14 de setembro, 2008


Três grandes grupos de peregrinos realizaram a 14 de Setembro a sua peregrinação a Fátima: o Movimento Nacional dos Convívios Fraternos, a Associação Nacional de Coxos e a Federação Portuguesa dos Dadores Benévolos de Sangue, que este ano realizou a sua 11ª peregrinação a este Santuário.
No total, registaram-se no Serviço de Peregrinos do Santuário como participantes na Eucaristia Dominical das 11h00 outros 28 grupos de peregrinos oriundos de  dez países, incluindo Portugal.

Recentemente ordenado Bispo, em 29 de Junho deste ano, na Sé Nova de Coimbra, D. João Lavrador, Bispo Auxiliar do Porto, dirigiu-se sobretudo aos jovens, e muito em particular aos jovens Convivas que integram o Movimento dos Convívios Fraternos, movimento fundado em 1968 que realizou este ano o seu 35º Encontro/Peregrinação Nacional em Fátima. 
“É grande a interpelação que nos é feita, sobretudo a vós jovens, que fizestes a experiência apaixonante do amor de Deus nas vossas vidas: estar no mundo, amando-o, não para se limitar a ser como o mundo mas, como recomenda o Apóstolo, para o transformar pela força do Evangelho”, exortou D. João Lavrador que se seguida disse ser possivel que cada homem e mulher deste tempo actue como discípulo de Jesus Cristo.
Num chamamento para cada um olhe para o mundo com o olhar de Jesus Cristo, e em Cristo,  D. João Lavrador pediu aos jovens para que analisem o mundo e experimentem “a verdade de Jesus Cristo”, proclamando à sociedade que “Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e Vida”.
“Permitam-se que vos convide, neste santuário, amparados pela mão de Nossa Senhora, contemplando o seu Coração Imaculado, porque cheio do Amor do Senhor que a conduziu pelos caminhos da verdade de Deus ao encontro da verdade do homem, a renovardes a mesma experiência de Jesus Cristo actuante nas vossas vidas ‘Ele que sendo Deus, despojou-se a si próprio, tomando a condição de servo, ficando semelhante aos homens’, como afirma S. Paulo”, disse D. João Lavrador.
Na sua interpelação aos jovens, o Prelado disse-lhes também: “Neste Santuário de Fátima somos conduzidos pela mão materna de Nossa Senhora, convidando-nos a sermos jovens do nosso tempo, em conversão permanente ao Seu Filho. Não tenhais medo de propordes a vós mesmos e aos outros jovens o caminho da conversão como o único capaz de orientar para o homem novo que todos ansiais e a humanidade espera”.
“Amar o mundo, tal como Jesus, é participar nas estruturas da sociedade, oferecendo aos jovens, aos adultos, às crianças e aos idosos a esperança que brota do Evangelho. Todos lamentamos o deficit de participação pública dos cristãos. Por fidelidade à fé cristã, sede vós jovens os primeiros a incentivar os fiéis leigos das vossas comunidades cristãs a essa participação”, acrescentou D. João Lavrador.

Após o momento da comunhão, um grupo de Convivas apresentou um jogo cénico em frente do altar do Recinto de Oração. De forma original, com um tema musical inédito, os jovens, diocese a diocese, e também com representantes vindos de outros países, sublinharam o compromisso e o anseio pela busca da Verdade, e o apoio em Jesus Cristo, representado por uma cruz grande, branca, colocada no centro da representação.
O momento foi ocasião para que todos os Convivas presentes no Santuário e as suas famílias renovassem os seus votos de consagração a Nossa Senhora de Fátima.
Após a consagração, o Padre Vírgilio Antunes, Director do Serviço de Peregrinos e Reitor nomeado para o Santuário de Fátima, que entra em funções no próximo dia 25 de Setembro, dirigiu-se aos jovens Convivas dizendo-lhes: “O Santuário de Fátima tem sempre muito gosto em acolher-vos. A vós e a todos os outros jovens que queiram aqui e com Nossa Senhora encontrar tranquilidade e paz para as vossas vidas”.
Este movimento dos Convivas nacional já habituou Fátima à sua alegria e dinamismo, e sobretudo ao sentimento de júbilo acente na esperança renovada do sinal de fé aqui pelos jovens Convivas.
A cidade  acolhe, sempre em Setembro, o testemunho e a fé de jovens representantes de todas as dioceses de Portugal. As ruas e o Santuário de Fátima recebem novo colorido, isto porque uma marca distintiva deste movimento, ao jeito de arco-iris de tamanho nacional, é que cada diocese é representada por uma cor diferente.
É também de destacar nesta Eucaristia que a animação musical esteve a cargo de um coro de Dakar, Senegal, que também animou a Eucaristia Internacional Aniversária de 13 de Setembro.
Esta Eucaristia, presidida por D. João Lavrador, foi concelebrada pelo bispo irlandês D. John Magge e por 55 sacerdotes.  
D. Magge, que cumprirá no próximo dia 24 de Setembro 72 anos de idade, é actualmente bispo de Cloyne, na Irlanda. No Vaticano, trabalhou na Congregação para a Evangelização dos Povos, e, depois, desempenhou as funções de Cerimoniário e Secretário dos Papas Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II.
 
