Graças recebidas
Uma prática que ganhou novos contornos a partir da canonização de Francisco e Jacinta Marto.
Pode afirmar-se que, desde a primeira hora, se percebem em Fátima pessoas que, por verem atendidos os seus pedidos dirigidos à Virgem Maria, se consideram miraculadas. Especial fonte de informação para esta matéria é o próprio processo canónico que D. José Alves Correia da Silva instaura em ordem a definir a veracidade das visões de Francisco, Jacinta e Lúcia e, não menos importante, o jornal “Voz da Fátima” que, desde o seu número 2, torna públicas as comunicações de graças alcançadas pelos fiéis.
A primeira de que o jornal dá conta diz respeito a de Maria do Carmo da Câmara, comunicada a Manuel Nunes Formigão em carta posterior a 13 de outubro de 1922, na qual a miraculada deixa clara a sua intenção de publicação no jornal: «envio tambem a descripção das graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora do Rosario de Fatima que peço o favôr de mandar publicar na Voz da Fatima, pois o prometti se fosse ouvida». A graça viu, de facto, a sua publicação no periódico do mês seguinte, em 13 de novembro de 1922.
A prática virá a manter-se pelas décadas além e, a partir de 1952, ganhou novos contornos a partir da abertura do processo que conduziria à canonização de Francisco e Jacinta Marto. Com feito, logo no primeiro ano após a abertura do processo, a “Voz da Fátima” publica relatos de graças atribuídas aos Santos Pastorinhos, testemunhos que chegaram à redação oriundos de diferentes proveniências de Portugal (175 lugares identificados) e de outros países (Alemanha, Angola, Brasil, Escócia, Espanha, Estados Unidos da América, Filipinas, França, Irlanda, Marrocos e Moçambique). A comunicação de graças ao Santuário de Fátima, atribuídas à Mãe de Deus ou aos videntes, manteve-se século fora, ainda que, sobretudo a partir da década de 90, se tenham publicitado apenas a título exececional.
Marco Daniel Duarte
Departamento de Estudos do Santuário de Fátima
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