31 de maio, 2005

A Igreja de Deus esteve a 15 de Fevereiro de 2005 em Coimbra, para se despedir solenemente da  Irmã Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração, a quem apareceu Nossa Senhora, em Fátima, em 1917.
Usando as palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa, "entre Fátima e o céu uma nova ponte se estabeleceu", com a subida ao Céu da Vidente de Fátima, apresentada por D. José Policarpo como "símbolo que fala a todos e sinal de esperança".
No Santuário de Fátima: Missa do Sétimo Dia, no dia 19 de Fevereiro, às  11 horas, na Basílica, presidida pelo Reitor.  

“- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
- Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.
- Fico cá sozinha? – perguntei,  com pena.
- Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

13 de Junho de 1917
(Diálogo entre Lúcia e Nossa Senhora nas "Memórias da Irmã Lúcia") -------- 19 de Fevereiro - 11 horas, na Basílica
Fiéis vieram a Fátima rezar em memória da Irmã Lúcia

À volta de duas mil pessoas vieram esta manhã a Fátima para participar na missa em memória da Irmã Lúcia, vidente de Nossa Senhora de Fátima, falecida no passado dia 13 de Fevereiro. A Basílica tornou-se pequena para acolher tantos fiéis –  todos os lugares sentados foram ocupados, centenas de pessoas acompanharam de pé a celebração e outras seguiram a missa do exterior do templo de oração.
Em declarações à Sala de Imprensa do Santuário, a maioria confirmava que a vinda a Fátima nesta manhã se prendia unicamente com o propósito da participação na Missa pela Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
Presidiu à celebração o Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra, concelebrada por outros dez sacerdotes. Comungaram 806 fiéis.
No decorrer da homilia, Monsenhor Luciano Guerra convidou os peregrinos presentes a procurar agir como a Irmã Lúcia, considerada “a primeira vocação de Fátima”, que cumpriu os mandamentos da Lei de Deus, amando a Deus sobre todas as coisas.
Ao recordar a celebração das exéquias da religiosa, a 15 de Fevereiro, na Sé Nova de Coimbra, o Reitor disse sentir que, no final da celebração, quando se cantava “No Céu, no Céu A irei ver”, muitos crentes, ao cantar, referiam-se já à Irmã Lúcia e não a Nossa Senhora, a quem se refere a canção.
“É-nos permitido do ponto de vista individual, mas o culto na Igreja só é possível na fórmula da Canonização”, quando o Papa exerce o seu poder de forma infalível, confirmando que a pessoa está no Céu.
“Sem pretensão de que a Irmã venha, ou não, a ser canonizada, esta eucaristia é em sufrágio, para a hipótese da Irmã ainda precisar das nossas orações”, afirmou Mons. Luciano Guerra sublinhando o sentimento de alegria e de esperança que se estava a viver.
Em relação à liturgia para este sábado de Quaresma, Monsenhor Luciano Guerra disse que “Deus nos fala para nos ajudar, para nos incitar ao amor”, que é também o mistério de Deus que, através de Nossa Senhora, foi manifestado em Fátima a três crianças escolhidas.
A graça de Fátima converge, disse o presidente da celebração, “não só, e não finalmente, para que recebamos milagres mas para que Amando-nos uns aos outros como Deus nos amou, possamos alcançar a graça eterna”.
Ainda durante a homilia, o Reitor apresentou o tema para o ano de 2005 no Santuário -  “5.º Mandamento da Lei de Deus - Não Matarás”, em continuidade com o propósito de se dedicar os primeiros dez anos do milénio ao Decálogo. “Não matar é não fazer o que pode contribuir para a falta de saúde, para a morte mais precoce de uma pessoa”, disse.
A concluir, o Reitor pediu um momento de silêncio no qual cada um foi convidado  a entregar-se ao Senhor “para que o Senhor nos ajude a descobrir a  grande graça do amor”.
“Lembrando a nossa querida Irmã Lúcia poderia pedir ao Senhor que nos concede-se o espírito da Mensagem de Fátima – Não ofendam o Senhor que já está muito ofendido – na certeza de que a graça maior que Deus nos pode conceder é a alegria do verdadeiro amor”, rezou o Reitor esta manhã.

