11 de julho, 2022
Jogos infantis ao tempo das Aparições: as brincadeiras dos pastorinhosComo qualquer criança, também os pastorinhos brincavam e, em casa, não deixavam «parar nada no seu lugar» (Primeira Memória, 121). As Memórias de Lúcia de Jesus, ao descreverem o quotidiano dos pastorinhos, são outrossim fonte de informação sobre diferentes aspetos também relacionados com a antropologia e a sociologia típicas de uma aldeia dos inícios do século XX, em Portugal. Entre os aspetos aí descritos encontram-se algumas brincadeiras com que se ocupavam as crianças e identificam-se nomes de jogos, como são «o das pedrinhas, o das prendas, passar o anel, o do botão, o fito, a malha, as cartas, jogar a bisca, descubrir os reis, os condes e as sotas» (Quarta Memória, p. 202; cf. Primeira Memória, p. 118). Pelos escritos de Lúcia, sabemos que existia um baralho de cartas em sua casa e outro na casa dos irmãos Marto e que o jogo preferido de Francisco era a bisca. Além destes jogos, as Memórias enfatizam o gosto de brincar, o facto de muitas meninas gostarem de brincar com Lúcia (Quarta Memória, p. 213-214) e ainda outras atividades lúdicas como era cantar (Primeira Memória, p. 124), dançar — sobretudo Jacinta gostava de bailar (Primeira Memória, p. 131) — ou tocar pífaro, o instrumento musical preferido de Francisco Marto (Quarta Memória, p. 199). A mesma fonte informa ainda de outro tipo de entretenimento: fazer ecoar a voz por entre a serra (Primeira Memória, p. 123), contemplar o firmamento e contar as estrelas (Quarta Memória, p. 200-201), correr atrás de borboletas ou colher flores (Primeira Memória, p. 120) ou até fazer construções mimetizando a realidade dos adultos, como aconteceu no dia 13 de maio de 1917, quando andavam «a brincar [...] no simo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta d’uma moita» (Quarta Memória, p. 229). Marco Daniel Duarte Departamento de Estudos do Santuário de Fátima |