05 de setembro, 2021
Conversão apontada como atitude primeira para um caminho de santidadeO Encontro na Basílica desta tarde teve como orador o padre Rui Ruivo, que perspetivou o encontro com Deus como experiência de conversão que conduz à santidade.
No terceiro e Encontro na Basílica deste ano pastoral, que decorreu esta tarde, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, o padre Rui Ruivo apresentou o encontro com Deus como experiência de conversão, alicerçada em seis etapas, descritas numa dinâmica que começa em Deus e que, provocando curiosidade no Homem, leva a uma resposta positiva, geradora de uma alegria e de uma mudança das atitudes, que conduz a um caminho de santidade. Ao constatar a diversidade de “caminhos que conduzem a Deus” como “uma das riquezas da Igreja” e lugar de comunhão, o sacerdote da diocese de Leiria-Fátima começou por sublinhar a importância da experiência da conversão neste encontro que Deus possibilita, estruturando esta dinâmica em duas ações: uma iniciativa de Deus que obtém resposta humana. Com base nesta estrutura e partindo das vidas dos santos Francisco e Jacinta Marto e do episódio bíblico do encontro de Jesus com Zaqueu, o orador apresentou seis pequenos passos para um caminho de conversão e encontro com Deus. Tomando a iniciativa de Deus de vir ao encontro do Homem como o primeiro passo, o padre Rui Ruivo relembrou a iniciativa divina presente no encontro de Jesus com Zaqueu, tal como na vida dos santos Pastorinhos, a quem “Deus vem ao encontro primeiro por meio do Anjo, depois através de Maria”. “Há a vontade de Deus, louca, apaixonada, em nos querer para Ele, nos seus desígnios de amor. Mas nunca por imposição. Zaqueu não foi obrigado a subir à árvore, nem foi depois obrigado a descer para acolher Jesus, nem os pastorinhos foram obrigados a fazer o que quer que fosse. O que ambos fizeram com as suas vidas, foi na liberdade, responder ao convite de Deus. Foi fazer seu o desejo de Deus.”
A resposta do Homem Refletindo sobre a resposta que é dada à iniciativa de Deus, o padre Rui Ruivo sugeriu a curiosidade como atitude espontânea do Homem, apresentando exemplos desse mesmo comportamento na vontade de Zaqueu subir à árvore para ver Jesus e na pergunta que Lúcia faz no a Nossa Senhora, no início de cada Aparição: “De onde é Vossemecê?... E que é que Vossemecê me quer?”. Na etapa que sucede à curiosidade, o orador identificou a o acolhimento de Deus na vida do interpelado, reconhecendo esta dinâmica no normal das vidas de Zaqueu e dos santos Pastorinhos, tal como na vida de cada cristão. “Não há outra forma de fazer a experiência de conversão a Deus, que não seja no normal das nossas vidas, tal como estamos. Diria que é urgente que façamos isso hoje, já, aqui e quando voltarmos a nossas casas, quando estivermos a preparar o jantar, quando estivermos para deitar, ao acordar, ao tomar banho, ao ir para o trabalho, no trabalho... Deus aí quer vir ao nosso encontro, aí temos de o acolher e convergir para Ele.” A alegria do encontro foi o momento que o padre Rui Ruivo destacou na resposta que o Homem dá ao Deus que vem ao seu encontro, uma alegria que é evidente na atitude de Zaqueu e na vida na vida de santa Jacinta, que se alegra por “poder dar a própria vida como forma de estar mais em Deus” e que “é já o início do desejo do Céu e experiência do Céu já aqui na terra”, afirmou o sacerdote. Num quinto passo, o orador apresentou a mudança de atitudes, que é muito presente na vida de Francisco e Jacinta Marto, que as oferecem como sacrifício para a conversão dos pecadores. Sobre este ponto, o padre Rui Ruivo perspetivou a mudança de atitudes como “algo de comunitário, implica sempre os outros” e um caminho de conversão que “expande” o coração. “A conversão a Deus é uma permanente operação ao coração, verdadeiro hospital de cardiologia onde constantemente se opera o coração para o fazer crescer, para que Deus possa ocupar cada vez mais um lugar maior, para que os outros possam ser acolhidos no nosso coração, na nossa vida”, disse.
No final do encontro, o organista Davide Barros interpretou peças de Johann Sebastian Bach, Olivier Messiaen, e Léon Boëllmann.
A santidade como plenitude da conversão Sobre o último passo, que se caracterizou como um momento de identificação com Deus, o sacerdote lembrou a o “mergulho permanente na luz que é Deus” em que os Pastorinhos se encontravam, apresentando a santidade como a conversão plena e a vida como oportunidade de caminho na direção do amor de Deus. “Se o encontro com Deus como experiência de conversão pudesse ser resumido numa pergunta, talvez a pergunta fosse: “Quereis oferecer-vos a Deus? A resposta é toda a vida em modo de conversão, a convergir para o lado do amor a Deus, e ao próximo como a si próprio. O caminho que te conduzirá a Deus, será sempre o caminho do amor... O encontro com Deus terá sempre de nos converter em candeias que Deus acende, que trazem esse lume no peito, que não queima, mas que ilumina a humanidade”, concluiu. À palestra seguiu-se um recital de órgão por Davide Barros, que interpretou peças de Johann Sebastian Bach, Olivier Messiaen, e Léon Boëllmann. O próximo Encontro na Basílica realiza-se a 3 de outubro e terá como orador o padre José Nuno Silva, que falará sobre “A fragilidade como lugar teológico e espiritual”, numa tarde que termina com um recital pelo organista António Mota. O último Encontro na Basílica deste ano pastoral está agendado para a tarde de 7 de novembro e terá como orador o diretor do Departamento para o Acolhimento de Peregrinos do Santuário de Fátima, André Pereira, que perspetivará Fátima como acontecimento, lugar e mensagem de esperança. Este encontro que encerra com um recital do organista Sílvio Vicente.
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