--------- 19 de Fevereiro  - Missas de Sétimo Dia pela Irmã Lúcia
(Horários, para Fátima e Coimbra)
Presidida pelo Reitor, Mons. Luciano Guerra, será celebrada no próximo sábado, 19 de Fevereiro, 11 horas, na Basílica do Santuário de Fátima, a Missa de Sétimo Dia da morte da Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, falecida a 13 de Fevereiro.
Com esta celebração, o Santuário de Fátima pretende relembrar a religiosa, mensageira de Nossa Senhora e Sua porta-voz. Também no sábado, em Coimbra, celebrar-se-á a Missa do Sétimo Dia da morte da Irmã Lúcia, na Capela do Carmelo, às 11h30, presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto.
No mesmo dia, às 18h00, haverá também celebração na Sé Nova de Coimbra. --------------------------------- A Igreja de Deus esteve a 15 de Fevereiro de 2005 em Coimbra, para se despedir solenemente da Irmã Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração, a quem apareceu Nossa Senhora, em Fátima, em 1917.
Usando as palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa, "entre Fátima e o céu uma nova ponte se estabeleceu", com a subida ao Céu da Vidente de Fátima, apresentada por D. José Policarpo como "símbolo que fala a todos e sinal de esperança". ------------------------------------------------------------------
Presidiu à celebração das exéquias, realizadas na Sé Nova de Coimbra, o Santo Padre João Paulo II, representado pelo seu Enviado Especial o Cardeal Tarcício Bertone, arcebispo de Génova (Itália). Mensagem de Sua Santidade o Papa João Paulo II para o funeral da Irmã Lúcia, enviada ao Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, e lida  durante a cerimónia funebre pelo Cardeal Bertone: 

«Ao venerável Irmão Albino Mamede Cleto, Bispo de Coimbra
Com profunda emoção tomei conhecimento que a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, com 97 anos de idade, foi chamada pelo Pai celestial para a mansão eterna do Céu. Ela assim atingiu a meta para a qual sempre aspirou na oração e no silêncio do convento.
A liturgia destes dias lembrou-nos que a morte é a comum herança dos filhos de Adão mas, ao mesmo tempo, deu-nos a certeza de que Jesus, com o sacrifício da cruz, abriu-nos as portas à vida imortal. Estas certezas da fé nós as recordamos, no momento em que damos nossa derradeira saudação a esta humilde e devota carmelita, que consagrou sua vida a Cristo, Salvador do mundo.
A visita da Virgem Maria que a pequena Lúcia recebeu em Fátima, junto aos seus primos Francisco e Jacinta em 1917, foi para ela o início de uma singular missão à qual se manteve fiel até o fim dos seus dias. A Irmã Lúcia deixa-nos um exemplo de grande fidelidade ao Senhor e de gozosa adesão à sua divina vontade.
Lembro com emoção os vários encontros que tive com ela e os vínculos de amizade espiritual que ao longo do tempo foram-se intensificando. Sempre me senti amparado pela oferta quotidiana da sua oração, especialmente nos duros momentos de provação e de sofrimento. Que o Senhor a recompense amplamente pelo grande e escondido serviço que prestou à Igreja.
Apraz-me pensar que para acolher a Irmã Lúcia, na sua piedosa passagem desta terra para o Céu, tenha sido precisamente Aquela que ela viu em Fátima, já faz tantos anos. Queira agora a Virgem Santíssima acompanhar a alma desta sua devota filha ao bem-aventurado encontro com o Esposo divino.
Confio-lhe, Venerável Irmão, a tarefa de assegurar às religiosas do Carmelo de Coimbra a minha proximidade espiritual, ao conceder, penhor de consolação neste momento da separação, uma afectuosa Benção, extensiva aos familiares, a Vós, ao Cardeal Tarcisio Bertone, meu enviado especial, e a todos os participantes ao sagrado rito de sufrágio.

