18 de abril, 2010

Homilia páscoa 3 C
Fátima, 18 de Abril de 2010
Peregrinação da Sociedade de S. Vicente de Paulo

Andam agitados os céus das nuvens e meia Europa ficou a olhar para a poeira vulcânica. A leitura do Apocalipse também nos convida a contemplar o alto, mas não as nuvens da terra, que ainda são anexo envolvente do que é terreno.
A revelação dos efeitos da ressurreição é celebrada com uma autêntica liturgia celestial, centrada no Cordeiro imolado e triunfante, sacrificado mas de pé, com sinais da paixão e o esplendor da ressurreição, vivo e vencedor. O cântico novo mostra como a ressurreição de Jesus efectuou um novo êxodo, uma nova Páscoa de libertação. Proclama a dignidade de Cristo ressuscitado e redentor, que com o seu sangue nos libertou. O objecto central desta liturgia consiste num canto de vitória. Esta vitória do amor é o centro de todo o desígnio de Deus e o cume da sua acção na história. Deus actua na história para dar vida e o cume da sua actividade é a ressurreição de Jesus, como afirmam os quatro viventes. O Cordeiro imolado desvenda o sentido da história.
Também a Igreja, esposa do Cordeiro, peregrina entre adversidades do mundo, abre-se ao plano de Deus e inclina-se, convicta e entusiasta, para reverenciar o Ressuscitado, como indica o gesto das Anciãos. O Cordeiro vitorioso abre saídas, gera esperança. Resgata para Deus pessoas de todos os povos e nações: revela-se a universalização do amor, também simbolizada nos 153 peixes, que aludem ao carácter universal da missão. Esta vitória da eternidade universal do amor está a acontecer na terra, quer ganhar mais espaço nos nossos gestos.
Efeitos semelhantes da Ressurreição acontecem na comunidade primitiva. Experimenta-se uma audácia espantosa no anúncio, unida a uma vida corajosa de testemunho. Não paralisam, partem a anunciar. Contrariam os bloqueios. Ora reparemos: proibidos de ensinar em nome de Jesus, enchem Jerusalém com a sua doutrina. Sofrem insultos por causa do nome de Jesus e ficam contentes. O que foi executado, Deus exaltou-o. Começa a realizar-se o que Jesus anunciara e previra. A vergonha pelas faltas graves de alguns, não impede a ousadia firme do anúncio destemido da proposta libertadora em nome de Jesus. O reconhecimento do pecado não atenua a defesa dos valores, não diminui o ímpeto da missão.
Os apóstolos e os discípulos de Jesus não são libertos das provações e de hostilidades. Importante é resistir ao pânico, ao medo. Jesus, pela sua Páscoa, não nos livra dos sofrimentos, mas dá luz forte para encontrar o sentido da vida. Cristo faz despertar em cada discípulo, como vemos acontecer em Pedro, a voz interior que convida a uma vida verdadeira, autêntica. Unimo-nos ao sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI, que hoje visita a ilha de Malta e em breve estará aqui. Que continue com valentia apostólica a centrar a Igreja em Cristo, testemunha jubilosa porque sempre a purificar-se, a converter-se à vontade do Pai.
A presença de Cristo ressuscitado dá qualidade às relações, renova a surpresa da pesca, ou seja do trabalho humano de cada dia. Impede o afogamento no desânimo, perante resultados nulos. Seja com boa pesca ou sem apanhar nada importa trabalhara barca da Igreja. A alegria não vem da satisfação de ter corrido bem ou por ter tido sorte. Esses são critérios mesquinhos. É preciso correr, repetir as tentativas, para que a vida ande bem. A sorte não é base de esperança, mas cama preferida de preguiçosos. Ter a consciência viva que Jesus está connosco, evita cair na depressão, abre o sentido para o reconhecer nas malhas da história.
A relação com Cristo permite construir sobre a rocha, implica, contudo, alterar as relações com as pessoas, com as coisas, com o trabalho, com tudo. Ser apaixonado por Jesus, viver no seu nome conduz os apóstolos à valentia e a opções decididas no tecido da vida.
Caríssimos irmãos e irmãs
A Eucaristia antecipa a celebração da Páscoa eterna. Aqui trazemos os frutos do trabalho, mesmo que sejam mãos vazias. Para Cristo não são os óptimos resultados que aumentam chorudas recompensas. A medida dos seus dons é plena. Acolhamos a força do Cordeiro que nos refaz neste banquete. Só miríades de anjos e a multidão das criaturas do céu, da terra e do mar podem dar connosco expressão ao louvor, à gratidão, pela vida nova jorrante de Cristo para nós. Neste Santuário contamos com Maria a indicar-nos a melodia do louvor.
Caríssimos vicentinos
Esta peregrinação anual vos congregue na alegria por encontrardes nos pobres a presença de Cristo vivo. Purificai aqui o olhar e renovai  a ousadia para serdes corajosas testemunhas do profundo amor e da grande esperança junto de cada ser humano mais afastado da alegria. Vós sois colaboradores do plano de Deus; a vossa vivência, unida à de Cristo Cordeiro imolado, abrirá o sentido da história, projectará vias de justiça e de paz.
D. Carlos Moreira Azevedo
Bispo Auxiliar de Lisboa
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