12 de outubro, 2018
Guerra, corrupção, violência… E Fátima como “bênção de paz sobre o mundo”Na conferência de Imprensa da Peregrinação de Outubro, D. António Marto lembrou os conflitos mundiais, demonstrou o seu apoio aos que lutam contra a corrupção, e apontou Fátima como “bênção de paz sobre o mundo”
Na conferência de imprensa da Peregrinação Internacional Aniversária de outubro, D. António Marto apontou Hiroxima, no ataque nuclear que sofreu, como cidade-símbolo do “poder destruidor do homem”, e classificou a Mensagem de Fátima como uma “bênção de paz sobre o mundo”, destaque que o bispo de Hiroxima confirmou ao transmitir a devoção na sua diocese por Nossa Senhora. O cardeal português denunciou ainda o “ataque ignóbil” que está a ser perpetrado contra o Papa e demonstrou solidariedade para com Francisco. Ao acolher o presidente da Peregrinação Aniversária de outubro, o cardeal D. António Marto começou por evidenciar o lugar de Hiroxima e Nagasáqui na história recente do mundo, evocando o bombardeamento nuclear de que aquelas cidades nipónicas foram alvo, em 1945, durante a II Grande Guerra Mundial. A partir de uma citação do Papa Francisco, o bispo de Leiria-Fátima lembrou este “trágico acontecimento” que “suscita horror e repulsa”, e que se “tornou símbolo do desmedido do poder destruidor do homem, quando faz mau uso dos progressos da ciência e da técnica, constituindo uma advertência perene à humanidade a fim de que repudie a guerra para sempre, eliminando as armas de destruição maciça”. Com base nesta memória histórica, D. António Marto lembrou o apelo permanente à paz presente na Mensagem de Fátima, nomeadamente com as suas referências aos dois grandes conflitos mundiais. “Neste contexto, assinalamos os 100 anos do fim da I Grande Guerra Mundial, que é explicitamente referida na Aparição de outubro de 1917”, disse, ao apontar “Fátima como bênção de paz sobre o mundo”, temática essencial desta Peregrinação de outubro.
D. António Marto e Santuário de Fátima solidários com o Papa O bispo de Leiria Fátima manifestou, em seu nome e em nome do Santuário, a “comunhão e solidariedade com o Papa Francisco”, naquele que é “um momento difícil da Igreja”, afirmando o empenho em cumprir o apelo que o Santo Padre fez para a oração do Rosário diário durante o mês de outubro, pela unidade da Igreja. Afirmou esta disponibilidade ao denunciar a “ameaça” que pende sobre a Igreja como “um ataque ignóbil contra o Papa” e “uma montagem política sem fundamento real”. Noutro âmbito, D. António Marto felicitou o sucesso das conversações entre a Santa Sé e a República Popular da China, fazendo notar a coincidência deste êxito ter acontecido após a presença de um prelado chinês em Fátima, D. John Tong, bispo emérito de Hong Kong, durante a Peregrinação de Maio. Ainda sobre o continente asiático, o cardeal português mostrou-se feliz pelos passos que estão a ser dados “em ordem a encontrar uma situação de paz na península coreana”, manifestando a sua surpresa pelo eventual convite do presidente norte coreano para que o Santo Padre visite aquele país. D. António Marto aproveitou a oportunidade para anunciar que a Peregrinação Internacional Aniversária de Outubro, em 2019, será presidida pelo cardeal sul coreano D. Andrew Yeom Soo-jung, que também é administrador apostólico de Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
“Apoio todos os que lutam, sem medo, nem condescendência, contra a corrupção” O prelado deixou também uma referência ao Sínodo dos bispos dedicado aos jovens, que está a decorrer em Roma, elogiando o caminho que tem sido feito e sublinhou a preocupação que foi expressa pelos seus participantes em relação aos “populismos e totalitarismos camuflados, que podem comprometer o futuro das novas gerações”, tendo ainda felicitado o caminho da “pedagogia de amor ao próximo” que foi apontada. Neste domínio, D. António Marto manifestou o seu apoio “a todos os que lutam, sem medo, nem condescendência, contra a corrupção”. “Merecem apoio todos os que lutam contra a corrupção e a deslealdade, na política e nos negócios; contra a batota e a violência, no desporto; e contra a hipocrisia e a indiferença na própria Igreja”, disse, ao lembrar que a conversão e a purificação fazem parte da Mensagem de Fátima. Por fim, D. António Marto salientou o gesto de fé materializado no “ramo espiritual” de mais de 100 mil terços rezados pelos fiéis de Hiroxima durante o ano do Centenário das Aparições, que o bispo daquela diocese traz agora, materializado num registo arquivado em dois volumes, para oferecer a Nossa Senhora de Fátima.