Vaticano, 14 de Fevereiro de 2005,
João Paulo II»

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A homilía da celebração foi feita pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. De seguida, publica-se a notícia da Agência Ecclesia relativa às palavras de D. José Policarpo:


D. José Policarpo, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), defendeu em Coimbra que a figura da Irmã Lúcia é um símbolo que fala a todo o país.
Na homilia das exéquias solenes, que decorrem na Sé Nova de Coimbra, o Cardeal-Patriarca referiu que “na morte desta mulher, qualquer coisa tocou Portugal”.
“Quando uma comunidade nacional é capaz de reconhecer na simplicidade de uma religiosa um símbolo que fala a todos, esse é certamente para nós um sinal de esperança”, disse.
“A Lúcia certamente terá perguntado a Nossa Senhora: e Vossemecê, o que quer deste Portugal, desta terra de Santa Maria?”, afirmou o Cardeal-Patriarca, num momento que a assembleia sublinhou com uma salva de palmas.
O presidente da CEP confessou que, como tantos portugueses, estava comovido e sensibilizado. “Eu pessoalmente, fui particularmente tocado pelo volume das reacções e das mensagens, que inesperadamente vieram de todos os quadrantes”, assinalou.
Neste sentido, agradeceu em nome da Igreja “a todos aqueles que nos fizeram chegar mensagens escritas, tomaram gestos e posições, fizeram declarações em público, manifestando à sua maneira que sentiram na morte desta mulher qualquer coisa que tocava Portugal”.
D. José Policarpo referiu que, com a Irmã Lúcia viva, os acontecimentos de Fátima eram nossos contemporâneos. “A sua morte marca uma fronteira. A partir deste momento, Fátima é uma grande mensagem, tradição espiritual que nós recebemos de gerações e gerações de peregrinos, penitentes e orantes que tomaram a sério, contra tudo e contra todos, a simplicidade de uma mensagem”, apontou.

Simplicidade e fidelidade
“- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
- Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.
- Fico cá sozinha? – perguntei, com pena.
- Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.
13 de Junho de 1917 (Diálogo entre Lúcia e Nossa Senhora, in Memórias da irmã Lúcia)
Foi tendo em conta esta passagem das memórias da Irmã Lúcia que o Cardeal-Patriarca dedicou uma parte da sua homilia a falar da simplicidade e da fidelidade da Vidente no cumprimento da sua missão.
“O que de extraordinário aconteceu na vida desta mulher insere-se na normalidade da vocação cristã”, considerando que, em caso contrário, correria o risco de não ser verdadeira.
Falando numa eleição de predilecção, o Patriarca vincou que, na vida dos cristãos, essa vocação nasce “numa experiência do divino tão forte que não a podemos ignorar”.
“Quando um projecto de Deus é anunciado com tal clareza, só me resta procurar segui-lo e ser-lhe fiel”, frisou.
D. José Policarpo indicou que a uma vocação corresponde uma missão, como no caso dos pastorinhos. “A maneira como Lúcia narra nas suas memórias as aparições deixa claro que a visita inesperada do céu é entendida como uma missão, algo que o Senhor tinha para lhes pedir”, recorda.
Sobre a parte da missão que nós conhecemos, o presidente da CEP sublinhou que a Irmã Lúcia “foi a porta-voz das revelações”.
“Lúcia é sempre aquela que fala com Nossa Senhora (...) Espero que muito brevemente possamos ter aceso a esse manancial imenso de doutrina espiritual que esta mulher tão simples, mas tão grande, escreveu”, acrescentou.
O Cardeal-Patriarca disse ainda que “há uma parte da sua missão que ela levou para o céu: penitência, conversão e contemplação”.
“Estamos comovidos, não tanto porque ela morreu, mas porque hoje, entre Fátima e o Céu, uma nova ponte se estabeleceu”, assegurou.
 
