26 de novembro, 2022

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Livro “O Jornal Voz da Fátima: cem anos a olhar o mundo” à venda nas livrarias do Santuário a partir de hoje

Publicação reúne olhares de investigadores de diferentes áreas sociais sobre o jornal da Cova da Iria, que nunca se desligou dos vários contextos nacional e internacional. O prefácio é de José Pacheco Pereira

 

“O jornal Voz da Fátima: 100 anos a olhar o mundo”, uma publicação que se insere na linha editorial do Santuário de Fátima, na Coleção Arte e Património, já está disponível nas livrarias do Santuário de Fátima.

O livro, cujo prefácio é de José Pacheco Pereira, e conta com uma nota de abertura do reitor do Santuário de Fátima, compila uma série de estudos, de diferentes tipologias, que materializam o olhar de vários investigadores sobre o jornal que, desde o primeiro número- em outubro de 1922- se assumiu como o órgão oficial do Santuário de Fátima, sem perder de vista uma atenção pormenorizada ao contexto sócio-político e religioso que o rodeou ao longo de cem anos.

Ao longo deste tempo foi acompanhando jornalisticamente o crescimento de Fátima mas foi também ajudando a estruturar o próprio culto de Fátima, tendo as suas páginas assumido, desde a primeira hora, um programa que cumpria o estatuto editorial, arquivo dos acontecimentos de Fátima, relatando pormenorizadamente as peregrinações à Cova da Iria e os diferentes assuntos que interessavam aos devotos de Fátima, sempre com uma preocupação: formar os leitores em diferentes aspectos da vida social e política do país e do mundo. 

Como refere José Pacheco Pereira no prefácio da obra “em A Voz da Fátima o rastro do século é enorme: desde as formas da fé e da religiosidade, popular e erudita, ao retrato da sociedade rural, do mundo das pessoas da terra muito pouco conhecidas das elites urbanas. Muitas vezes os sinais daquelas pessoas que não ficam, e muito menos aparecem, por regra em letra de forma num jornal, os “de baixo”. E os sinais estão lá, por exemplo num anúncio sugerindo a compra de um livro quase como obrigação que nenhum peregrino que saiba ler deve deixar de ter. Sim, durante muitas décadas, a maioria dos peregrinos e dos portugueses eram analfabetos(...) Tudo isto- prossegue Pacheco Pereira- torna o jornal num repositório de grande valor histórico, mas há aqui uma dimensão que está para além desse valor e que é o retrato da fé”.

Na primeira parte da obra, encontra-se um trabalho de fundo — As vozes da Voz da Fátima: para uma história de um jornal centenário ¬. Assinado por Marco Daniel Duarte este artigo de fundo, porventura um dos mais longos do livro, tem por objetivo o estudo do contexto do nascimento do jornal e a sua relação com cada época, passando pelos diretores da Voz da Fátima, pelas entidades que tutelaram o jornal (proprietários e administradores), pela relação com os Cruzados de Fátima/Movimento da Mensagem de Fátima e pela percepção da identidade do periódico. Por isso, o articulista percorre a voz dos primeiros leitores, a voz dos videntes, a voz do bispo, a voz dos miraculados, a voz sobre o desenvolvimento cultual na Cova da Iria, a voz do culto de Nossa Senhora de Fátima no mundo ou a voz de outras vozes que saem dos prelos, entre a imprensa e os livros e a Voz da Fátima noutros periódicos para evidenciar que este jornal sendo da Cova da Iria faz-se de múltiplas vozes nacionais e internacionais. Neste artigo analisam-se ainda alguns aspectos técnicos como a propriedade, a impressão e a distribuição do jornal. São também abordadas as rubricas, década a década, para evidenciar a percepção do jornal relativamente aos assuntos internos e externos à Cova da Iria. O artigo tem ainda um subtítulo dedicado à relação com os cruzados de Fátima primeiro e depois com o Movimento da Mensagem de Fátima- tema que será desenvolvido mais à frente em artigo próprio, como outros da Virgem Peregrina, das crianças, das curas ou dos Papas-, abrindo de imediato o apetite para outros desenvolvimentos como o Jornal como lugar de doutrina religiosa mas também política, através dos editoriais, concluindo o articulista, Diretor do Departamento de Estudos deste Santuário, que “Fátima não se entende sem as páginas do seu jornal como se de uma ata em continuum se tratasse para noticiar o acontecimento da Cova da Iria que, claramente, extravasou o perímetro do seu Santuário, mesmo antes de as aparições serem confirmadas pela autoridade eclesiástica.(...) Ao longo de 100 anos, o jornal deu voz a muitas vozes e esteve, de facto, ao serviço de uma causa maior, que é a da difusão do culto a Nossa Senhora de Fátima.”