Homilia de D. João Lavrador na Peregrinação Nacional de Jovens do Movimento dos Convívios Fraternos:
 

«Deus amou de tal maneira o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o homem que acredita n’Ele não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo.3, 16).
Caros jovens que fizestes a experiência tão rica do Convívio Fraterno, estas palavras que escutámos no Evangelho ligadas ao lema da vossa peregrinação, «Com Maria, viver a Verdade» ajudam-nos a aprofundar a consciência do chamamento que Jesus Cristo nos lança como seus discípulos e, de modo muito particular a vós jovens. Deus ama o mundo, isto é, Deus ama a obra criada por Ele, Deus ama sobretudo o ser humano, homem e mulher, criados à Sua imagem e semelhança. É com o mesmo sentimento de amor que Jesus Cristo nos convida a situarmo-nos no mundo. Porque só no amor, de quem se entrega totalmente, à maneira de Jesus Cristo, se pode penetrar na compreensão mais profunda da verdade de todo o ser, nomeadamente da verdade do ser humano, no reconhecimento da sua dignidade e da sua elevada vocação. É neste contexto do amor que cada um é chamado a analisar o que é bom, o que é verdadeiro e justo, o que convém, e a descobrir a presença vivificante e transformadora do Espírito de Deus e, também, a reconhecer o pecado e o mal que impedem que a criação se manifeste na liberdade dos filhos de Deus. É grande a interpelação que nos é feita, sobretudo a vós jovens, que fizestes a experiência apaixonante do amor de Deus nas vossas vida: estar no mundo, amando-o, não para se limitar a ser como o mundo, como recomenda o Apóstolo, mas para o transformar pela força do Evangelho. Detenhamo-nos um pouco, sempre com um olhar de amor lançado sobre o mundo dos homens e mulheres do nosso tempo, a analisar algumas características que nos proporcionam a possibilidade de sermos autênticos discípulos de Jesus Cristo, seja na auscultação do que o Espírito de Deus está a realizar no meio do mundo, seja nos obstáculos que hoje se colocam à verdadeira realização do ser humano e da sociedade, tal como Deus os pensou: exalta-se, em alguns sectores da cultura actual, de tal modo a liberdade individual que lhe são sacrificados a procura da verdade, do bem e do belo na sua mais profunda fundamentação; realça-se o amor como puro sentimento efémero, sensual e ocasional, sem se sublinhar a verdade do amor que nos constituiu à imagem e semelhança de Deus, que é Amor Inteligente e Livre, porque se dá inteira e permanentemente ao Outro; chega-se a exaltar como valor ético o que é do domínio do apetite subjectivo, pervertendo os princípios últimos que devem reger a natureza humana, como criatura, e como tal obediente e fiel ao Criador que imprimiu nela a orientação e sentido para sua plena realização; o relativismo e o pragmatismo tomaram conta da vida quotidiana e das grandes opções culturais, calando a voz da consciência e as exigências da razão humana que procura caminhar até à Verdade plena; o ser humano, mistério em si mesmo, que só à luz do mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente (cfr. GS, 22), é, em tantas situações actuais, reduzido a um objecto social, económico, politico, psicológico…, numa palavra, pretende-se exaltar o homem como mero objecto material. Mas, em comunhão com todos os homens e mulheres, sentimos um grito a reclamar valores mais profundos e a libertação da amarras que nos oprimem e não nos deixam saborear a autêntica realização que só é possível na comunhão de vida com Deus. É neste contexto que os discípulos de Jesus Cristo, tal como o Mestre, devem proclamar que «Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo. 14, 6) aberto a todo aquele que, acreditando n’Ele, tenha a vida eterna. Tal como afirma João Paulo II «só a liberdade que se submete à Verdade, conduz a pessoa humana ao seu verdadeiro bem. O bem da pessoa é estar na Verdade e praticar a Verdade» (VS, 84). Por isso, aponta como urgência pastoral da Igreja a descoberta do laço essencial entre a Verdade – Bem –Liberdade, perdido, em grande parte, pela cultura contemporânea, e, como tal, oferecer ao homem