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Arquivo:
Notícias e documentos relacionados com o falecimento da Irmã Lúcia:
1- Missas solenes no Santuário de Fátima
O Santuário recebeu ao final da tarde do 13 de Fevereiro de 2005 a notícia do falecimento da Vidente de Fátima, a Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
De há um tempo a esta parte que o Santuário acompanhava o estado de saúde da Irmã Lúcia, que se sentia piorar desde o Verão passado.
Considerada a principal figura das Aparições de Fátima, não só por ter vivido mais tempo que os seus primos Francisco e Jacinta, mas, e principalmente, porque no tempo das aparições era a mais velha dos Três Pastorinhos, com dez anos, e a principal mensageira de Maria.
 “Cumpriu-se a vontade de Deus, que através de Maria nos tinha dito que Lúcia iria ficar mais algum tempo na Terra, ela teve um papel primordial durante as aparições: era ela que conduzia o grupo, era ela que falava com Nossa Senhora. A Irmã Lúcia teve um papel determinante, como testemunho e como mensageira de Maria”, afirmou o Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra.
No Santuário de Fátima, celebrou-se no dia 14 (segunda-feira), pelas 16h30, uma missa solene em memória da Irmã Lúcia. A Eucaristia foi celebrada na Basílica do Santuário e presidida por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo da Diocese de Leiria-Fátima. Na ocasião, D. Serafim sublinhou como qualidade da religiosa consagrada à vida contemplativa a simplicidade de camponesa, de pastorinha". Disse ainda que a Irmã Lúcia deixou para o mundo, uma "mensagem de fidelidade e coragem". Participaram nesta celebração centenas de pessoas. 

No dia do funeral da Vidente de Fátima, dia 15 (terça-feira), foi celebrada neste Santuário uma outra eucaristia em memória da Irmã Lúcia, presidida pelo Reitor do Santuário. Durante a homilia, o Reitor do Santuário de Fátima, Pe. Luciano Guerra,  sublinhou que o acto religioso que se estava a viver naquele momento era uma "celebração de fé" em memória da Irmã Lúcia, "instrumento divino da paz".
"Acreditamos que a Irmã está viva nas mãos do Senhor", afirmou, concluindo que essa fé , fundamento das nossas acções, é a mesma  que traz os peregrinos a Fátima, porque acreditam  nas aparições, o que para este responsável do Santuário é uma grande graça, embora, ainda assim, não a fundamental. "A graça fundamental é a graça da criação", disse.
"Pedimos ao Senhor que dê à Irmã Lúcia a coroa de glória e que, por intercessão dela, Deus nos dê uma fé firme e uma coerência entre a nossa fé e os nossos actos", disse o Pe. Luciano Guerra.
O Pe. Luciano Guerra apelou aos peregrinos que "em Fátima se impregnem com o espírito da paz, que é a de Cristo".
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2- Celebrações em Coimbra:
Dia 14 de Fevereiro
O corpo da Irmã Lúcia permaneceu em clausura até às 24 horas,  na Capela do Carmelo de Coimbra, onde foi ser velado pela comunidade. 
8 horas - Missa solene presidida pelo sobrinho da Irmã Lúcia - Pe.Valinho
12 horas - Missa solene presidida pelo Reitor do Santuário de Fátima, Pe. Luciano Guerra.
Durante a tarde - Tempo de silêncio.
16 horas - Missa solene.
21h30 - Vigília de Oração orientada pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto.
Dia 15 de Fevereiro
A capela do Convento das Irmãs Carmelitas esteve reservada exclusivamente para a família da Irmã Lúcia.
Pelas 11 horas o corpo entrou na Sé Cateral de Coimbra, onde decoreram as exéquias, pelas 16 horas.
12 horas - Missa de corpo presente
16 horas -  Celebração das Exéquias.
O enviado especial do Santo Padre para a cerimónia das exéquias solenes foi o Cardeal Tarcício Bertone - Arcebispo de Génova (Itália).
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OUTROS DOCUMENTOS:
Mensagem do Santo Padre para a Irmã Lúcia, antes da sua morte:
"REVERENDA IRMÃ LÚCIA DE JESUS E DO CORAÇÃO IMACULADO  
CARMELO DE SANTA TERESA - COIMBRA
INFORMADO DO ESTADO EM QUE VERSA SUA SAÚDE, VENHO AFIRMAR-LHE A MINHA UNIÃO AFECTUOSA COM UMA PARTICULAR LEMBRANÇA DA SUA PESSOA JUNTO DO DEUS DE TODA A CONSOLAÇÃO PARA QUE POSSA SUPERAR SERENA RESIGNADA MERITORIAMENTE ESTES MOMENTOS DE PROVAÇÃO UNIDA A CRISTO REDENTOR E DEIXANDO-SE ILUMINAR PELA SUA PÁSCOA. COMO PENHOR DAS MELHORES GRAÇAS CELESTIAS, ENVIO-LHE EXTENSIVA À SUA COMUNIDADE CARMELITA E FAMILIARES MINHA BÊNÇÃO APOSTÓLICA
JOHANNES PAULUS PP.II"
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Nota informativa da Casa Episcopal de Coimbra / Carmelo de Santa Teresa
Faleceu a Irmã Lúcia

