07 de fevereiro, 2023

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“Fátima toca-me por aquilo que me diz mas sobretudo toca-me o quanto as pessoas acreditam, a forma como elas nesse lugar se entregam à sua fé”

Lídia Azevedo é uma jovem médica recém licenciada, da arquidiocese de Braga. No podcast #fatimanoseculo XXI fala da relação dos jovens da sua idade com a religião e a Igreja

 

Se olharmos para “o turbilhão de coisas que acontece ao nosso redor”- os conflitos armados cada vez mais próximos, os problemas sociais e económicos- “facilmente se percebe” a atualidade e a pertinência da mensagem de Fátima.

“Nossa Senhora apareceu numa altura em que havia uma guerra e deixou uma palavra de esperança, com um mandato: se todos nós rezássemos e não cometêssemos mais erros a paz existiria. Isto é muito bonito porque nos remete para a pureza do nosso coração e nos leva ao essencial de Jesus: se eu amar o meu próximo não posso fazer-lhe mal, se todos seguíssemos esta mensagem não poderia haver guerras” refere Lídia Azevedo, uma jovem médica acabada de se formar, que entrou na vida ativa em janeiro deste ano. É a convidada do podcast #fatimanoseculoXXI deste mês de fevereiro e daqui tece algumas considerações sobre a relação dos jovens com a fé e com a Igreja, e do papel que Fátima pode ter no regresso de alguns e no “contágio” de outros.

“Fátima pode continuar a inspirar como há cem anos inspira. A mudança que a pressa que está no ar implica, a partir do mote da Jornada Mundial da Juventude, pode dar-se em Fátima quando cada jovem conseguir aí converter o seu coração e daqui sair em paz levando-a aos ambientes onde se movimenta” refere.

E o que é que Fátima pode dizer aos jovens? “Pode ser um testemunho e os jovens precisam de testemunhos” diz explicitando o que a toca neste lugar: “Desde pequena que ia todos os anos a Fátima e hoje Fátima tem muita importância pois é o local mais importante de fé em Portugal. A mim toca-me o quanto as pessoas acreditam, a forma como elas se entregam à sua fé nesse lugar”.

Isso acontece, complementa, porque em Fátima “sentimos o exemplo de Maria”.

“Maria cuidadora: que mesmo grávida parte ao encontro da prima que se encontrava também grávida e a vai cuidar; Maria que está junto à cruz do filho; Maria que se fez presente na vida dos Pastorinhos; Maria que se faz presente na vida de todos nós, como a mãe que cuida” refere lembrando que “de Fátima há uma ideia fundamental: o cuidado”.

“O cuidado é muito importante pois significa que entrego o meu coração ao outro” diz Lídia Azevedo sublinhando o quanto Fátima a ensina a ser médica.

“Quando se lida com o sofrimento humano também precisamos de cuidar de nós. É no sofrimento que percebemos o que é importante e essencial e isso aproxima-nos de Deus, sem dúvida...Quando uma pessoa sofre tudo o que é supérfluo perde importância”.

Mas os jovens ainda precisam de Deus?

“Acho que na maioria dos casos nem param para pensar nisso” pois hoje quase não “valorizamos ou percebemos a necessidade que temos de nos alimentarmos espiritualmente”.

“O ter e o ser, que hoje tanto valorizamos, não passa por um encontro com Deus na maioria dos casos, por um contacto com o transcendente e isso, curiosamente, é o que Fátima nos ensina com o exemplo dos Pastorinhos”.

“Tinham muito pouco, e tinham uma vida simples, e isso deu-lhes tempo para se focarem na mensagem de Nossa Senhora e nessa proposta concreta de entrega a Deus. Nós hoje andamos muito ocupados não temos tempo para pensar nem refletir. As coisas surgem, caminhamos e só depois paramos. Fátima pode ensinar-nos a parar”, refere a jovem médica.

E a Igreja, o que deve fazer para lutar contra essa indiferença em relação a Deus?

“Temo-nos focado no que não é importante; a mensagem essencial é o amor e nós evidenciamos os escândalos, alimentamo-nos com polémicas e não conseguimos fazer passar o essencial que é o amor de Deus” afirma Lídia Azevedo.

“A Igreja foi deixando de atrair e de captar os jovens e os jovens foram abandonando a Igreja e, nós ficamos sem os nossos pares que ficaram no caminho e ficamos só nós” adianta ainda com esperança de que a Jornada Mundial da Juventude, que se realizará de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, possa “dar a volta a isto”.

“Se a experiência for suficientemente atrativa e cada um de nós a sentir por dentro, porque ela nos moldou, então poderemos sair da JMJ com vontade de fazer um novo caminho, com mais gente. Nós estamos cá; a nossa voz pode juntar-se à experiência dos mais velhos e juntos construirmos uma nova igreja. A igreja não é uma coisa distante, somos nós todos, que somos as suas pedras vivas” diz ainda sublinhando a necessidade de algumas “mudanças”.

“A linguagem é muito complexa e pouco atrativa e isso condiciona a passagem da mensagem que passa a não ser atrativa”, reconhece.

“Vivemos muito a Igreja de forma ritualista e os rituais deixaram de fazer sentido” diz ainda destacando que, o que os jovens querem, “é compreender a mensagem e depois pô-la em prática no dia-a-dia”.

“Esta é a forma como queremos viver a fé e por vezes a mensagem repetida e vivida em Igreja de forma muito ritualizada não cativa, não nos diz nada”.

“A sociedade evoluiu muito rápido e a Igreja não soube ou não conseguiu acompanhar essa evolução” avança lembrando que mesmo os problemas podem ser ultrapassados.

“Quando nos focamos no essencial conseguimos mudar; quando a Igreja apresenta problemas, lamentamos mas a Igreja é feita de pessoas e as pessoas têm limites. Ser católico é seguir Jesus e não outros”, refere.

“A causa de Jesus rende mas para os que estão dentro; os outros têm de aprender de nós; só com o nosso testemunho podemos mudar o mundo cativando outros para esta adesão e como os jovens estão muito abertos e são respeitosos para com o próximo se nós lhes mostrarmos que de facto seguir Jesus é estar próximo dos outros, respeitando-os, julgo que os jovens serão cativados.

O podcast #fatimanoseculoXXI pode ser ouvido na íntegra em www.fatima.pt/podcast, e nas plataformas Itunes e Spotify.

 

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