24 de junho, 2018

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“Há um potencial de inteligência ecológica” na mensagem de Fátima

Investigadora Isabel Varanda falou no Simpósio Teológico-Pastoral em Fátima sobre o imperativo da paz como ecologia integral

 

A quinta e última sessão do Simpósio Teológico-Pastoral “Fátima hoje: que sentido?” começou este domingo com uma reflexão da investigadora Isabel Varanda sobre “Fátima: o imperativo da paz como ecologia integral”, que afirmou haver um “potencial de inteligência ecológica na mensagem de Fátima” que faz com que neste segundo centenário Fátima possa viver sob o signo da ecologia integral.

“Há um potencial de inteligência ecológica na mensagem de Fátima, que ultrapassa a própria receção, compreensão e expressão dos pastorinhos Francisco e Jacinta e da própria Lúcia ao longo das suas vidas”, referiu a professora da Universidade Católica.

A partir de uma ligação entre os documentos fundamentais da igreja sobre a paz, a justiça e a ecologia, desde julho de 1915 com o Papa Bento XV até ao nossos dias, com o papa Francisco, Isabel Varanda explicitou a forte ligação entre a Mensagem e os temas da paz, da justiça, do perdão e do coração, numa perspetiva de ecologia integral.

“Fátima no século XXI poderá e deverá enriquecer e alargar a interpretação da Mensagem tendo em conta a res novae. Em diálogo com a res novae, a releitura atualizada da mensagem de Fátima poderá trazer à luz o vínculo intrínseco entre o labor pela paz humana (conversão, oração, amor a Deus e ao próximo, compaixão, fraternidade, solidariedade) e a salvação ecológica plasmada na alegria, na justiça e paz de todas as criaturas”.

Para a investigadora da Universidade Católica, estudiosa de Fátima, é aqui que se poderá desenhar a “vocação e missão histórica do santuário de Fátima no século XXI”, confirmando este lugar como “um lugar de alegria”, como “centro de estudo das interseções entre a Mensagem, a Paz e a Ecologia”, como “metáfora viva do coração como lugar de paz”, como “lugar de diálogo ecuménico” e ainda “ pousada dos peregrinos”, correspondendo às necessidades de acolhimento de quem está marginalizado, mas “sobretudo para responder à súplica de tanta gente e apoiar o consenso global para que seja sanada a criação ferida”.

A investigadora referiu ainda a satisfação e a responsabilidade com que Fátima deve receber a nomeação cardinalícia do seu bispo, facto também referido pelo conferencista que se lhe seguiu, o sacerdote franciscano Stefano Cecchin, doutor em Mariologia, que apresentou uma conferência intitulada “A visão da igreja relativa às mariofanias a partir do acontecimento de Fátima”.

“A mensagem de Fátima é importante e decisiva para compreendermos as mariofanias” e este lugar “é de tal forma importante que o Papa escolheu o seu bispo para cardeal”.

“É claro que estou a falar de política eclesial mas não deixa de traduzir a escolha de um bispo, de um santuário, que é feito cardeal” precisou o sacerdote.

“Ao nomear D. António Marto cardeal o Papa está a dizer que a Igreja está de acordo com o que este santuário é e representa. Isto significa a anuência da Igreja ao trabalho que aqui é desenvolvido, que deve servir como modelo para outros santuários” afirmou Stefano Cecchin.

“Fátima é uma chave interpretativa dos fenómenos das aparições, das mariofanias”, prosseguiu o conferencista lembrando que as aparições “são difíceis para a igreja; constituem mesmo um problema”. Mas, acrescentou, se “não as estudarmos e não aprofundarmos a figura de Maria, negamos tudo”.

“Maria é uma figura central: se não percebemos a importância de Maria, não podemos compreender as aparições nem os santuários” disse o sacerdote.

“Maria não é uma devoção; Ela faz parte do dogma da fé, Ela é indispensável para a fé. Sem o sim de Maria não teria havido Jesus, não estaríamos aqui.  Ela é, portanto, uma realidade indispensável, como sublinhou Paulo VI”, concluiu o teólogo.

“É preciso dar a Maria o lugar certo na história da Igreja e no presente da Igreja”. Acrescentou, ainda.

Stefano Cecchin frisou, ainda, que “Fátima não é milagre por causa das aparições, mas porque procura cuidar do coração” e isso é “uma atitude profundamente mariana: renovar o coração das pessoas”.

“Eis a ecologia da Paz: a mensagem de Fátima dá-nos uma chave de interpretação de que este Deus que continua a enviar a sua mãe quer falar connosco através Dela e  quer mudar a nossa mentalidade. O que Jesus nos pede é a conversão, a mudança e isso tem a ver com a pessoa na sua totalidade, a tal ecologia integral”, afirmou.

O teólogo terminou com uma interpelação acerca do sentido de Fátima: “Espero que Fátima, como dizem os papas, ainda não se tenha esgotado; pode não ser uma mensagem nova mas o importante é perguntarmos: o que é que Fátima me pede hoje? Que me aproxime de Deus através da eucaristia”.

O Simpósio Teológico-Pastoral “Fátima hoje: que sentido?” terminou este domingo.

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