14 de janeiro, 2018

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Memória e gratidão são duas atitudes “fundamentais” do ser cristão, refere conferencista convidado pelo Santuário

Pe. Joaquim Ganhão, liturgista, inaugurou os Encontros na Basílica para este ano pastoral

 

A Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima acolheu hoje a primeira conferência dos 'Encontros na Basílica', proferida pelo Pe. Joaquim Ganhão, intitulada “Memória e Gratidão: atitudes crentes”.

O sacerdote, natural de Pedrógão, concelho de Torres Novas, afirmou que memória e gratidão são duas atitudes fundamentais do ADN do cristão.

“Memória e gratidão são duas atitudes que constituem o modo de ser mais profundo e sincero do cristão identificado com o dom que o tocou e com a graça que o envolveu” disse lembrando que “não é possível ser cristão sem cultivar estas duas atitudes, sem entrar nelas e sem assumir na vida as devidas consequências”.

“Fomos chamados a participar do Mistério de Cristo e, no caminhar da história de cada um e da comunidade, celebramos e vivemos esse mesmo Mistério que se atualiza, para nós, na Eucaristia. Na memória do Senhor e de tudo o que ele fez por nós, damos graças ao Pai, por Cristo no Espírito Santo”, disse.

O tema proposto pelo Santuário de Fátima para este ano pastoral- Dar graças pelo dom de Fátima- “coloca-nos no coração do acontecimento e na história que dele brotou como um grande rio de graça, de vida e de misericórdia que atualiza, naqueles que o acolhem e celebram, o Mistério de Deus que visita o seu povo e a ele se revela como luz e salvação que desperta gratidão, alegria e louvor”, afirmou o sacerdote.

O conferencista recordou a experiência dos pastorinhos, primeiro com o Anjo e depois com Nossa Senhora, para sublinhar que foi da experiência do encontro com Deus que resultou a transfiguração da sua vida, sem, contudo,  “nunca perderem a candura das suas idades e a delicadeza espontânea e autêntica da sua educação serrana”.

“Na luz intensa da Senhora da Azinheira viram-se em Deus, tornaram-se guardadores de segredos e de mensagens que prenunciam novas manhãs pascais, para a Igreja e para o mundo. Sem perceberem tudo à primeira, deixaram-se conduzir. Com dificuldade guardaram aquelas palavras que não conseguiam conter dentro de si”, disse destacando que  “o dom de graça e misericórdia tantas vezes se esconde aos sábios e inteligentes e se revela aos pequeninos”.

Hoje, Fátima continua a “acolher e a atualizar este dom guardado e transmitido aos pequeninos. O Santuário guarda esta memória. Milhões de peregrinos guardam esta memória, aquela mesma memória viva de que falava há dias o Papa Francisco no discurso ao Corpo diplomático: uma memória que brota da fé, cheia de entusiasmo e alegria que Maria aqui suscita na multidão dos peregrinos”, precisou.

Para o Pe. Joaquim Ganhão fazer memória é participar e não apenas lembrar.

“Para vivermos a profundidade desta memória, há um caminho a percorrer: o caminho do encontro vivo com o Senhor na oração; o caminho da penitência que renova a vida; o caminho da conversão que nos leva à festa do encontro e à felicidade da comunhão”, disse ainda.

“Trata-se sempre de um caminho feliz e belo, onde a candura da veste branca e a beleza da luz pascal nos indicam que, para vivermos esta memória, para entrarmos nela, precisamos do dom daquela prudente vigilância que nos permitirá entrar na alegria do banquete e nele nos saciarmos”, disse  reforçando a centralidade eucarística na Mensagem de Fátima.

“Memória, enquanto atitude crente, conduz-nos sempre ao coração da fé, a uma vida profundamente eucarística” afirmou.

Por outro lado lembrou que `dar graças´ “constitui a atitude cristã fundamental”, e dar graças pelo dom de Fátima “é também reconhecermos como esta memória e esta gratidão aqui se experimentaram desde a primeira hora até ao dia de hoje. Sempre a Eucaristia foi o centro e o cume da vida deste Santuário. Para aí nos conduz a Senhora mais brilhante que o sol”.

O sacerdote, que integrou o grupo coordenador que preparou a visita do Papa,  recordou as palavras de Francisco na Missa do dia 13 de maio de 2017,  sobre o sentido da peregrinação a Fátima, onde Nossa Senhora “estende o seu manto de luz”  para concluir que  “Memória e gratidão conduzem-nos por esta estrada, e tal como Maria aqui fez com os pastorinhos, também hoje nos continua a introduzir no conhecimento íntimo do Amor Trinitário e nos leva a saborear o próprio Deus como o mais belo da existência humana”.

Este foi o primeiro de cinco `Encontros na Basílica´, que o santuário de Fátima oferecerá durante este ano pastoral que está  integrado num triénio genericamente designado de “Tempo de Graça e Misericórdia”.

O II Encontro na Basílica, realiza-se a 11 de março com a palestra "O reconhecimento eclesial das aparições de Fátima", pelo Pe. João Paulo Quelhas, capelão do santuário de Fátima.

A seguir a este momento de palavra os peregrinos de Fátima puderam assistir a um recital pelo grupo Cantus Novus Ensemble, sob direção de António Lourenço Menezes.

O grupo interpretou seis temas: Ave Maria, de António L. Menezes; Psalmus 126, de Gyorgy Orbán; Magnificat, de Arvo Part; Kyrie-II de Rui Paulo Teixeira; Drei Hirtenkinder aus Fatima, de Arvo Part e Díptico, de Alfredo Teixeira.

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