11 de julho, 2021

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Segundo Encontro na Basílica mostrou caminhos para viver o sofrimento em paz e serenidade

A partir da forma como os santos Pastorinhos viveram a dor nas suas breves vidas, a Irmã Ângela Coelho apresentou, esta tarde, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, três atitudes para atravessar os momentos de sofrimento.

 

No segundo Encontro na Basílica de 2021, que decorreu esta tarde, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a irmã Ângela Coelho, da congregação da Aliança de Santa Maria, apresentou os santos Francisco e Jacinta Marto como modelos inspiradores para a vivência do sofrimento humano, a partir da atitude de confiança em Deus e da consciência comunitária e reparadora com que os videntes demostraram nos momentos de dor.

A partir do contexto histórico das vidas dos santos Pastorinhos, também ele atravessado por um período pandémico, a religiosa apresentou três atitudes que os videntes assumiram nas suas vidas, a partir da vivência da mensagem que Nossa Senhora lhes legou, nas Aparições: a confiança em Deus; a partilha em comunidade, que se projeta na caridade; e a dimensão reparadora em favor do próximo, que perspetiva a dor num horizonte de infinito e se dilata na esperança.

Antes de aprofundar cada uma das atitudes, a irmã Ângela Coelho começou por admitir a “inevitabilidade do sofrimento” e, numa consideração prévia, explicou que a reflexão que ali trouxe não se baseou tanto em considerações teológicas, mas no testemunho da vida dos santos Pastorinhos.

 

Uma atitude de confiança sustentada na fé

Sobre a atitude de confiança em Deus de que as vidas de São Francisco e Santa Jacinta são testemunho, perante a experiência da dor, a religiosa da congregação da Aliança de Santa Maria estabeleceu um paralelo entre esta atitude de “pertença a Deus” dos Pastorinhos e a confiança em Deus demonstrada por Abraão, no relato bíblico.

“Com Abraão, Deus faz uma promessa com estas palavras: ‘Nada temas, eu sou o teu escudo… A tua recompensa será muito grande’ (…), aqui em Fátima, a promessa está contida nas palavras da Virgem Maria: ‘Ides ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto’”, explicou a oradora, ao evidenciar a forma como esta “aliança profunda com Deus” se traduziu num “impressionante” e “distinto” testemunho de confiança em Deus, nos Pastorinhos de Fátima.

“O Francisco mostra-nos que é possível viver feliz, mesmo no meio da doença, porque Jesus, que habitava no seu peito, era a causa primeira da sua alegria. (…) Com Jacinta, aprendemos a viver o sofrimento como oferta oblativa e não com revolta ou de forma resignada. (…) Eles convidam-nos a não nos deixarmos vencer pelo desânimo, mas a atravessar o sofrimento com a confiança sustentada pela fé.”

 

“A unidade no sofrimento, capaz de nos libertar”

Para aprofundar a atitude de pertença comunitária que os santos Pastorinhos testemunharam com as suas vidas, durante o sofrimento que atravessaram, a oradora começou por constatar, em contraponto, a autossuficiência e autorreferencialidade a que a sociedade de hoje apela, para, logo a seguir, destacar a forma como os videntes partilharam a sua dor uns com os outros e na relação com aqueles que os rodeavam, estabelecendo um paralelismo com a prisão de Pedro e a caridade da comunidade de apóstolos.

“Viver em comunidade um momento de dor tem a capacidade de abalar os alicerces da prisão do medo face ao futuro incerto, da angústia face aos efeitos nefastos da pandemia. A unidade no sofrimento é capaz de nos libertar das prisões do egoísmo, do isolamento e da solidão.”

 

“No Francisco e na Jacinta não há dor desperdiçada”

Sobre a forma como os santos Pastorinhos viveram o sofrimento numa perspetiva reparadora que se abre à esperança, a irmã Ângela Coelho sublinhou a importância desta “intenção do coração” a que Nossa Senhora os exorta, na aparição de Junho de 1917.

“Por isto, podemos dizer que no Francisco e na Jacinta não há dor desperdiçada… Tudo foi aproveitado. A Jacinta desenvolveu uma sensibilidade particular pela reparação e pela salvação dos pecadores. (…) O Francisco, por sua vez, adquiriu uma sensibilidade particular, que o levou a perceber como Deus está tão triste e isto movia o seu coração.”

Na conclusão, a oradora apresentou o amor através do qual Francisco e Jacinta Marto vivenciaram o seu sofrimento como caminho que os fez viver os momentos de dor numa perspetiva santa, com dignidade, paz e serenidade.

“As sua vidas ganham a dimensão da humanidade inteira… A sede de infinito, que lhes ardia no peito, era saciada com a sua entrega, com uma vida vivida para o bem dos outros. Francisco e Jacinta convidam-nos a não cair no vazio da falta de sentido do sofrimento com que nos deparamos, mas a responder, prestando atenção ao nosso coração e oferecendo em reparação. (…) Sim, o testemunho das suas vidas ajuda-nos a atravessar o sofrimento com a poderosa força pascal da esperança.”

O encontro terminou com um recital pela organista Rute Martins, que interpretou o “Magnificat”, de Dieterich Buxtehude, e “Regina Caeli”, de Pietro Mascagni.

O próximo Encontro na Basílica realiza-se a 5 de setembro, com uma reflexão do padre Rui Ruivo sobre o tema “‘O caminho que te conduzirá até Deus’: o encontro com Deus como experiência de conversão”, num encontro que terminará com um recital do organista Davide Barros. No encontro seguinte, a 3 de outubro, o padre José Nuno Silva, falará sobre “A fragilidade como lugar teológico e espiritual”, numa tarde que termina com um recital a cargo do organista António Mota. O último encontro deste ano pastoral está agendado para 7 de novembro e contará com o recital do organista Sílvio Vicente e com a palestra do diretor do Departamento para o Acolhimento de Peregrinos do Santuário de Fátima, André Pereira, que perspetivará Fátima como acontecimento, lugar e mensagem de esperança.

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