Em Coimbra, faleceu hoje, dia 13 de Fevereiro, a Irmã Lúcia de Jesus, a quem Nossa Senhora se manifestou nas aparições de 1917 em Fátima.
Contava 97 anos e deixou-nos pelas dezassete horas e trinta minutos, após alguma semanas de enfermidade, durante as quais esteve retida na sua cela, dada a progressiva e extrema debilidade em que, desde há meses, vinha caindo, não obstante a assistência médica e técnica que lhe foi dispensada.
Rodeada pelas suas Irmãs Carmelitas e assistida pela médica pessoal, manteve inteira lucidez até aos seus últimos dias, tendo recebido conscientemente todo o conforto dos sacramentos do Senhor.
A Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, em Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de Outubro de 1934.
Sentindo o apelo de maior intimidade com Deus, numa vida de contemplação e oração, tornou-se Carmelita em Coimbra, neste Carmelo de S. Teresa, no dia 25 de Março de 1948.
Cumprindo até final uma vida de exemplar Carmelita, era amada por suas Irmãs, que recolhiam o seu exemplo de íntima fidelidade à regra, de simplicidade discreta e de caloroso interesse pela vida da Igreja. A paz e a graciosidade do seu espírito jocoso acompanharam-na até aos últimos dias passados no leito.
Por sua vontade, expressamente manifestada por escrito, e sempre no desejo de cumprir a regra do Carmelo, o seu corpo permanecerá na clausura, velado pela Comunidade. A capela do Carmelo será aberta às sete horas e encerrada à meia noite. Na Terça feira, dia 15 de Fevereiro, estará reservada exclusivamente à família.
Pelas 11 horas de Terça feira, dia 15 de Fevereiro, o corpo será particularmente transladado para a Sé Nova de Coimbra, onde permanecerá, acompanhado pelos fiéis que junto dele quiserem rezar. Às dezasseis horas do mesmo dia , realizar-se-ão exéquias solenes, após o que se efectuará o funeral para o Carmelo de Coimbra, onde, por vontade da própria Irmã Lúcia, propositadamente declarada por escrito, será sepultado em campa rasa do Claustro, onde permanecerá durante algum tempo.Com a aprovação do Carmelo, a que a Irmã Lúcia também deu oportunamente o seu acordo, está prevista a transladação para Fátima em data posterior.
A Irmã Lúcia de Jesus, de quem Nossa Senhora se serviu para difundir no mundo a devoção ao seu Coração Imaculado, deixa-nos saudades da sua presença e o perfume das suas virtudes.
Coimbra, 13 de Fevereiro de 2005
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Comunicado da médica da Comunidade Carmelita, Dra. Branca Paúl, datado do dia 13 de fevereiro, dia da morte da Irmã Lúcia, tornado público na conferência de imprensa realizada do Seminário Maior de Coimbra a 14 de Fevereiro:
Irmã Lúcia - A Hora da nossa eterna saudade

