de 2020, foi eleito Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa para o triénio 2020/2023 em Assembleia Plenária.

 

 

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