19 de fevereiro, 2025

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Jacinta Marto: uma vida breve, um testemunho de fé eterno

No 105.º aniversário da morte da mais nova vidente das aparições de Fátima, traçamos um retrato da menina que fez da vida um exemplo de entrega a Deus.

 

Neste 20 de fevereiro, a Igreja assinala a Festa dos Santos Francisco e Jacinta Marto. A data foi definida no calendário litúrgico pelo dia da morte de Jacinta Marto, falecida a 20 de fevereiro de 1920, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, vítima de uma grave infeção pulmonar, consequência da gripe espanhola que a debilitou profundamente.

No dia do aniversário da morte de Santa Jacinta Marto, traçamos o perfil da pequena vidente a partir de 10 citações retiradas das memórias da Irmã Lúcia, através das quais podemos compreender a personalidade, sensibilidade e a profundidade espiritual da pequena vidente.

 

"A menor contenda, das que se levantam entre as crianças, quando jogam, era bastante para a fazer ficar amuada, a um canto, a prender o burrinho, como nós dizíamos."

A pequena Jacinta tinha um temperamento sensível e melindroso. Ficava magoada com pequenas contrariedades nas brincadeiras de crianças, perante as quais virava as costas e não brincava mais. Esta atitude demonstra uma imaturidade natural de uma criança de 7 anos, mas também uma personalidade resoluta, característica que, mais tarde, se viria a expressar mais explicitamente na forma como aceitou os pedidos da "Senhora mais brilhante que o sol".

 

"Tinha, no entanto, já então, um coração muito bem inclinado, e o bom Deus tinha-a dotado dum carácter doce e meigo que a tornava, ao mesmo tempo, amável e atraente."

Em contraponto à sua teimosia infantil Jacinta tinha uma doçura que era reconhecida pelos amigos e familiares. Mesmo numa zanga, a sua bondade natural cativava aqueles que estavam ao seu redor. Num episódio, é a pequena Jacinta que assume pela prima a responsabilidade por estarem a segurar um crucifixo, perante a repreensão eminente da irmã mais velha de Lúcia para que “não tocasse nos santinhos”. “Maria, não ralhes! Fui eu, mas não torno mais”, disse Jacinta. Esta doçura corajosa desarma Maria dos Anjos, que lhe responde com uma carícia.

 

"Coitadinho de Nosso Senhor! Eu não hei de fazer nunca nenhum pecado. Não quero que Nosso Senhor sofra mais."

O episódio relatado no parágrafo anterior acontece num dos momentos em que Lúcia contava aos primos a Paixão de Cristo, que ouvia com frequência da sua Mãe. A história do sofrimento de Jesus tocava profundamente o coração da pequena Jacinta, que chegava a não conseguir conter as lágrimas pela profunda compaixão e amor que tinha por Cristo crucificado. Talvez tenha sido esta consciência do sacrifício pascal do Filho de Deus que a levou a tentar evitar sempre com firmeza o pecado e, mais tarde, a oferecer o próprio sofrimento pela conversão dos pecadores.

 

"Então eu vou para o meu pátio, com o Francisco."

A assertividade para evitar o pecado é notória num episódio narrado por Lúcia nas suas Memórias, no qual Jacinta, perante uma brincadeira onde uma das crianças proferia palavras indecentes, decide afastar-se e brincar sozinha com o Francisco. Este momento expressa claramente o desejo que esta criança assumiu em perseverar na pureza do coração, virtude que viria a cultivar com as aparições de Nossa Senhora.

 

“E os sacrifícios como os havemos de fazer?”

Jacinta interiorizou, desde o primeiro momento, os pedidos e a mensagem que Nossa Senhora comunicou nas aparições, expressando, desde logo, uma inclinação consciente para o sacrifício e para a penitência. Um dia, ao chegarem os três à pastagem, sentou-se introspetiva numa pedra a pensar na melhor forma de obedecer à Mãe de Deus. “E os sacrifícios como os havemos de fazer?”, pergunta a Lúcia e Francisco. O irmão sugere que dessem a merenda às ovelhas, hipótese que é prontamente aceite por todos.

