08 de abril, 2009
A Irmã Lúcia, na quarta Memória sobre o seu primo Francisco, escreveu: “Quando, aos 7 anos, comecei a pastorear o meu rebanho, ele pareceu ficar indiferente. Lá ia, à noite, esperar‑me com a sua irmãzinha, mas parecia ir mais para lhe fazer a vontade que por amizade. Iam esperar‑me no pátio de meus Pais. E enquanto a Jacinta corria ao meu encontro, logo que sentia os chocalhos do rebanho, ele esperava‑me, sentado nuns degraus de pedra que havia em frente da porta de casa. Depois, lá ia connosco, para a velha eira, a brincar, enquanto esperávamos que Nossa Senhora e os Anjos acendessem as Suas candeias. Animava‑se também a contá‑las, mas nada o encantava tanto como o lindo nascer e pôr‑do‑sol. Enquanto deste se avistava algum raio, não investigava se já havia alguma candeia acesa. – Nenhuma candeia é tão bonita como a de Nosso Senhor – dizia ele à Jacinta, que gostava mais da de Nossa Senhora, porque - dizia ela - não faz doer a vista. E, entusiasmado, seguia com a vista todos os raios que, dardejando nos vidros das casas das aldeias vizinhas ou nas gotas de água, espalhadas nas árvores e matos da serra, os faziam brilhar como outras tantas estrelas, a seu ver, mil vezes mais bonitas que as dos Anjos. (Memórias da Irmã Lúcia, IV Memória, 1941, I – Retrato do Francisco). E, na Sexta Memória, tem mais uma bela expressão: ao anoitecer, iam “espreitar quando vinha Nossa Senhora com os anjos acender as suas candeias e pô-las à janela do céu para nos alumiar” (VI Memória, 1993, nº 29). O Santo Padre João Paulo II, na sua homilia do dia 13 de Maio do ano 2000, referiu-se assim aos dois pastorinhos mais pequenos que beatificou: “Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas verdades aos pequeninos”. O louvor de Jesus toma hoje a forma solene da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta. A Igreja quer, com este rito, colocar sobre o candelabro estas duas candeias que Deus acendeu para alumiar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas. Brilhem elas sobre o caminho desta multidão imensa de peregrinos e quantos mais nos acompanham, pela rádio e televisão. Sejam uma luz amiga a iluminar Portugal inteiro e, de modo especial, esta diocese de Leiria-Fátima” (Homilia do Papa João Paulo II, no dia 13 de Maio de 2000, nº 5). Apenas uma pequena referência à candeia que aqui está exposta (fotografia acima): Em 1958, o Sr. Marques Gomes, coleccionador de candeias, visitou a casa dos pastorinhos Francisco e Jacinta e obteve dos familiares uma candeia que iluminou o nascimento dos dois videntes e a morte do Francisco. Em troca, o coleccionador entregou uma candeia de bronze. No dia 12 de Junho de 2000, já depois da beatificação, a Srª. D. Maria de Lourdes Marques Gomes Bazenga, filha do coleccionador, ofereceu ao Santuário a candeia primitiva, declarando: “Entrego esta oferta a Nossa Senhora para que os pastorinhos, lá do Céu, peçam para nós a luz divina”. É o que pedimos também para nós aos Beatos Francisco e Jacinta Marto. Fátima, 4 de Abril de 2009, 90º aniversário da morte do Beato Francisco Marto Pe. Luciano Cristino, Serviço de Estudos e Difusão (Palavras na Abertura da Exposição "FRANCISCO MARTO: CANDEIA QUE DEUS ACENDEU") |