03 de março, 2022
Fátima “estranha-se no sentido de deslumbramento, mas depois entranha-se no coração de um pastor”Cardeal D. António Marto participou no 43º Encontro de Hoteleiros e responsáveis de Casas Religiosas que Acolhem Peregrinos em Fátima, pela última vez enquanto bispo responsável pelo Santuário de Fátima
O Cardeal D. António Marto, Administrador Apostólico da diocese de Leiria-Fátima, esteve presente no 43º Encontro de Hoteleiros e responsáveis de Casas Religiosas que Acolhem Peregrinos em Fátima. Participando neste evento pela última vez enquanto bispo responsável pelo Santuário de Fátima, o prelado salientou alguns aspetos que marcaram o seu “coração de pastor”. “Fui muito relutante em aceitar vir para Fátima, demorou mês e meio até eu dizer o sim, e senti que não podia dizer que não a Nossa Senhora”, recordou o cardeal português, que se revelou “um teólogo céptico" em relação ao acontecimento de Fátima, nos primeiros tempos. Enquanto bispo, “nunca deixei de ser o pensador que ficou encantado com a beleza e a riqueza de Fátima”, sobretudo pelo “silêncio que impressiona”. Fátima “estranha-se no sentido de deslumbramento, mas depois entranha-se no coração de um pastor”, reiterou D. António Marto. Enquanto responsável pelo Santuário de Fátima, recorda que a primeira coisa que fez foi “conversar com responsáveis, sobre a melhor forma de redescobrir a beleza e a riqueza da mensagem de Fátima na sua dimensão mística”, e redimensionar a internacionalização de Fátima que o levou a trazer às Peregrinações Internacionais Aniversárias bispos e cardeais de todo o mundo, confessou. Ao ouvir Bento XVI, aquando da sua presença na Cova da Iria, a perspetivar o Centenário das Apariçõeso cardeal D. António Marto recordou a inspiração que sentiu naquele momento e que "culminou num programa comemorativo de sete anos empolgantes muito belo, em todos os aspetos”, acrescentou, recordando uma dinâmica que "procurou envolver todas as comunidades paroquiais, todas as dioceses e até os outros países do mundo, chegando a 13 de maio de 2017, com a presença de 9,5 milhões de peregrinos". "Foi o momento alto do meu episcopado, inesquecível”, afirmou. “Passados 3 anos, senti-me obrigado a presidir à peregrinação de 13 de maio de 2020, e, o fazer o anúncio dessa peregrinação sem peregrinos, foi um momento muito doloroso... No dia, vi um recinto vazio, mas não deserto. O mundo estava unido a nós e, pela primeira vez, senti que não era eu sozinho, trazia sobre os meus ombros o peso do sofrimento da humanidade”, recordou D. António Marto, emocionado. Sobre a atual fase da vida, o prelado disse que “há momentos na vida para tudo”, e pediu aos hoteleiros presentes que compreendessem a sua decisão e pedido que fez ao Santo Padre, que, contou, "se revelou como um pai", deixando-o em "paz e sossego”. “Saio mais animado, com esta esperança do início da retoma da vida do Santuário e de todos nós”, concluiu. Depois de quase seis meses sem qualquer movimento, entre 2020 e 2021, e de três meses com grandes constrangimentos à mobilidade das pessoas, o que as impediu de se deslocarem à Cova da Iria, o Santuário encerrou 2021 com o registo de 2,4 milhões de peregrinos, mais um milhão que no primeiro ano da pandemia. Além da apresentação dos números, o 43º Encontro de Hoteleiros contou com uma reflexão sobre o tema do ano pastoral- “Levanta-te! És testemunha do que viste”- e uma conferência sobre o centenário do jornal Voz da Fátima. |