 

"Então, depois de muitos, muitos anos, o inferno ainda não acaba?"

Após a visão do inferno, durante a aparição de 13 de julho de 1917, Jacinta demonstra uma compaixão e preocupação extrema pelas almas que teriam de passar por tamanho sofrimento. Este entendimento levou a pequena vidente a assumir de forma ainda mais consciente o espírito de sacrifício, com vista à salvação das almas. Num momento em que os três decidem oferecer o sacrifício de passar sede, no auge do verão, Jacinta, apesar da condição débil, permanece firme. “Diz aos grilos e às rãs que se calem! Dói-me tanto a minha cabeça!”, pede, ao irmão, que a questiona de seguida: “Não queres sofrer isto pelos pecadores?”, “Sim, quero. Deixa-as cantar”, responde, prontamente.

 

"Se eles te matarem, diz-lhes que eu e mais o Francisco somos como tu e que também queremos morrer."

A fidelidade à mensagem de Nossa Senhora era para Jacinta inegociável, sobretudo nos momentos de maior apreensão e incerteza. Quando Lúcia é chamada pelas autoridades para ser interrogada, a prima temeu que ela fosse ameaçada de morte na pressão a que seria sujeita para negar as aparições. Não se deixando intimidar, Jacinta demonstra uma solidariedade e coragem inabaláveis e não expetáveis numa criança de 7 anos, assumindo de forma destemida que estaria disposta a aceitar o sacrifício máximo pela sua fé. Esta disposição demonstra um alinhamento irredutível com as orientações dadas por Nossa Senhora.

 

"Quem me dera ver o Santo Padre! Vem cá tanta gente e o Santo Padre nunca cá vem."

A frase foi proferida por Jacinta após perceceber, pela explicação de dois sacerdotes, quem era o Santo Padre. A partir desse momento, a pequena vidente passou a nutrir um carinho especial pelo Papa, por quem passou a rezar com frequência, expressando grande amor e preocupação pelo Sucessor de Pedro. Uma tarde, numa visão, Jacinta viu o Santo Padre numa “casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar”, com gente, de fora, a atirar-lhe pedras e a rogar-lhe pragas. A partir deste momento, a sua preocupação genuína pelo Sumo Pontífice intensificou-se.

 

"Eu, agora, já não bailo mais."

Nas suas Memórias, Lúcia refere que Jacinta tinha um gosto particular pela dança, caracterização que é exemplificada no relato do episódio em que, na prisão, a pequena vidente dança com um recluso, ao toque de uma harmónica. No entanto, Jacinta renunciava a este prazer, sobretudo nas alturas do Carnaval e do São João. “Eu, agora, já não bailo mais”, dizia, nestas ocasiões festivas, oferecendo o sacrifício a Nosso Senhor.

 

"Eu ofereço por todas, porque gosto muito de todas."

Jacinta tinha um coração profundamente generoso e não conseguia escolher uma intenção particular, aquando da oração do Terço. A frase é dita, segundo Lúcia, no contexto da prisão, quando os três Pastorinhos resolvem rezar cada uma por uma das intenções. Interrogada sobre qual rezaria, a pequena Jacinta recusa-se a escolher apenas uma e resolve oferecer a oração por todas as intenções.

 

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Jacinta adoeceu no outono de 1918 com gripe espanhola. Em consequência da doença, no verão do ano seguinte esteve hospitalizada no Hospital de Vila Nova de Ourém. No ano seguinte, devido ao agravamento de uma infeção pulmonar, foi internada no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, a 2 de fevereiro de 1920, onde viria a falecer, com apenas 9 anos, no 20.º dia desse mesmo mês.

Apesar de breve, a vida de Jacinta Marto fica marcada por uma profunda entrega aos pedidos que Nossa Senhora deixou nas aparições de 1917. De temperamento sensível, mas de uma coragem e fé inabalável, Jacinta viria a ser canonizada com o seu irmão, Francisco Marto, a 13 de maio de 2017, 100 anos após a primeira aparição, pelo Papa Francisco. Hoje, é exemplo de fé para toda a Igreja.

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