18 de dezembro, 2013
Com a tese “Leitura histórico-teológica do impacto local das Aparições de Fátima a partir do semanário O Mensageiro de Leiria - Um estudo sobre os anos 1917-1927”, Luís Miguel Ferraz, atualmente a trabalhar no Gabinete de Informação e Comunicação da Diocese de Leiria-Fátima, recebeu o prémio Villa Portela 2013, concurso bienal promovido pela Associação para o Desenvolvimento de Leiria, que conta com o apoio da Câmara Municipal e do Instituto Politécnico de Leiria e da editora Gradiva. Nas palavras do autor, o estudo apresenta “uma perceção bastante detalhada dos impactos que os acontecimentos registados em Fátima em 1917 tiveram nos vários âmbitos da sua realidade local – social, política, cultural, religiosa e, até, económica – e da sua súbita expansão para um palco de nível nacional e, posteriormente, internacional”. O ponto de partida para este trabalho, realizado para o Mestrado em Teologia da Universidade Católica Portuguesa, foi o jornal diocesano O Mensageiro. Luís Miguel Ferraz analisou os primeiros textos publicados neste jornal a propósito das aparições na Cova da Iria, “onde se percebem as reservas iniciais e os conflitos que rapidamente se inflamam com outros órgãos de informação, as posições assumidas pelos vários agentes sociais, políticos e eclesiais, e o tipo de abordagem feita por O Mensageiro”. Os acontecimentos de Fátima em 1917 surgem num contexto de instabilidade. “A sua receção em O Mensageiro, para além de espelhar essa realidade, vai ser profundamente marcada pela visão do seu corpo redatorial, muito centrado na figura do diretor, sobre o destino do catolicismo como força restauradora da sociedade portuguesa”, explica o premiado. Outra das conclusões a que chegou foi a de que o fenómeno das aparições se impôs “pela persistência e crescimento da massa de fiéis” na Cova da Iria, o que levou à necessidade de "uma intervenção que enquadrasse a piedade popular num quadro mais oficial de celebrações”, isto logo nos anos seguintes às aparições, que só viriam a ser reconhecidas pela Igreja como dignas de crédito a 13 de outubro de 1930. Luís Miguel Ferraz, que foi jornalista d´O Mensageiro, recebeu o prémio Villa Portela na tarde de ontem, 17 de dezembro, na livraria Arquivo, em Leiria. Deste seu trabalho, o júri salientou a “reflexão isenta de preconceitos e sem visões estereotipadas relativamente ao tema” e o enquadramento "das aparições de Fátima na luta pela restauração da Diocese de Leiria, partindo do olhar de um pequeno jornal e da perspetiva peculiar do seu principal mentor, padre José Ferreira de Lacerda". A propósito deste título informativo, recorde-se que, em maio deste ano, a Diocese de Leiria-Fátima uniu os seus dois jornais O Mensageiro e A Voz do Domingo num único órgão escrito de comunicação: o jornal Presente. LeopolDina Simões |