18 de fevereiro, 2018
“Mensagem de Fátima é verdadeira pedagogia para a vivência da Quaresma”Reitor do Santuário de Fátima presidiu à Missa dominical e apresentou a oração, a penitência e o amor ao próximo como caminhos para conversão que a Quaresma propõe a todos os batizados.
Na homilia da Missa do primeiro domingo da Quaresma, que decorreu esta manhã na Basílica da Santíssima Trindade, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, apresentou o período de 40 dias de preparação para a Páscoa como um tempo de conversão, que deve ser vivido em oração mais intensa, em penitência e numa maior atenção aos outros e às suas necessidades. Partindo do relato das tentações de Jesus no deserto, que a Liturgia apresenta para este domingo, o sacerdote disse que “viver a Quaresma é imitar o modelo de esforço e conversão de Jesus, na sua ida para o deserto para orar, jejuar e combater e vencer a tentação.” Aludindo às referências fundamentais que São Marcos usa, no Evangelho deste domingo, para relatar as tentações de Cristo, o reitor do Santuário apresentou uma análise simbólica de cada um dos três elementos presentes na narração do evangelista: o deserto, os 40 dias e a tentação. Em relação ao deserto, o sacerdote começou por lembrar que, no mundo bíblico, este “era o local do encontro íntimo e intenso com Deus, porque foi ali que Ele fez a Aliança com o seu povo”, para concluir que, também nós, na Quaresma, somos convidados a “parar para escutar Deus, através da sua Palavra e da oração”. Para além de ser “lugar de encontro com Deus”, o deserto foi também “lugar de tentação”, acrescentou, ao recordar que foi lá que “o povo foi tentado e sucumbiu à tentação, murmurando contra Deus, fazendo ídolos e prestando-lhes culto”. “Indo para o deserto, Jesus assume as nossas próprias tentações, fragilidades, desvios e os nossos esquecimentos de Deus, assume-os para nos transformar, para os salvar. Se a Quaresma é imitar Jesus no deserto, então somos convidados a assumir a atitude de Jesus que vence a tentação, que supera a própria fragilidade e que se deixa conduzir e guiar pela mão de Deus.” Em relação ao terceiro elemento que São Marcos sublinha no relato das tentações de Cristo no deserto: os 40 dias, o reitor do Santuário começou por estabelecer uma relação simbólica deste período com vários momentos do Antigo Testamento: os 40 anos de peregrinação do povo de Deus, pelo deserto, a caminho da Terra Prometida; os 40 dias que Moisés esteve no Sinai, em jejum e oração, na presença do Senhor... Para conluir que “os 40 dias da Quaresma também nos remetem para um período de empenhamento e esforço que nos conduz a Deus”. Tempo para recordar o Batismo Com referência à segunda leitura, em que São Pedro compara o Batismo cristão com o dilúvio, nos tempos de Noé, como acontecimento de salvação, o sacerdote relacionou a conversão com o Batismo, apresentando a Quaresma como “uma oferta do Senhor para renovar os compromissos batismais e procurar a comunhão com Deus, indo à raiz da nossa relação com Ele.” “Falar de conversão só tem sentido para nós, que fomos batizados, e que nem sempre conseguimos viver com esta nossa condição. Este tempo da Quaresma convida-nos a recordar e a procurar a brancura original do ser batizado, limpando a sujidade que a vida foi imprimindo na veste batismal.” Convidando a assembleia a seguir o modelo de Jesus, o padre Carlos Cabecinhas identificou os três grandes caminhos que a Tradição da Igreja apresenta para a vivência da Quaresma, como tempo de conversão: a oração mais intensa e a escuta mais frequente da Palavra de Deus; as práticas penitenciais, como sinal do desejo de conversão, como o jejum e a abstinência das sextas-feiras; e uma renovada atenção aos outros e às suas necessidades. “Também a Mensagem de Fátima, com o seu veemente apelo à conversão, nos conduz a uma vivência séria e intensa deste tempo quaresmal. Com o convite a dar a Deus o primeiro lugar nas nossas vidas e a conduzir a nossa vida pela sua vontade, com o apelo insistente à oração, a fazermos sacrifícios e a amarmos os irmãos, a Mensagem de Fátima apresenta-se-nos como uma verdadeira pedagogia para a vivência da Quaresma como tempo de conversão”, concluiu. |