12 de outubro, 2008

HOMILIA DO CARDEAL ARCEBISPO DE VILNIUS, LITUÂNIA:


No Antigo Testamento, a aliança entre Deus e o Seu povo é frequentemente apresentada sob a figura de um casamento místico entre Deus e a humanidade, casamento cujas marcas são o amor mútuo e a fidelidade.
Na primeira leitura, o profeta Isaías proclama uma mensagem universal de esperança, não só para o povo eleito, mas para todos os povos, que são também convidados para o banquete celeste na casa de Deus, onde Ele revelará toda a verdade, fará desaparecer a morte, enxugará as lágrimas.
Não surpreende, portanto, que Cristo, ao falar do Reino dos Céus, use a imagem familiar de uma festa de casamento. Na parábola de hoje o reino dos céus é o banquete nupcial; Jesus é o esposo; Deus Pai é o rei que manda chamar os convidados.   Outras vezes, no Evangelho, Jesus também se apresentou sob a imagem do esposo e chama aos seus discípulos amigos do esposo. São Paulo fala de esponsais entre Cristo e a sua Igreja; Cristo, que “amou a Igreja e se entregou a si próprio por ela” (Ef 5, 25), enquanto São João chama à Igreja “esposa do Cordeiro”.
 
Mas voltemos à parábola. A alegria da narração do festim de núpcias é ofuscada pela recusa dos anteriormente convidados. É uma alusão clara à rejeição de Jesus e da sua mensagem por parte de muitos dos seus ouvintes, pertencentes ao povo eleito.
Perante esta recusa, o rei da parábola, lança um segundo convite, dirigido à gente da rua, bons e maus. São Lucas, na mesma parábola, fala de cegos, coxos e estropiados. E assim se enche a sala do banquete.
A parábola das bodas mostra que futuro Deus  nos reserva: Deus convida para a sua mesa, para a comunhão gozosa e alegre com o Filho, no céu.
A história repete-se hoje: Nós, aqui reunidos, representamos a segunda vaga de convidados, procurados nas encruzilhadas dos caminhos do mundo.
Vivemos num mundo onde muitos abandonaram, esqueceram, ignoram a Deus e vivem
como se Ele não existisse: estão surdos ao convite divino.
A nós compete-nos escolher com inteira liberdade, dizer sim ou não ao convite de Deus. Devemos assumir plenamente a responsabilidade da nossa escolha. Podemos escolher livremente,  claro, mas depois já não somos livres perante as consequências da nossa ecsolha. Dizendo não, não conseguiremos chegar à realização feliz da nossa vida.
Recusar o convite para o banquete significa recusar a vida de comunhão com Deus por toda a eternidade. Assim  já não teremos espaço para a esperança.  
Os motivos da nossa ecsolha, os pretextos para justificar a nossa recusa, podem ser diversos, mas resumem-se todos no facto de considerarmos mais importantes as nossas coisas, o nosso campo, os nossos projectos humanos, o nosso bem-estar, as nossas comodidades, o nosso prazer, os nossos interesses e desejos puramente humanos. Absorvem-nos tanto, que não ouvimos o chamamento de Deus, fechados no nosso horizonte puramente humano, a ponto de não saber levantar os olhos para o Céu.
Como é diferente a atitude simples dos dois Pastorinhos, Franscisco e Jacinta, hoje na alegria do Céu, junto da Mãe de Deus, eles que souberam oferecer as suas preces, os seus sacrifícios, a sua vida pelos pecadores, para que se convertam e entrem no Reino dos Céus.
Jesus termina a parábola com uma reflexão que nos deixa perplexos: “São muitos os chamados, mas poucos os escolhidos”. Cristo não quer fornecer-nos dados estatísticos quanto ao número dos que chegam felizmente à meta. Faz-nos uma advertência grave para que não nos colemos a uma falsa segurança, mas empenhemos todas as nossas forças na correspondência ao chamamento divino, que, no fundo, é chamamento à conversão, à santidade de vida.
Talvez nos surpreenda a referência à pessoa que não levava a veste nupcial e foi expulsa do banquete. Vem-me à lembrança a veste branca que foi entregue a cada um de nós no dia do nosso Baptismo, no qual nos tornámos nova criatura revestida de Cristo. “Esta veste branca seja sinal da tua nova digndade: ajudado pela palavra e pelo exemplo dos teus entes queridos, guarda-a sem mancha para a vida eterna”.
Sempre que participamos no banquete eucarístico – como fazemos agora – devemos entrar em nós próprios, perguntarmo-nos se estamos verdadeiramente revestidos da veste branca, sem mancha – e renovar as nossas promessas baptismais de viver na liberdade dos filhos de Deus e renunciar às seduções do mal, para não nos deixarmos dominar pelo pecado.
Este exame de consciência não deve desencorajar-nos. Nossa Senhora apareceu em Fátima, mostrando o Céu e o Inferno aos três videntes, não para nos apavorar, mas para, através deles, nos fazer um aviso: a escolha do nosso fim último depende da nossa liberdade, este dom enorme concedido por Deus a cada um.
Esta é a lição da parábola. Trata-se de aceitar o convite de Deus. Escolher a via estreita, que conduz à vida, ou a larga, que conduz à perdição (Cf Mt 7, 3).
Peçamos a Nossa Senhora de Fátima a sua ajuda materna, para fazermos a escolha acertada e tomarmos com muita confiança o caminho da conversão, dizendo com o apóstolo Paulo: “Tudo posso naquele que me conforta”! (Fil 4, 13)

† Audrys  J. Card. Backis
Arcebispo de Vilnius
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