11 de junho, 2024
“Não viemos a Fátima para ser Servitas, somos Servitas porque estávamos em Fátima”Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima colabora ativamente com o Santuário no acolhimento dos peregrinos e na divulgação e vivência da Mensagem de Fátima.
Na Quarta “Memória”, a Irmã Lúcia, ao falar da aparição de 13 de setembro, destaca uns “cavalheiros que nos iam abrindo passagem por entre a multidão”. Um destes homens seria Carlos Azevedo Neves, tio-avô de Maria José Eiró, atual presidente da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima. “Era um homem grande, que abria os braços, falava alto e abria caminho”, conta Maria José, falando destes peregrinos que viviam em Torres Novas e estavam por Fátima a “ver o que se passava”, mas sobretudo a “prestar o auxílio necessário”. Em declarações à Voz da Fátima, Maria José Eiró explica que este centenário significa, acima de tudo, 100 anos de presença contínua em Fátima e serviço a Nossa Senhora e aos seus peregrinos, de forma “sempre constante e serena”. “Este serviço traduz a nossa entrega e o respeito que temos pela promessa que fizemos, e viver em função disso, ser para servir, no seguimento da Mensagem de Fátima, sendo espelho desta mensagem nas nossas vidas”, afirma. A família “gosta de nos ver chegar do serviço, pois voltamos de coração cheio e felizes”, refere. A ligação de Maria José Eiró a Fátima é centenária, pois a avó paterna presenciou o milagre do sol em 1917 e deixou escrito o que viu e sentiu nesse dia. A data da sua promessa é fácil de lembrar: 12 de maio de 1982, dia da primeira visita do Papa João Paulo II a Fátima. “Qualquer pessoa pode ser Servita”, no entanto, tem de ser católico, ter entre 18 e 50 anos e “descobrir que, mais do que ser peregrino de Fátima, quer ser um peregrino de Fátima ao serviço dos outros peregrinos”. “O grande tempo de formação prende-se com a exigência da disponibilidade, pois servir tem de ser prioridade, é um compromisso para a vida”, considera Gonçalo Corrêa D’Oliveira que fez a sua promessa há 45 anos e é atualmente vice-presidente da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima. “Nós não viemos a Fátima para ser Servitas, nós somos Servitas porque estávamos em Fátima”, assegura. A presença e o serviço na Cova da Iria têm vindo a ser cada vez mais intensos, consequência das exigências do tempo presente, “sempre com a consciência de que é preciso estar em Fátima onde e quando os peregrinos estão”. Em média, são admitidos 12 Servitas por ano, após um período de cinco anos de discernimento e formação.
100 anos de serviço aos peregrinosA Associação dos Servitas foi o primeiro corpo de voluntários em Fátima, ainda antes do reconhecimento das Aparições.
A 12 de junho de 1924, nascia em Fátima, pelo bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, um grupo que, desde a primeira hora, presta apoio aos peregrinos. Destaca-se pelas insígnias, mas também pelo serviço. A Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima celebra 100 anos e colabora ativamente com o Santuário no acolhimento dos peregrinos, de modo especial no acolhimento dos doentes e na divulgação e vivência da Mensagem de Fátima. Os Servitas foram o primeiro corpo de voluntários, constituído logo em 1924, ainda antes do reconhecimento das Aparições pela Carta Pastoral do bispo de Leiria. É uma associação pública de fiéis, constituída por leigos, religiosos, diáconos e presbíteros. É uma associação católica, que foi erigida canonicamente pelo bispo de Leiria, sob a proteção de Nossa Senhora, no Santuário de Fátima, onde tem a sua sede. A 27 de junho de 2017, a Associação dos Servitas foi condecorada pelo Presidente da República com o grau de Membro Honorário da Ordem de Mérito. Para Pedro Santa Marta, então presidente da Associação, a condecoração representou “uma responsabilidade” e “um estímulo para nos mantermos sempre humildes e fiéis à nossa missão”.
