03 de janeiro, 2012


O bispo de Leiria-Fátima presidiu, na noite de 31 de dezembro de 2011, no Santuário de Fátima, à eucaristia de ação de graças pelo ano que findava, momento em que descreveu a situação de crise que vive “o nosso país doente” (Portugal) e em que procurou sensibilizar para “caminhos de esperança”.
“Não é tempo de pessimismos nem de catastrofismos. Também não é tempo de ilusões e de falsas seguranças que escondam as dificuldades do momento. É tempo de encorajamento e de empenho, em que cada um possa dar algo para que a esperança não morra e a paixão pelo que é possível não seja abandonada”, afirmou D. António Marto, durante a missa, celebrada na Igreja da Santíssima Trindade.
Intitulada “Abrir caminhos de confiança em tempo de dificuldades”, a homilia do bispo da Diocese de Leiria-Fátima falou da “gravidade da crise que nos atinge” e “do sentido de dever de cada um”.
“Sem o contributo pessoal de cada um, a barca corre o risco de se afundar. Cada um deve fazer a sua parte para que a esperança vença o medo tanto a nível pessoal como coletivo”, disse D. António, acrescentando que “desta emergência grave só sairemos todos juntos e solidários”.
Este empenho geral, considerou, deve ser equitativo: “Certamente, quem tem mais tem o dever de dar mais. Isto chama-se equidade. Os mais ricos devem contribuir mais para curar a economia do nosso país doente. Mas ninguém é tão pobre que não possa oferecer algo para salvar a barca comum: a qualidade do trabalho, escolhas de sobriedade, aceitação de sacrifícios em nome da solidariedade, proximidade e partilha com os mais frágeis e carenciados”.
“A crise pode ser mais uma razão para refletir sobre as opções a tomar para a nossa vida pessoal e coletiva. É, sem dúvida, um desafio a crescermos em solidariedade. Os gestos de solidariedade são sinais de esperança em tempo de crise”, apelou D. António Marto.
Um outro alerta foi deixado pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima: “Não basta a lei dos mercados. A humanidade não foi criada para servir os mercados; estes é que foram criados para servir a humanidade. Se este princípio for respeitado, a esperança vencerá o medo”.
Alguns sinais proféticos capazes de caminhos novos
Nesta mesma homilia, na missa que antecedeu a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições e o acolhimento ao novo ano de 2012, com a consagração ao Imaculado Coração de Maria e gesto da paz, D. António Marto destacou alguns dos acontecimentos e iniciativas que marcaram a Igreja Católica no ano de 2011 e pelas quais“queremos elevar um hino de ação louvor pela Graça em pessoa que é o dom do Filho, Jesus Cristo, e pelo seu amor por nós”.
Na Igreja Universal o prelado destacou as Jornadas Mundial da Juventude em Madrid, o encontro inter-religioso em Assis e a proclamação do Ano da Fé de 11 de Outubro de 2012 a Novembro de 2013, em comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II. Destacou também a “festa da beatificação do Papa João Paulo II”.
“São momentos especiais destinados a ficar na história; acontecimentos vividos com enorme alegria que exprimem a vitalidade da fé da Igreja. Mostram que ainda há uma reserva de vida e de frescura para o futuro, uma espécie de ‘pulmão espiritual’ dentro de uma Europa em crise de fé e de esperança. São sinais proféticos de uma Igreja aberta ao mundo, capazes de abrir caminhos novos para o anúncio do Evangelho”, referiu.
Na Igreja em Portugal, destacou a mobilização de “milhares de fiéis” na reflexão proposta pelos bispos portugueses “Repensar a pastoral da Igreja em Portugal”. “A fé faz-nos felizes por dentro mesmo em tempos difíceis”, afirmou a este propósito.
Ao nível da sua diocese, o bispo de Leiria-Fátima lembrou o percurso pastoral que em 2011 refletiu e concretizou várias iniciativas pastorais e solidárias sob o tema “Chamados à Caridade”.
“Quereis oferecer-vos a Deus?”
Na mesma homilia de final de ano em Fátima, D. António Marto evocou o “testemunho que nos legaram os Pastorinhos, cuja adoração de Deus, Trindade de Amor, se traduziu na entrega incondicional ao pedido de Nossa Senhora: ‘Quereis oferecer-vos a Deus?’”, lema para o ano pastoral recém-iniciado.
Este lema pastoral, considera D. António, “convida-nos à disponibilidade e generosidade da nossa entrega hoje aos desígnios de Deus para com o nosso mundo tão carente da sua misericórdia”.
LeopolDina Simões
A homilia de D. António Marto na íntegra está disponível nesta página em "Homilias | Mensagens"
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