11 de março, 2017

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Intervenções na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima foram alvo de reflexão

II Jornadas de Conservação e Restauro foram promovidas pela Comissão dos Bens Culturais da Igreja

 

O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja promoveu, em parceria com o Museu do Santuário de Fátima, a segunda de uma série de Jornadas de Conservação e Restauro: Património Recuperado - Boas Práticas no Santuário de Fátima.

O encontro formativo teve inicio esta manhã, no Centro Pastoral de Paulo VI e tem por base o trabalho de requalificação e conservação levado a cabo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

O objetivo é dar a conhecer ao público em geral os procedimentos próprios dessa tarefa, nem sempre visível, bem como o conjunto de boas práticas implícitas à sua concretização.

Nuno Proença foi o responsável pela coordenação dos trabalhos de conservação dos materiais pétreos e mosaicos do interior da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e abordou a «extensiva proteção de património integrado, em preparação do conjunto para obras mais intrusivas, nomeadamente de construção civil».

«Os trabalhos contemplaram desde ações de manutenção e conservação, a operações de restauro, permitindo o encontro de equilíbrios nas diversas componentes arquitetónicas e escultóricas a par de uma proveitosa produção de conhecimento».

Foi intervencionada uma área de 10 mil metros quadrados de área pétrea, num total de 13 meses de trabalho, o que equivale a 22 mil horas, das quais 35% foram ocupadas com trabalhos de limpeza

No que toca à conservação e restauro dos vitrais da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Clarisse Silva, do Atelier do Vidro, falou da a partir da identificação e descrição do conjunto de vitrais da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, das suas características técnicas e físicas, onde foram abordados os problemas de conservação verificados durante a intervenção e os trabalhos desenvolvidos.

«Como forma de manter a longevidade do conjunto de vitrais serão relacionados alguns critérios para a sua conservação e preservação futura», e deste modo os 49 vitrais intervencionados foram separados em três fases. Numa primeira fase, foram intervencionados 8 vitrais «de excelente qualidade técnica, com uma pintura rica e delicada, e posso dizer que não deve haver problemas nestas peças no que toca à pintura nos próximos 200 anos».

Na segunda fase foram alvo de intervenção 36 vitrais «em vidros manufaturados, com pinturas rápidas». Por fim, mais 5 vitrais com «excelente qualidade técnica, não apresentam problemas, vidros manufaturados com cores intensas e tons pastel», foram intervencionados

Clarisse Silva concluiu dizendo que este trabalho foi uma «experiencia muito enriquecedora».

Carla Felizardo, do Centro de Conservação e Restauro − Escola de Artes − Universidade Católica Portuguesa, abordou a intervenção de conservação e restauro de um conjunto de pinturas e esculturas pertencentes ao espólio do Santuário de Fátima

Neste âmbito falou-se de um conjunto de 6 pinturas sobre tela e 4 esculturas em madeira policromada, e com a exceção de um dos trabalhos, todos os restantes foram intervencionados no Centro de Conservação e Restauro da Universidade Católica Portuguesa, no Porto.

«Não apresentaram patologias graves mas todas as peças beneficiaram de uma revisão do seu estado de conservação o que permitiu a interrupção dos processos de degradação em curso, numa perspetiva de estabilização e conservação dos materiais originais», disse.

Manuel Lemos e Matthias Tissot, da Archeofactu, trataram o caso da Basílica de Nossa Senhora do Rosário no que toca à conservação da arte sacra em metal.

A intervenção de cerca de 70 peças em metal, datadas maioritariamente de meados do século XX regeu-se por «um compromisso entre a preservação material e das marcas de utilização e restituição da perceção original do objeto»

«Esta intervenção revelou-se um desafio, não tanto por este compromisso, mas sim pelas características das técnicas de fabrico utilizadas nos objetos, que obrigaram à adaptação das metodologias de intervenção normalmente utilizadas em peças de arte sacra em metal», concluíram.

Eulália Subtil explicou o processo de conservação e restauro de mobiliário religioso na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, uma ação que decorreu no ano de 2015.

A Intervenção assentou em 2 arcazes de espaldar, e 2 armários, as balaustradas existentes nas 12 capelas laterais existentes na nave da Basílica.

«Todas as peças apresentavam um razoável estado de conservação».

Eulália Subtil esclareceu os participantes acerca dos tratamentos: «constam ações de limpeza química e mecânica, desinfestação de suporte, reconstrução de elementos, reprodução de elementos em falta, aplicação de nova camada de acabamento e a desmontagem integral de um dos arcazes, a sua montagem em nova localização».

Após a partilha, os 70 participantes rumaram à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, para in loco, sob orientação de Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima, verem as intervenções decorridas no âmbito projeto de requalificação e conservação. 

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