24 de novembro, 2004

MISSA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Fátima, 13 de Outubro 2004
 
Senhor Bispo Dom Serafim
Amados Irmãos no Episcopado
Estimados Sacerdotes, Religiosos e Religiosas
Caríssimos Irmãos e Irmãs em Cristo
 
Alegremo-nos todos neste dia que nos deu o Senhor! Viemos a Fátima de diversas partes de Portugal, da Europa e do mundo inteiro, com grande fé e em espírito de oração e de penitência reparadora, para render homenagem a Nossa Senhora e comemorar a sua aparição neste lugar bendito no dia 13 de Outubro 1917. Quem vos fala neste momento vem como peregrino de Índia que foi evangelizada por dois apóstolos, São Tomé e São Bartolomeu, e depois por muitos missionários que, há 500 anos, saíram de Belém em Lisboa e foram levar-nos o santo Evangelho de Jesus Cristo. Aproveito esta ocasião para dar graças a Deus por o dom de fé cristã que recebemos deles e para exprimir a nossa profunda gratidão pela parte que os portugueses tiveram nesta missão da evangelização na Índia.
Como filhos e filhas de Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa querida Mãe celestial, queremos hoje sentir o palpitar do seu coração materno e ouvir mais uma vez ela dizer-nos, como disse nas bodas de Caná em Galileia: “Fazei tudo o que Ele, meu Filho, vos disser».
Ela não só disse estas palavras, mas também as praticou toda a sua vida que pode ser resumida em três palavras: Fiat, Magnificat e Stabat. Fiat, quer dizer "seja feita a vontade de Deus”, Magnificat, “que Deus seja sempre louvado”, e Stabat, “ser fiel a Deus e aos nossos compromissos até ao fim de vida”.
O evangelho que acabamos de ouvir, trouxe-nos à memória aquele momento solene quando Maria Santíssima disse um “sim” total e incondicional, um Fiat, à mensagem do Arcanjo Gabriel que lhe comunicou que Deus queria que ela fosse a Mãe do seu Filho incarnado.
O “sim” de Maria não terminou com a Anunciação do Arcanjo. Maria foi imediatamente a toda a pressa visitar sua prima Isabel que precisava de ajuda, pois estava grávida. E quando a sua prima, divinamente inspirada, a proclamou “Mãe de Deus” e “bendita entre todas as mulheres”, o coração de Maria Santíssima prorrompeu num cântico de louvor e agradecimento a Deus todo-poderoso pelas maravilhas que fez n´ela e na história de humanidade. Este cântico da Virgem chama-se o Magnificat.
Depois disto, Maria Santíssima viveu o seu Fiat e Magnificat toda a sua vida, nas alegrias e nas dores, até ao pé da cruz do seu Filho no Calvário. O evangelho tem uma palavra que descreve bem esta atitude de fidelidade e perseverança de Nossa Senhora: Stabat, quer dizer, estava firme, resoluta e decidida.
Com estes sentimentos — Fiat, Magnificat e Stabat — a Virgem Maria ensinou-nos o que significa viver como discípulos de Jesus Cristo. Fiat: dizendo sempre “sim” à vontade de Deus a nosso respeito. Magnificat vivendo na alegria, paz e amor ainda que a vida nos traga frequentemente cruzes e amarguras. Stabat: sendo fiéis até à morte aos nossos compromissos e deveres. É um ensinamento profundo, pois muitas vezes dizemos “sim” a Deus e rejubilamos pelos efeitos imediatos, mas falhamos no terceiro elemento de fidelidade e perseverança. Por isso muitas iniciativas perdem-se pela estrada, muitos matrimónios fracassam com o divórcio, muitas pessoas interrompem a sua vocação da vida, e às vezes até a própria vida. Ora, estes três sentimentos - Fiat, Magniflcat e Stabat - se obtêm só com sacrifício e oração. Foi isto o que Nossa Senhora veio pedir-nos nas suas aparições aqui em Cova de Iria.
