08 de junho, 2017
Fátima “sempre foi um lugar onde os que sofriam tinham voz”, disse o vaticanista Octávio CarmoJornalista da Agência Ecclesia dissertou sobre a relação entre Fátima e os sucessivos pontificados desde Paulo VI
O jornalista da Agência Ecclesia, Octávio Carmo, afirmou esta noite em Fátima, que este lugar “sempre foi um espaço onde quem sofria tinha voz” e é esta característica que confere centralidade à mensagem deixada há cem anos por Nossa Senhora aos três pastorinhos. O jornalista, especialista em assuntos do Vaticano, proferiu uma conferência no âmbito da segunda visita temática à Exposição temporária “As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo”, patente ao público no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. Octávio Carmo percorreu os vários pontificados desde Pio XI, que benzeu uma imagem da Senhora de Fátima no Pontifício Colégio Português de Roma, em 1929, até ao atual pontificado de Francisco para sublinhar a ligação de Fátima aos Papas e sobretudo a “centralidade e visibilidade da mensagem de Fátima no coração do mundo católico” conferida pelos diferentes pontificados. O jornalista falou particularmente do significado das visitas papais de Paulo VI (1967); João Paulo II (1982, 1991 e 2000); de Bento XVI (2010) e agora de Francisco (maio de 2017) quer do ponto de vista simbólico quer do ponto de vista do conteúdo teológico associado a este acontecimento que “é central para o mundo cristão”. “Sobretudo com Bento XVI (ainda prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé) a mensagem ganhou uma robustez teológica e uma dimensão decisivas para se construir o futuro de Fátima”, disse o jornalista recordando as “marcas teológicas” do seu legado. “Joseph Ratzinger na interpretação teológica do Segredo sublinhou duas coisas: que o mal não tem a última palavra e que os corações podem ser transformados”, lembrou Octávio Carmo frisando que esta “é a verdadeira missão profética de Fátima que lhe confere atualidade e centralidade”. Sobre Paulo VI, João Paulo II e Francisco, Octávio Carmo destacou a importância desta mensagem nos planos pastorais dos seus pontificados. A questão da paz; da necessidade da igreja fazer um esforço para se colocar em diálogo com o mundo; a importância de se dar voz aos desfavorecidos e de lutar pela inclusão de todos “são temas da mensagem que conduzem estes pontificados até Fátima”, nomeadamente o de Francisco. E, destacou, a importância que Fátima tem para este Papa e para o seu pontificado. “Ao contrário do que muitos têm dito, Francisco fala de Fátima sempre que pode e manifesta sempre um profundo respeito por este lugar e, sobretudo, pela mensagem aqui deixada há cem anos”, disse. “Os 8 minutos que permaneceu em silêncio na capelinha; o facto de ter feito o percurso até à Capelinha a pé ou de ter entrado rapidamente no carro antes do inicio da Procissão das Velas ou, ainda, a afirmação de que não se pode ser bom cristão sem se ser mariano é a prova do respeito que ele tem por este lugar”, precisou. “Tudo na mensagem de Fátima encaixa nos valores do seu pontificado”, concluiu o jornalista para quem o Papa argentino é “um homem próximo de Paulo VI nas opções pastorais”. A conferência deste jornalista `vaticanista´realizou-se esta quarta-feira à noite no âmbito das visitas temáticas à exposição temporária do Santuário, que se realizam na primeira quarta-feira de cada mês. A próxima tem lugar no dia 5 de julho, às 21h15. A exposição temporária “As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo”, pode ser vista diariamente, com entrada livre. Até agora visitaram a exposição quase 102 mil peregrinos.
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