A segunda parte do livro destina-se a revelar, de forma mais incisiva,  algumas das vozes que se fazem ouvir na Voz da Fátima, integrando artigos de fundo que abordam temáticas transversais ao jornal e ao contexto do que as mesmas representam no âmbito maior das publicações periódicas, religiosas ou não. Assim, nesta segunda parte, situam-se textos como A Voz da Fátima no contexto da imprensa católica, de Nuno Estevão- que situa o jornal num contexto de recuperação da crise da imprensa católica, com a estabilização do papel da Igreja numa sociedade fortemente marcada pela guerra e, assim, como uma iniciativa não oficial do episcopado, cuja consistência formal justifica a sua longevidade; A estruturação do culto na Voz da Fátima, de Sónia Vazão, que percorre os artigos publicados pelo mensário de temática fatimita que contribuíram para a globalização do fenómeno de Fátima mas também para a estruturação do culto em Portugal e nas fronteiras do próprio santuário, naquilo a que hoje poderíamos designar de circulo virtuoso;  Os editoriais da Voz da Fátima: uma chave de leitura para o mundo visto da Cova da Iria, por Carmo Rodeia; A Voz da Fátima enquanto lugar de visões políticas: a defesa de uma sociedade com-Deus, de André Melícias, onde se aborda o papel do jornal como lugar consciente e propagador de uma alternativa ao modelo social emergente depois de duas guerras, na qual Deus e os valores do Cristianismo não têm de estar necessariamente apartados da modernidade e Perspetivas de género nas páginas da Voz da Fátima, de Maria de Fátima Reis, uma análise cronológica, feita a partir das narrativas textuais e imagéticas,  na qual se identificam os vários arquétipos da representação feminina na sociedade, na igreja e consequentemente na vida quotidiana, sempre a partir de um modelo de Mulher que é Maria. E, conclui a autora, “Na Senhora da Azinheira se reencontra, em cada uma das cinco periodizações identificadas, o exemplo a seguir pela mulher para enfrentar os diferentes desafios dos tempos”.photo-2022-11-26-17-34-31.jpg

 

A terceira parte do livro, seguindo uma metodologia própria, com textos mais curtos, procura identificar e descodificar algumas das especificidades deste jornal, através de estudos de caso, seja do ponto de vista formal seja do ponto de vista de conteúdos. Neste sentido, dão-se à estampa 16 artigos sobre diferentes realidades constantes e transversais à Voz da Fátima: Os 100 anos nas primeiras páginas: as notícias, a verdade e o estudo,  de António Marujo; Os Assinantes, de Cátia Filipe; Os cabeçalhos, de Marco Daniel Duarte; A publicidade, de Eduardo Cintra Torres; A Virgem Peregrina, de Sónia Vazão; As visitas dos Papa na Voz da Fátima: guerra e paz, devoção e segredo, religião popular e compromisso social, de António Marujo, A arte e o património cultural na Voz da Fátima, de Marco Daniel Duarte; O suplemento do Ano Santo, de André Melícias; As Crianças na Voz da Fátima , por mim novamente; Os conteúdos das páginas do Movimento da Mensagem de Fátima, de Diogo Alves; Fátima e o sublime da fotografia, de António Pedro Ferreira; Fátima, um espaço sonoro: 100 anos de publicação de Voz da Fátima, de Alfredo Teixeira; As Curas e graças, de Maria Benedita Costa; Fátima no Mundo, de Sónia Vazão; As Homilias , de André Pereira e  Peregrinações Aniversária na Voz da Fátima: Divulgação, Celebração e Memória, de Octávio Carmo.

A quarta e última parte do livro visa a apresentação de dados que permitam uma retrospetiva rápida, radiográfica da publicação, e por isso apresenta-se essencialmente como um repositório de informação, contendo no final índices relativos à publicação, deixando aberta a porta da investigação a todos quantos queiram investigar, seja no âmbito das Ciências da Comunicação, da História, da Antropologia, da Sociologia ou da Teologia.

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A Voz da Fátima em números, de André Melícias, e os índices de autores, de rubricas e de assuntos, da responsabilidade de Luís Ferraz, encerram assim este livro que é apenas o começo de uma investigação sobre um jornal que, para lá da sua missão institucional, tem uma vocação universal, já que é o instrumento mais regular de difusão de uma mensagem cuja atualidade também está longe de esgotada.

O lançamento desta obra é a última iniciativa de um conjunto mais vasto de iniciativas que entre novembro do ano passado e novembro deste ano foram projectadas para assinalar este centenário. Além de uma exposição mural, nas Alamedas do Recinto de Oração, dando à estampa as primeiras páginas do primeiro ano da edição da Voz da Fátima, e de uma presença no NewsMuseum, em Sintra, resumindo a história deste jornal, o Santuário promoveu ainda um momento de reflexão sobre o papel da imprensa de inspiração cristã na construção das sociedades modernas, na Terceira Jornada de Comunicação do santuário de Fátima e uma edição do jornal inteiramente dedicada a crianças, feita por crianças e jovens no mês de junho, altura em que decorre no Santuário a Peregrinação das Crianças.

O livro encontra-se à venda nas livrarias do Santuário de Fátima e em https://store.fatima.pt/

 

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