Admissão e Serviço Atualmente, a Associação conta com cerca de 450 membros, dos quais 250 colaboram de forma ativa com os vários serviços do Santuário de Fátima. Podem ser Servitas os cristãos católicos que o solicitem junto da direção da Associação. O processo de aceitação passa por uma avaliação pessoal feita pelo setor de formação. Uma vez admitido, o candidato frequenta uma fase inicial de formação, seguindo-se um período de estágio que se prolonga por alguns anos, percorrendo os diversos setores de atividade. É durante este tempo que é feito um discernimento mútuo sobre a aptidão e vocação de cada candidato para o serviço aos peregrinos. Os candidatos requerem depois a sua promessa de Servita, juramento público que é feito perante o bispo de Leiria-Fátima. A Associação é conduzida por uma direção, eleita pelos Servitas reunidos em Assembleia Geral e validada pelo bispo de Leiria-Fátima, como o são aliás todas as decisões. Assim o exige o Código de Direito Canónico para as associações públicas de fiéis. Esta dependência hierárquica do Ordinário cruza-se com a dependência orgânica da Reitoria do Santuário de Fátima, na qual a Associação se integra e a quem compete a atribuição dos serviços a desempenhar. Os setores de serviço correspondem a valências particulares correspondentes a necessidades concretas dos peregrinos de Fátima. No setor do Recinto, os Servitas intervêm, em articulação com o Departamento de Vigilância e Gestão Operaciona do Santuário, na organização das celebrações que ocorrem nas Peregrinações Aniversárias, de modo particular as eucaristias e procissões. O seu trabalho consiste em conter e conduzir, orientar e servir com o objetivo de assegurar a plena participação de todos, com a dignidade que a Liturgia exige. No setor das Confissões, atuam com o objetivo de permitir ao elevado número de peregrinos que ali acorrem um acesso digno e orientado. No acolhimento de peregrinos com particulares necessidades de cuidados de saúde, os Servitas têm um papel igualmente importante que se reparte por três áreas: no Lava-Pés, onde recebem os peregrinos a pé e os penitentes de joelhos que ali acorrem, tratando das suas feridas; no Posto de Socorros, onde atendem os peregrinos que, por acidente ou doença súbita, precisam de cuidados médicos e de enfermagem; e na admissão de doentes à área que lhes é reservada, na Colunata, onde é assegurado um acompanhamento adequado para que, participando nas celebrações litúrgicas, os doentes recebam no momento próprio a desejada Bênção do Santíssimo Sacramento. Os Retiros de Doentes requerem uma logística específica com uma equipa de voluntários. Também aí os Servitas estão presentes para desempenhar um trabalho particularmente exigente. Decorrem duas vezes por mês, entre março e novembro. No setor da formação, acompanham a fase de aprendizagem e, durante o tempo de estágio, os candidatos a Servitas. Os Servitas colaboram, ainda, com o Santuário reforçando quer o acolhimento dos peregrinos nos Valinhos e em Aljustrel nas Peregrinações Aniversárias e nos fins de semana de agosto, quer os serviços de saúde nos fins de semana dos meses de verão. Desde junho de 2023, estão também disponíveis no Centro de Escuta Lúcia de Jesus.
Inspiração e insígnias O Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e os hospitaliers serviram de inspiração aos Servitas, pela vocação para o acolhimento de doentes. Nos primeiros anos de atividade, um grupo de primeiros responsáveis deslocou-se a França para aí aprender o cuidado e serviço para com a pessoa em situação de fragilidade. O sinal mais visível dessa influência foram as insígnias: as correias para os homens e a farda branca para as mulheres. As correias, ainda hoje utilizadas como símbolo dos Servitas quando se encontram em serviço, surgiram como equipamento adequado para auxiliar o transporte dos doentes em macas. A ideia havia sido recuperada da experiência dos soldados que tinham por missão o transporte dos feridos em macas, na frente de batalha. A farda branca das Servitas reproduzia a das enfermeiras, pois a sua principal missão é o cuidado dos peregrinos doentes.
Oração de Despedida “Ó Maria, Senhora de Fátima! Senhora da imagem do andor, dos lenços brancos, dos cantos e das lágrimas Senhora do Silêncio da Capelinha Senhora da Luz das procissões Senhora da Esperança dos doentes Senhora da Paz dos Corações Senhora da Penitência Senhora da Oração Senhora da Promessa Senhora da Conversão És refúgio dos que pecamos És Mãe quando sofremos És consolo quando choramos És presença quando Te queremos Diz-nos, ó Mãe, que queres de nós, Teus Servitas? trabalho, doação, serviço, caridade, coração, silêncio... Queres certamente: Oração, Penitência, Conversão. Por estes dias ao Teu serviço, obrigado Senhora! Para os tempos que vivemos, a Tua Luz, Maria! Para o futuro que nos espera, a Tua bênção, ó Mãe!” |