03 de março, 2010
Em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário, um dos membros da Comissão Científica, José Carlos Carvalho, reflecte sobre os propósitos deste congresso. José Carlos Carvalho é natural do Porto, licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia da UCP Porto e pelo Instituto Bíblico de Roma. Desde 1997 é assistente da Faculdade de Teologia da UCP Porto. 1 - É interessante verificar que, ao contrário do congresso realizado em 2009 sobre a figura do beato Francisco Marto (que o Dr. acompanhou como relator), procurou-se reflectir sobre aspectos mais relacionados com o tema da infância. o programa deste congresso sobre a Jacinta, a mais nova dos videntes de Fátima, aponta para jornadas de reflexão sobre o tema espiritualidade e para a vivência da compaixão? Como caracteriza a vivência da espiritualidade na Jacinta? De facto neste congresso o interesse não foi tanto para a idade da personagem mas para a sua espiritualidade muito sofrida e crucificada. O congresso procurará aprofundar a linguagem da pequena Jacinta, o sentido das referências que faz ao mundo do sofrimento, ela que dos três mais sofreu. Isto é muito importante, pois o santuário de Fátima é uma casa acolhedora de mulheres e de homens que sofrem. Neste sentido, será também uma oportunidade para o santuário pensar o sofrimento não em abstracto, mas naqueles que aqui peregrinam, e como os ajudar a viver de maneira cristã esses momentos tão íntimos e pessoais que são as passagens pelo sofrimento. Por outro lado, ficaram algumas questões por tratar no congresso do Francisco, e este encontro pretende também colmatar isso. Quanto à espiritualidade da Jacinta, decididamente é uma espiritualidade do sofrimento, mas sobretudo do sofrimento de Deus. Por isso, é uma espiritualidade muitíssimo marcada pelo pecado e pela consolação. 3 - Aquele Deus muito ofendido pelos pecados cometidos pela humanidade, a quem a Jacinta se dedicava em oração e sacrifício, continua a sofrer? Esta questão não podia ser iludida, e por isso será encarada de frente. A própria vidente afirma que sim, que Deus continua a sofrer. Caso contrário, a nossa não seria história Sua. 3 - Deus sofre com a humanidade ou pela humanidade? Estamos aqui nos limites da linguagem da fé. A resposta aos dois sofrimentos é positiva. Mas há que explicar como é possível aplicar esta linguagem a Deus. Deus continua a sofrer com a humanidade e por nós. 4 - Quais as expectativas que tem em relação a este congresso? Esperamos que este congresso consiga contribuir para melhor conhecer a riqueza desta vida breve da pequena vidente, para com isso (e este é o objectivo último) ajudar o Santuário a melhor servir a Igreja e os peregrinos, cumprindo também assim o desejo deixado pela Senhora aos Pastorinhos. LeopolDina Simões, Sala de Imprensa Santuário de Fátima |