12 de agosto, 2019
Migrantes e refugiados são “mensageiros de Deus”, diz cardeal D. Marc OuelletNa homilia da Missa da Vigília, o presidente da Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto olhou para o drama dos refugiados e apresentou a caridade cristã como “sinal de Deus em ação na história”
Esta noite, na homilia da Missa da Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto, o cardeal D. Marc Ouellet estabeleceu um paralelo entre a génese da Igreja e o drama dos migrantes e refugiados, que definiu como “mensageiros de Deus” e alvo primeiro da caridade de todos batizados. Ao evocar episódios da “história santa”, o presidente da celebração começou por lembrar a origem peregrina da Igreja, um “povo a caminho, (…) tantas vezes fustigado e sofredor”, mas sempre “acompanhado” e “protegido” por Deus. Desta constatação e do próprio Mistério da Encarnação, que evidencia um Deus que se faz próximo da humanidade, D. Marc Ouellet deduziu a “Aliança” de amor através da qual os batizados em Cristo são “levados a espalhar aos outros a caridade gratuita”, e exortou esta ação caritativa em ordem aos que o Santo Padre apelida de “últimos”, que são os “enganados, abandonados, torturados, abusados e violentados”. Definindo os migrantes e refugiados como “um povo de seres humanos vulneráveis, descartados, maltratados e desprezados, como o foi o Crucificado”, o cardeal canadiano pediu, de seguida, a oração pela ação do Espírito Santo para que estes sejam “reconfortados, consolados, levantados” e que encontrem, nas “peripécias de viagem, (…) o testemunho da caridade dos cristãos e dos não-cristãos”. “A vossa solidariedade para com todos eles, que manifestais através desta peregrinação, é um sinal dos tempos e um sinal de Deus em ação na história, Deus que revela através do seu povo a caminho a aspiração profunda da humanidade que ultrapassa de facto o horizonte terrestre”, afirmou, dirigindo-se à assembleia de peregrinos. Na conclusão, D. Marc Ouellet definiu os migrantes e refugiados como “mensageiros de Deus”, apresentando uma leitura escatológica a partir da realidade que vivem. “Não sois apenas miseráveis expostos a todas a intempéries, sois mensageiros de Deus que, através de vós, recorda a todos o destino comum da humanidade a caminho até à cidade de Deus, a Jerusalém celeste prometida a todos os homens de boa vontade.” Concelebrou a Missa o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, três bispos e 72 sacerdotes. Na assembleia estiveram meia centena de grupos organizados de peregrinos, provenientes de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Irlanda, Malta, Brasil, Estados Unidos da América, Costa do Marfim, Senegal, Vietname e Malásia. A Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto, que integra também a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado, prossegue com uma Vigília de Oração, durante a madrugada, que termina com uma Procissão Eucarística, já de manhã. As 9h00 será recitado o Terço, na Capelinha das Aparições e às 10h00 começa a Missa Internacional, que integrará a tradicional oferta do trigo, pelos peregrinos, no momento da apresentação dos dons. A peregrinação de Agosto culminará na Procissão do Adeus. |