Quis Deus na Sua infinita bondade e misericórdia preservar e conservar a Irmã Lúcia no nosso convivio e companhia até ao dia de hoje.
Tal como tinha prometido, a sua e nossa Santíssima Mãe, manteve-a entre nós "mais algum tempo", para além dos seus primos Francisco e Jacinta. Esse tempo prometido, contado e contabilizado certamente em medidas e padrões diferentes dos nossos a partir daquele dia em que lhes confiou essa promessa, teve o seu epílogo.
Veio buscá-la hoje, e todos nós que tivemos o privilégio e a alegria de conviver e privar com ela, estamos muito comovidos, saudosos já do seu doce sorriso, da sua afabilidade e alegria, mas também e quiçá, estranhamente felizes, nesta hora de saudade, mas não de despedida.
Com efeito, não se trata seguramente de uma separação, o facto a que nos curvamos nesta hora, mas antes de uma transformação na forma e na consubstanciação da presença reciproca que seguramente nos aproxima ainda mais intimamente.
A matéria deu lugar ao espirito ...o finito transformou-se no infinito... o efémero e relativa, no definitivo e no absoluto.
Na Irmã Lúcia, apenas se transformou o modelo de vida, e ela nasceu para outra realidade que de momento cada um de nós ainda desconhece, mas será seguramente muito mais plena e gratificante. Assim o - acreditamos, nós que temos a felicidade da Fé, aqueles a quem Jesus prometeu Vida, e Vida em abundância.
Neste momento e dando resposta às perguntas que naturalmente se põem sobre as causas deste epílogo, a avançada idade e o inerente desgaste dos órgãos e das células do corpo humano, vêm lembrar-nos o carácter de finitude da matéria, e tiveram aqui um papel determinante. Como pessoa ligada ao conhecimento científico concreto que rege o exercício da medicina, vejo-me obrigada a encontrar um facto causal para o óbito da nossa irmã. Assim,, a falência cardio-circulatória resultante dos seus 97 anos foi essa causa. Como pessoa de Fé, a quem o Senhor quis dar a graça de conceder em abundância, e que certamente desmereço, limito-me a referir que o bondoso, grande, enorme coraçãozinho da nossa querida Irmã Lúcia se cansou de bater, e encontrou pois a forma de descansar serenamente e em paz, nos braços da Mãe que um dia lhe anunciou ser o seu refúgio.
Como vela cuja chama no final se vai extinguindo progressivamente, também ela, na maior serenidade, rodeada dos desvelados cuidados assistenciais e de apoio, com o carinho e o amor de todas as incansáveis irmãs da comunidade, docemente extinguiu a combustão que mantinha o aprisionamento do seu espírito à materialidade do corpo.
Como sua médica assistente há já longos anos, dediquei de alma e coração todo o cuidado e saber com que, momento a momento, faço questão de tratar os meus doentes.
Com particular desvelo fi-lo em relação a esta minha muito querida amiga e irmã na Fé, apoiada na ajuda de colegas e enfermeira da minha equipa de saúde, sempre incansáveis e presentes quando necessário. Para eles o meu grato e comovido agradecimento por tudo quanto fizeram.
Consciente porém, que o verdadeiro Médico do corpo e alma humanos, é o Pai, Senhor único da Vida, a Ele entreguei sempre toda a minha acção assistencial, pedindo-Lhe com toda a minha fé, que fizesse de mim sempre, digno instrumento da Sua Divina Vontade.
Mergulhada na Felicidade Imensa e Infinita do amor de Deus, a ela peço comovida, que interceda por todos nós.

Coimbra, 13 de Fevereiro de 2005
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HORÁRIOS

07 jul 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

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Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

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Terço
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