03 de abril, 2022
Perdão apresentado como “carícia da misericórdia de Deus” e caminho para uma Igreja santaLeiria-Fátima peregrinou, este domingo, à Cova da Iria, onde D. José Ornelas não pôde estar presente, devido a doença. A presidir às celebrações esteve o cardeal D. António Marto, que exortou a uma Igreja que seja "comunhão de amor, de compaixão, de consolação e de perdão".
Este domingo, na Missa da peregrinação da diocese de Leiria-Fátima ao Santuário, o cardeal D. António Marto - que presidiu à celebração por impossibilidade do bispo D. José Ornelas, por estar com Covid-19 – sublinhou a “grandeza e a beleza inenarráveis e indizíveis da ternura e da misericórdia” de Deus, exortando os peregrinos a tomá-la como caminho para a “abertura dos corações às necessidades e misérias” dos que sofrem. A partir do perdão e das palavras com que Jesus absolve a mulher adúltera, narradas no Evangelho deste V Domingo da Quaresma, o presidente da celebração refletiu sobre o “rosto concreto da misericórdia divina”, perspetivando esse mesmo perdão como “uma carícia” da misericórdia de Deus, a quem colocou no centro deste episódio bíblico. “No centro da narração não está o pecado ou o pecador a perdoar ou condenar. No centro está Deus, rico de misericórdia, ‘maior que o nosso coração’. A sua misericórdia supera todas as nossas expectativas e medidas: perdoa, cura as feridas da alma e do coração, resgata, enche de graça e ternura, cumula de dons, rejuvenesce, defende com justiça os oprimidos, arranca ao poder do pecado e da morte, abre caminhos de uma vida nova e de um futuro novo", explicou. Ao apresentar a misericórdia de Deus como universal e ilimitada, D. António Marto exortou os peregrinos a dinamizarem as suas comunidades como espaços de "amor, compaixão, consolação e perdão", e a viverem-nas como lugares onde a misericórdia divina, se “abre às necessidades e à miséria dos outros, aos problemas escondidos, ocultos, à pobreza material e a todo o sofrimento”. “Quando a comunidade cristã acolhe as pessoas com delicadeza, as escuta com atenção, as ama como são, quando cura, reconcilia, anima e encoraja a viver a vida boa do evangelho, torna-se no que ela tem de mais luminoso: uma comunhão de amor, de compaixão, de consolação e perdão, o reflexo da misericórdia divina, um oásis de misericórdia no deserto da cultura da indiferença e da aridez e frieza dos corações e das relações”, afiançou. Focando-se, depois, em Nossa Senhora, que lembrou ser medianeira e intercessora da humanidade, o bispo-emérito de Leiria Fátima recordou, neste tempo de guerra, a “mensagem impressionante de advertência” que a Mãe de Deus deixou na Cova da Iria, fazendo presente o apelo que Virgem de Fátima aqui deixou à “conversão, à mudança do coração humano e do rumo da humanidade”. O presidente da celebração pronunciou excertos da consagração feita pelo Papa Francisco da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, no passado dia 25 de março, tornando presente o atual conflito entre aqueles dois países, que, no seu entender, corre o “risco de se tornar ‘uma guerra fria alargada’, louca, cruel, desumana e sacrílega, que pode sufocar a vida de gerações e povos inteiros”. Na conclusão, o cardeal D. António Marto pediu a intercessão da Virgem Maria para que a humanidade tome uma maior consciência do “amor misericordioso de Deus que, em Jesus nos perdoa, renova o nosso coração oferecendo-nos sempre possibilidades de vida nova e faz de nós povo de Deus, Igreja santa, chamada a progredir no caminho da santidade”.
A partir de Roma, D. José Ornelas saudou os diocesanos de Leiria Fátima e confirmou o desejo do Papa em vir a Fátima, já no próximo anoO novo bispo de Leiria-Fátima não pôde estar presente nesta que seria a sua primeira peregrinação diocesana por estar doente com Covid-19, em Roma, onde se deslocou para um encontro com o Santo Padre. Dando conta de “sintomas ligeiros”, o prelado enviou uma mensagem aos participantes da Peregrinação, que foi lida no início da celebração pelo vigário-geral diocesano, padre Jorge Guarda. “Encontro-me bastante bem, com sintomas ligeiros e sentindo o cuidado fraterno excelente da comunidade dos padres do Colégio Português. Espero poder regressar à Diocese na próxima semana. Agradeço todas as manifestações da vossa amizade e proximidade, que eu sinto igualmente para convosco”, escreveu o bispo de Leiria-Fátima, agradecendo a disponibilidade do cardeal D. António Marto para presidir à Peregrinação. O prelado saudou todos os diocesanos e, de um modo especial, “os jovens, que nos estão a motivar e movimentar para a Jornada Mundial da Juventude”, confirmando a vontade expressa pelo Santo Padre em vir a Fátima naquela ocasião. “Em Fátima, a nossa Diocese abre-se à universalidade da Igreja e ao acolhimento dos que procuram a face de Deus, através da sua Mãe carinhosa. O Papa Francisco ainda anteontem reconfirmou a sua vontade de vir a Fátima, no âmbito dessa manifestação de fé e testemunho dos jovens cristãos de todo o mundo. Respondendo ao seu apelo, queremos ser uma Diocese aberta e acolhedora desses jovens que peregrinarão até Fátima no âmbito do encontro mundial em Lisboa.” A celebração decorreu no Recinto de Oração, onde, desde cedo, se começaram a congregar grupos provenientes das diversas paróquias de Leiria-Fátima. Esta foi a 89.ª peregrinação da diocese de Leiria-Fátima ao Santuário de Fátima que, este ano, teve como tema “Povo de Deus, Igreja santa, bendiz o teu Senhor”. |