a possibilidade de redescobri-lo. «A pergunta de Pilatos “Que é a verdade?” emerge também da desoladora perplexidade de um homem que frequentemente já não sabe quem é, donde vem e para onde vai» (VS, 84). Como consequência, conclui «é, assim, que não raro assistimos à tremenda derrocada da pessoa humana em situações de progressiva autodestruição» (VS, 84). Convida-nos, então, a colocarmos o nosso olhar em Jesus Cristo: «A Igreja olha cada dia com amor incansável para Cristo, plenamente consciente de que só n’Ele está a resposta verdadeira e definitiva ao problema moral. De modo particular, em Jesus crucificado, ela encontra a resposta à questão que hoje atormenta tantos homens: como pode a obediência às normas morais universais e imutáveis respeitar a unicidade e irrepetibilidade da pessoa e não atentar contra a sua liberdade e dignidade?(VS 85). Tal como S. Paulo que, ao anunciar a Cruz de Cristo, pregou o Evangelho que foi considerado loucura para os gentios e escândalo para os Judeus, mas é manifestação da sabedoria de Deus para os eleitos, a Igreja vive e proclama a Cristo crucificado como Aquele que revela o sentido autêntico da liberdade, vive-o em plenitude no dom total de si mesmo e chama os discípulos a tomar parte na sua própria liberdade. Todos vós, Jovens Convivas, experimentastes a Verdade de Jesus Cristo Vivo, Amigo e Libertador. É inesquecível a alegria que provocou o encontro amoroso com Ele. Permitam-me que vos convide, neste Santuário, amparados pela mão de Nossa Senhora, contemplando o seu coração Imaculado, porque cheio do Amor do Senhor que a conduziu pelos caminhos da verdade de Deus ao encontro da verdade do homem, a renovardes a mesma experiência de Jesus Cristo actuante nas vossas vidas «Ele que sendo Deus, despojou-se a si próprio, tomando a condição de servo, ficando semelhante aos homens», como afirma S. Paulo, na 2ª Leitura da Eucaristia de hoje; a vos comprometerdes em alimentar esta paixão amorosa por Jesus Cristo, inseridos na experiência de Igreja, em Comunidade, crescendo sempre pessoal e comunitariamente, fazendo verdadeira experiência de grupo apostólico, que tem no seu olhar a evangelização do mundo e o rejuvenescimento da Igreja, e, para tal, colocardes como exigência pessoal uma formação cristã sólida. Neste Santuário de Fátima somos conduzidos pela mão materna de Nossa Senhora, convidando-nos a sermos jovens do nosso tempo, em conversão permanente ao Seu Filho. Não tenhais medo de propordes a vós mesmos e aos outros jovens o caminho da conversão como o único capaz de orientar para o homem novo que todos ansiais e a humanidade tanto espera. Colocai o vosso olhar em Jesus Cristo sempre jovem que ama os jovens com uma ternura incalculável e deixai-vos cativar pelas palavras de Maria que nos segreda: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo. 2,5). Amar o mundo, tal como Jesus, é participar activamente nas estruturas da sociedade, oferecendo aos jovens, aos adultos, às crianças e aos idosos a esperança que brota do Evangelho. Todos lamentamos o deficit de participação pública dos cristãos. Por fidelidade à fé cristã, sede vós jovens os primeiros a incentivar os fiéis leigos das vossas comunidades cristãs a esta participação Termino com as palavras que Paulo VI vos dirigiu no final do Concilio Vaticano II: «É em nome deste Deus e do seu Filho Jesus que vos exortamos a alargar os vossos corações a todo o mundo, a escutar o apelo dos vossos irmãos e a por corajosamente ao seu serviço as vossas energias juvenis. Lutai contra todo o egoísmo. Recusai dar livre curso aos instintos da violência e do ódio, que geram as guerras e o seu cortejo de misérias. Sede generosos, puros, respeitadores, sinceros. E construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados. A Igreja olha-vos com confiança e amor». Que Nossa Senhora de Fátima que neste lugar veio interpelar os homens a reconduzirem o seu coração para Deus, nos ensine os caminhos da verdade, do amor, do bem, da beleza, da justiça e da paz. + João Lavrador, Bispo Auxiliar do Porto


 
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