18 de setembro, 2022
Motociclistas chamados a serem “protetores e guardiães” da justiça e da integridadeMilhares de motociclistas participaram esta manhã na VII Bênção dos Capacetes em Fátima. Papa enviou mensagem para a celebração presidida pelo bispo das Forças Armadas e de Segurança
O Santuário de Fátima recebeu esta manhã milhares de motociclistas que peregrinaram à Cova da Iria no encontro nacional anual, conhecido como Bênção dos Capacetes, que este ano contou com uma mensagem do Papa Francisco. “O papa Francisco saúda afetuosamente os participantes, encorajando-os na fidelidade à sua vocação de batizados, a exercerem com generosidade a sua missão de garantir um ambiente seguro para que cada cidadão possa viver em paz e serenidade, não só prevenindo, gerindo, ou pondo fim aos conflitos, mas contribuindo para a construção de uma ordem fundada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade”. A mensagem foi enviada através do substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, D. Edgar Peña Parra. “Com estes votos que se fazem preces, o Santo Padre concede-lhes, extensiva aos seus familiares, a bênção apostólica, pedindo que, por favor, não deixem de rezar por ele”, concluiu o texto, recebido com uma salva de palmas pela multidão. Esta peregrinação, que esteve suspensa durante os dois anos da pandemia, contou com a organização de 10 motoclubes oriundos das dioceses de Lisboa, Algarve, Leiria-Fátima e Braga, bem como o empenho da diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança. Na missa, presidida por D. Rui Valério, participaram igualmente os dadores de Sangue, que realizaram este domingo a sua peregrinação nacional a Fátima, bem como vários grupos estrangeiros de Itália, República Checa, Estados Unidos da América, Reino Unido, Espanha e França, entre outros. Na homilia, o bispo das Forças Armadas e de Segurança convidou os peregrinos a “viver na esperança”, de forma “empenhada e comprometida”, propondo a partir da liturgia, uma reflexão sobre o simbolismo do capacete, utensílio indispensável aos motociclistas e que é um sinal da “presença de Deus em todas as situações da vida”. “O capacete que vamos elevar para receber é o maravilhoso símbolo da salvação, o qual representa a presença de Deus na nossa vida, porque é ele que garante a segurança”, afirmou o prelado. “O capacete remete também para os valores éticos, que, ao serem aplicados, garantem a afirmação inalienável da dignidade de cada homem e de cada mulher, como um capacete que protege e defende a sociedade da negação da condição única de cada pessoa”. Por isso, pediu aos motociclistas para nunca recusarem a proteção a ninguém. “Tanto nas estradas, como na vida, procurai ser para os outros o que desejais que os outros sejam para vós mesmos: nunca permitais que alguém seja ferido na sua dignidade, nunca consintais que, pela sua vulnerabilidade, fraqueza ou pobreza, haja quem seja diminuído. Sede protetores e guardiães da integridade de toda a gente”, afirmou. “A comunidade motociclista pauta-se pela abertura e tolerância e pela capacidade de compreender todos os seres humanos. Em vós se encarna a solidariedade “ disse ainda D. Rui Valério. “O visor do capacete torna-se abertura para o futuro e vos conduzirá à contemplação do rosto misericordioso de Deus, único Senhor a quem servis na vossa vida”, declarou. A intervenção evocou todos os que já faleceram, sublinhando que os motociclistas são “peregrinos da camaradagem”. “Nenhum peregrino, tal como nenhum motociclista, viaja sozinho, mas traz consigo todas e todos os camaradas que fazem da estrada um modo de vida”, precisou.
Santuário satisfeito com o regresso desta peregrinação O reitor do Santuário saudou o regresso desta peregrinação. “Para nós é motivo de alegria pois é um sinal do retorno a um certo ritmo de vida do Santuário e que como tudo nas nossas vidas foi profundamente afectado pela pandemia. É uma peregrinação que tinha pressa e vontade de voltar muito rapidamente”, disse o padre Carlos Cabecinhas. “Trata-se de uma manifestação de fé mas também de um momento de encontro e de convívio” acrescentou ainda destacando que habitualmente, “não associamos de facto os motards à vivência da Fé, mas é interessante a experiência que ficou do Centenário, aquando da visita da Imagem da Virgem Peregrina às dioceses, durante a qual, em muitos lugares contamos com os grupos locais de motociclismo a fazer a guarda de honra à imagem. Portanto, isto contradiz o preconceito de que este grupo seja afastado de uma certa espiritualidade. Parte deles vive a sua fé de forma muito efetiva”. “Fátima transmite-lhes uma mensagem de esperança e de confiança; a evocação da bênção tem este significado de confiar a Deus também aquelas que são as viagens e as deslocações que lhes proporcionam um lugar de encontro e de reforço da fé para encararem a vida com mais optimismo”, concluiu.
|