12 de junho, 2022

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“Fátima tem a vocação e a graça de ser santuário da humanidade peregrina” diz bispo de Coimbra

D. Virgílio Antunes preside à Peregrinação de junho, que assinala a segunda aparição, e reflete sobre a vocação de Fátima

 

Fátima tem como vocação acolher as alegrias mas também as dores da humanidade, afirmou esta noite D. Virgílio Antunes na homilia da Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária de junho, que assinala a segunda aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, na qual participaram peregrinos de 13 países para além de Portugal.

“A Fátima, chegam todas as alegrias do mundo, em atos de gratidão da multidão dos peregrinos, mas chegam também todos os dramas e sofrimentos do mundo, em atos de súplica dolorosamente sentida”, afirmou o bispo de Coimbra.

“Desde aquele já distante ano de 1917 que Fátima tem a vocação e a graça de ser santuário da humanidade peregrina, do encontro íntimo da alma consigo mesma, do aflorar feliz das ondas de alegria e esperança, que dão sentido à vida, mas também do conhecimento das vagas de ansiedades e medos que perturbam e matam”, disse.

O prelado, que preside pela primeira vez a uma Peregrinação Aniversária desde o Centenário, em 2017, destacou que esta é a verdadeira “vocação” deste lugar desde as aparições, pois na Cova da Iria cruzam-se o humano com o divino.

“Esta vocação de Fátima como lugar para onde convergem todas as alegrias e dores da humanidade, começou logo no tempo das aparições” afirmou salientando que a peregrinação a este Santuário “favorece uma envolvência profundamente humana e religiosa, num quadro de interiorização e manifestação da fé em Deus, que se revela como a luz e a vida”.

O bispo de Coimbra, que foi reitor do Santuário de Fátima e ordenado bispo a 3 de julho de 2011 na Basílica da Santíssima Trindade lembrou que a “noite de vigília em Fátima tem um encanto especial” pois “corresponde aos anseios interiores, que levam à procura do silêncio, da oração, da pacificação do coração”,  apontando para o “essencial”, para lá da “voragem das ações quotidianas, dos pensamentos, das solicitações, dos ritmos da vida, das preocupações”.

“Fátima é lugar em que afloram à mente e ao coração os sentimentos mais íntimos que albergamos em nós, quer os que estão bem resolvidos e são fonte de paz, quer os que estão adiados ou mal resolvidos e provocam as turbulências interiores”, avança ainda destacando que este é o verdadeiro sentido da peregrinação.

“Tomar a decisão de se fazer peregrino, de ser peregrino, é um ato de grande significado humano” já que “supõe sempre o apelo a pôr-se a caminho, a querer ir mais longe, a desejar ser mais, a olhar para a própria condição humana e acreditar que está em construção, inacabada”.

“É sinal de humildade” afirma, pois “reforça a certeza da debilidade, da pobreza e até do pecado, de quem sabe que precisa de sair de si, do seu mundo, pequeno e incompleto”, conclui destacando que mesmo para os que vêm como turistas, indiferentes ao fenómeno religioso, podem “acabar por tropeçar inadvertidamente consigo mesmo e com as questões mais sensíveis que não resolveram ou que decididamente procuraram arrumar na zona mais profunda do esquecimento”.

“Abençoada esta noite de vigília que, na escuta da Palavra, na oração e no silêncio nos leva a encontrarmo-nos com o nosso coração, a sintonizarmos com as alegrias e dores da humanidade, a vislumbrarmos em Jesus Cristo, de uma forma nova, a luz e a vida, que procuramos e que o Pai nos quer dar”, “conduzidos pela Virgem Santa Maria”.

Numa alusão à narrativa da segunda aparição de Nossa Senhora, que mostrou aos pastorinhos o itinerário da conversão, lembrando que não é um caminho fácil, , que requer a oração persistente, o bispo de Coimbra desafiou os peregrinos a confiarem-se a Nossa Senhora e a deixarem-se guiar por ela e pelo seu coração Imaculado que é caminho e refúgio até Deus, como fizeram os Pastorinhos.

“No coração de Maria, a Mãe de Deus e nossa Mãe, estão também representados todos os espinhos dolorosos das nossas vidas” disse.

“De coração inquieto, continuemos confiantes na nossa condição de peregrinos. De coração cercado de espinhos, Maria continuará solidária com as nossas alegrias e dores” concluiu destacando que no “seu Coração Imaculado encontraremos segurança e refúgio; pela sua mão chegaremos à paz de Deus”.

Nesta peregrinação aniversária, a segundo do ano, fizeram-se anunciar nos serviços do Santuário 25 grupos de 13 países.

Esta noite decorrerá a Vigília na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que culminará com uma procissão eucarística no Recinto de Oração.

Durante a Vigília confiou-se ao Imaculado Coração de Maria "todas as vítimas da guerra, em espacil na Ucrânia".

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