Nesta Missa honramos Nossa Senhora do Rosário: é o apelido com que ela mesma se designou na última aparição neste local bendito, há 87 anos, diante de 70.000 pessoas. Naquela ocasião, Nossa Senhora pediu que se rezasse o terço todos os dias pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo. O Santo Rosário faz- nos recordar os sentimentos do Fiat, Magnificat e Stabat que marcaram a vida de Nossa Senhora e inspira-nos a imitá-la para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, normalmente quando rezamos o terço, pensamos — como é natural - às nossas intenções pessoais, às nossas famílias e necessidades. Mas não esqueçamos as intenções que nos propôs a nossa Mãe de Céu: a conversão dos pecadores e a paz no mundo. São intenções muito caras ao coração de Deus.
Antes de tudo: a conversão dos pecadores. Hoje o mundo está espiritualmente doente e, mais do que nunca, aumentam os pecados e os pecadores; até porque o mal se apresenta como bem, e os vícios são exibidos como virtudes. Há ideologias e doutrinas chamadas New Age que negam a existência de Deus e exaltam o poder humano. Há modas de vestir e de viver que traduzem um modo pagão de viver sem Deus e ofendem muito o coração de Deus, porque reduzem o homem - a obra-prima da sua criação - à uma condição indigna da sua dignidade de filho de Deus. Abundam hoje também os atentados contra a vida, desde as inocentes crianças no seio materno até a eutanásia e há leis civis contra a moralidade matrimonial. Há seitas secretas, cultos satânicos, o terrorismo e poderosos meios de comunicação social que destroem muitos, especialmente os jovens, da atenção que devem dar a Deus e ao próximo.
Durante a aparição no dia 13 de Julho 1917 aqui na Cova de Iria, Nossa Senhora mostrou aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta uma terrível visão do inferno onde caíam almas humanas “como folhas em grandes incêndios”. E quando os videntes gritaram com pavor, Nossa Senhora disse-lhes: “Viestes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores... porque não há ninguém que reze por eles”. São palavras que Nossa Senhora nos diz hoje também; muitas pessoas vão para a perdição eterna, porque não há ninguém que peça por elas.
E onde chega o pecado, aí faz falta a paz de Jesus. No mundo hoje, há guerras não só entre nações, mas entre habitantes duma mesma nação, nas próprias famílias e comunidades, e sobretudo no íntimo dos corações. As causas são diversas: a inveja, o egoísmo, a avidez, honras e posição social, a arrogância de comportar-se como se Deus não existisse ou fosse irrelevante na vida do homem ou, pior ainda, como se o homem mesmo fosse Deus. Estamos no meio dum combate espiritual entre o bem e o mal; entre o amor de Deus e do próximo, duma parte, e o amor egoísta que escraviza o mundo e busca só a prosperidade, a popularidade e o poder. Mas, uma coisa é certa: a vitória final será de Deus, graças às orações dos fiéis e à intercessão poderosa de Nossa Senhora que já predisse: “Finalmente o meu Coração triunfará”.
Queridos peregrinos! A nossa peregrinação não deve ser só um acto de devoção e homenagem à Nossa Senhora, mas deve convencer-nos da actualidade da sua mensagem aqui proclamada em Fátima. Hoje mais do que nunca, o mundo necessita de nossos sacrifícios e preces pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo. Vivamos fielmente os sentimentos do Fiat, Magnificat e Stabat de Nossa Senhora e, obedientes ao seu apelo materno, vamos fazer muita penitência e oração e, em particular, vamos rezar o terço cada dia pedindo a Deus, Pai de misericórdia, que tenha piedade de nós e nos dê a paz de Jesus que tanto necessitamos e desejamos.
Que Nossa Senhora de Fátima, Mãe de Misericórdia e Rainha da Paz, nos abençoe e interceda por nós, pobres pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amen.
 
Cardeal Ivan Dias
Arcebispo de Bombaim
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