D. Alexis Shirahama fala de uma crescente devoção mariana em Hiroxima Na sua alocução, D. Alexis Mitsuru Shirahama, começou por agradecer publicamente a cardeal D. António Marto o convite que este lhe fez para presidir à Peregrinação de outubro, e transmitiu a devoção dos fiéis de Hiroxima a Nossa Senhora de Fátima. “Agradeço este convite para vir rezar pela paz mundial. Nesta minha primeira vinda a Fátima, com 58 sacerdotes e fiéis da diocese de Hiroxima, trago o registo dos 103 mil terços rezados pelos fiéis do meu episcopado, onde celebrámos, no ano passado, o Centenário das Aparições, em oração pela paz no mundo sob uma réplica da Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que fizemos, e que ficou entronizada na Catedral de Hiroxima, que também é memorial da paz mundial. Acreditamos que nossa Senhora deu à nossa diocese a missão de rezar em comunhão com Leiria-Fátima pela paz mundial.”
Reitor do Santuário deixa ponto de situação sobre ano pastoral que agora termina O reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, apresentou as três mais recentes publicações do Santuário de Fátima, a saber: “As crianças - Profetas de Fátima”, onde o biblista italiano Franco Manzi apresenta a sua leitura teológica da Mensagem de Fátima, partindo da perspetiva dos três Videntes; a obra “Segredo: liturgia de palavra, silêncio e testemunho”, de vários autores, com diferentes abordagens para dar chaves de leitura sobre o Segredo e a Mensagem de Fátima; e o livro “Sob os braços da azinheira”, onde o poeta e ensaísta Ruy Ventura apresenta leituras sobre o acontecimento de Fátima. O responsável pelo Santuário fez, em jeito de balanço, uma breve referência ao ano pastoral que se vive no Santuário, sob o tema “Dar graças pelo dom de Fátima”, destacando, a partir de dados parciais, que o número de peregrinos se mantém igual ou “ligeiramente acima” a anos anteriores ao do Centenário. “A nossa preocupação continua a ser o acolhimento dos peregrinos, procurando que aqueles que visitam este lugar possam fazer, aqui, uma forte experiência espiritual. Continuamos a procurar recorrer a linguagens diversas, como as da arte, para comunicar a Mensagem de Fátima”, referiu, ao apontar foco para o tema do próximo ano: “Dar graças por peregrinar em Igreja”, durante o qual o centenário da construção da Capelinha das Aparições e o centenário da morte de São Francisco Marto estarão no centro das atenções.
Santuário evoca Papa Paulo VI no próximo domingo Nesta conferência de Imprensa, D. António Marto anunciou que o Santuário de Fátima se vai “associar espiritualmente” à canonização do “saudoso” Papa Paulo VI, que será feito santo juntamente com o bispo salvadorenho Óscar Romero, este domingo, em Roma. O prelado lembrou a relação de Paulo VI com Fátima, na sua visita à Cova da Iria em 1967, pelo cinquentenário das Aparições. “O Papa Paulo VI foi quem deu rumo ao Concílio Vaticano II, ao indicar o caminho do diálogo na relação da Igreja com o mundo moderno. Também em Fátima, a sua homilia foi sobre a unidade da Igreja e a paz do mundo”, recordou. |