26 de setembro, 2014

 
A irmã Ângela de Fátima Coelho, postuladora da causa de canonização de Francisco e Jacinta Marto, foi nomeada vice-postuladora da causa de beatificação da Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. Passou assim a integrar, a partir da data da nomeação, a 8 de setembro, o grupo de trabalho responsável pela promoção da causa para a beatificação da mais velha dos três videntes de Fátima.
A nomeação foi feita pelo postulador romano da causa, o postulador geral da Ordem dos Carmelitas, padre Romano Gambalunga.
“Recebi este convite com sentido de responsabilidade, mas também com muita alegria, por poder colaborar na causa da Irmã Lúcia, que está tão ligada à mensagem de Fátima, que é a causa que eu sirvo há alguns anos”, afirmou a irmã Ângela Coelho, em declarações, ao início da tarde de hoje, à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima e à Agência Ecclesia.
O grupo de postuladores para a causa de beatificação passa assim a ser constituído pelo postulador romano, padre Romano Gambalunga; pelo vice-postulador, cónego Aníbal Castelhano; e pela nova vice-postuladora, a irmã Ângela Coelho.
“Eu sou o novo elemento que se acrescenta à equipa que já está. A Comissão Histórica está a trabalhar e vai continuar a trabalhar; o Tribunal, que está a ouvir as testemunhas, vai continuar a ouvir, ou seja, o meu papel, vai ser, em concertação com o atual vice-postulador, sempre colaborar na organização; são mais dois braços para trabalhar; de facto a causa tem alguma complexidade”, explica.
A complexidade da causa prende-se sobretudo com o grande volume de documentação a tratar.
“A Irmã Lúcia tem muitos anos em que se correspondeu com a suprema hierarquia da Igreja, com vários Papas, (…), há toda a questão relacionada com a consagração, com o desenvolvimento do Segredo, ou seja, há uma grande correspondência da Lúcia como apostola da mensagem de Fátima; este é o papel que a Lúcia desenvolve como Carmelita”, refere a irmã Ângela Coelho.
“É toda esta figura riquíssima da Lúcia que temos de saber explorar e saber apresentar, com os traços da sua santidade específica”, afirma a irmã Ângela Coelho que se manterá como postuladora da causa de canonização de Francisco e Jacinta Marto, os dois outros videntes de Fátima, estes já beatificados, no ano 2000, por João Paulo II, em Fátima.
É elevado o número dos documentos não publicados da autoria de Lúcia de Jesus - são mais de dez mil -, que têm de ser analisados quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista teológico, isto “para se provar que a Lúcia nunca disse ou escreveu nada contra a fé, [contra] os costumes da Igreja, e isso é um trabalho moroso”, daí a necessidade da nomeação de um novo vice-postulador para a causa.
“O processo parece-nos longo”, refere a religiosa, porque “sentimos este enorme desejo de que seja beatificada o quanto antes”, mas há todo um conjunto de trâmites que necessariamente têm de acontecer.
“Lúcia correspondia-se com gente todo o mundo, desde gente simples, do povo, gente da hierarquia, cardeais, com o papa. Há todo um conjunto de documentos que, com rigor, temos de prestar atenção, o que vai fazendo demorar as coisas”, explica a irmã Ângela Coelho sublinhando que o que se pretende alcançar é “a verdade”.
Na sua opinião pessoal, a vice-postuladora considera a irmã Lúcia de Jesus um dos rostos femininos portugueses mais proeminentes do século XX: “Se repararmos, os últimos anos da atividade do pontificado de João Paulo II estão muito ligados com Fátima, a questão da consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, toda a questão do apelo que o Papa S. João Paulo II, e o próprio Papa Bento XVI, faz da interpretação da Mensagem, de apelar ao mundo católico para viver a mensagem, e que o Papa Francisco reiterou ao querer que a imagem de Nossa Senhora da Capelinha fosse [a Roma] na Jornada Mariana do Ano de Fé, [mostram] esta grande importância que é dada à Mensagem de Fátima e o impacto que teve na história do Mundo; a protagonista humana foi a irmã Lúcia”.
A vice-postuladora sublinha ainda que “há muito do que historicamente foi acontecendo, há muito ao nível da Igreja, do que foi acontecendo nos últimos anos, nas últimas décadas, que se deve à ação direta, epistolar sobretudo, da irmã Lúcia, à sua oração, ao seu sacrifício; de facto é uma mulher incontornável no panorama católico em Portugal e na Igreja”.
LeopolDina Simões
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