21 de julho, 2021
“Fátima ajuda-nos a pôr em evidência o Evangelho e lembra-nos que Jesus deu a vida para abrir as portas da salvação a toda a Humanidade”O núncio apostólico em Portugal é o convidado do podcast #fatimanoseculoXXI, onde reflete sobre a atualidade da mensagem e o seu principal desafio: “a conversão dos corações a partir da configuração ao Coração Imaculado de Maria”
D. Ivo Scapolo regressou a Fátima 30 anos depois de ter servido por um período de 3 anos na Nunciatura, em Lisboa. “Encontrei no Santuário uma estrutura ampla e funcional, que permite a todos os que queiram receber o sacramento da misericórdia, o possam fazer e o Santuário é de facto este espaço privilegiado” refere o núncio apostólico ao salientar que o Santuário “ é um lugar especial onde as pessoas têm a possibilidade não só de rezar à Virgem, mas para a vivência de conversão”, que é a chave para uma mudança de vida, seja pessoal seja a de toda a humanidade. “Fátima ajuda-nos a pôr em evidência o Evangelho. O sacrifício de Jesus na cruz, que se celebra expressivamente no sacramento da Eucaristia, que tem uma presença tão significativa no acontecimento de Fátima, primeiro com o anjo e depois com Nossa Senhora, chama a atenção dos católicos de hoje que é preciso ser fiel a Jesus, isto é, Jesus deu a vida para abrir as portas da salvação dos homens de toda a humanidade”, refere. “A mensagem de Fátima ajuda-nos a abrir essa porta a todos, sem excepção”, mas cada um “tem de fazer a sua parte” acrescenta. “No nosso coração há coisa boas mas também muitas coisas más; a Virgem Maria dirige-se ao coração dos pastorinhos, mostrando o seu próprio coração como refúgio e caminho” recorda D. Ivo Scapolo, mas “nós nem sempre estamos disponíveis, ao contrário deles”. “Somos chamados a sintonizar o nosso coração com o de Maria e o de Jesus” adianta ao salientar que essa mudança deve ser observada por todos, políticos e decisores, mas nós cristãos temos uma tarefa muito importante”. “Nós somos chamados a trabalhar a conversão dos corações, de forma a que se aproximem mais do coração de Nossa Senhora e de Jesus. Como? Através da oração. Por isso, precisamos de rezar muito pelos nossos governantes, por aqueles que decidem para resolver os grandes problemas da humanidade”, salienta. “Considero que a mensagem de Fátima, os conselhos da Virgem, a sua insistência na importância da oração e no bem das almas, o seu convite a colocarmo-nos em sintonia com o seu coração e com o do Seu Filho, dão-nos as linhas certas para enfrentarmos estes tempos mais difíceis, sobretudo diante desta pandemia”, conclui. “Muitas vezes os problemas multiplicam-se porque há muita gente que não segue estas indicações; não quer transformar em vida concreta o que Jesus, e Nossa Senhora, nos desafiam. Ora, nós cristãos, se vivermos de forma concreta o Evangelho, daremos certamente testemunho de que há soluções para enfrentarmos de uma forma mais solidária estes problemas que fazem sofrer a humanidade”, diz ainda. Sobre a importância de Fátima, refere: “Fátima é muito importante para a Igreja no mundo, já que Fátima é sempre uma oportunidade para lembrarmos ao mundo o que a Virgem nos pediu e que, no fundo, é um programa de atuação concreto para a salvação da humanidade. É certo que somos frágeis e somos apenas instrumentos. Mas se aceitarmos o desafio, será mais simples” diz o representante do Papa em Portugal. Foi assim que se assumiu durante a peregrinação é assim que interpreta o seu serviço. “O que o Senhor nos pede é que cada um, no seu carisma e no seu ambiente, possa ser instrumento: a nossa disponibilidade individual para a oração, para a conversão e para a oferta dos nossos sacrificios são passos importantes, como nos recorda a mensagem de Fátima”. “A nossa fé em Jesus ressuscitado leva-nos a querer, com Ele, fazer grandes coisas. A nossa ação é pela oração e pela tomada de iniciativas criativas e corajosas para nos fazermos instrumentos” esclarece, por outro lado lembrando o papel “capilar” da Igreja neste tempo de pandemia, em Portugal e no mundo. “A igreja tem sido determinante na ajuda para resolver vários problemas”, faz notar. “Temos de fazer tudo o que é possível com generosidade e criatividade e depois rezar”, sem “nos demitirmos de entrar na coisa pública”, adiantou ao defender que os cristãos devem estar ao serviço e isso pode passar por uma intervenção direta de cristãos na política. “Estando ou não, na verdade, o que precisamos é de rezar pelos nossos dirigentes, não os abandonarmos”, acrescenta. “Cada um que decide entrar no espaço político deve poder contar com a nossa oração; que todos possam formar-se e possam oferecer o seu serviço para o bem de todos”, tendo sempre presente os critérios das bem aventuranças, remata. Neste podcast que pode ser ouvido em www.fatima.pt/podcast ou nas plataformas Itunes e Spotify, D. Ivo Scapolo fala ainda do pedido de consagração da Rússia, que deu “tantos frutos” e da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa que deve um momento “de vivência espiritual para a juventude portuguesa e do mundo inteiro”. D. Ivo Scapolo nasceu em Pádua, a 24 de julho de 1953, e foi ordenado sacerdote a 4 de junho de 1978; entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1984 e exerceu missão nas representações pontifícias de Angola, Portugal, Estados Unidos da América e na secção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano. Como núncio apostólico, representou a Santa Sé na Bolívia (2002-2008), Ruanda (2008-2011) e Chile (2011-2019). Está em Portugal desde a segunda metade do ano de 2019.
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